Ele
era um homem que vivia no roçado, mãos calejadas da enxada sua companheira diária
de sol a sol, saia pela manhã com sua marmita presa ao embornal semeando aquilo
que seria o alimento das casas de seu povo, mãos marcadas pelas feridas do
cafezal, homem simples e mateiro. Conhecia todas as plantas e arvores nativas
de sua região, homem bom, hospitaleiro e trabalhador que carrega em si a honestidade
aprendida pelo seu velho pai, que recebia um beijo na mão e um sonoro “bença
pai” que era respondido com um “Deus te abençoe”, pelo ancião matuto que um dia
desbravou aquelas terras.
Mas
um dia os pés descalços foram trocados pela dura botina do exercito e sai o
roceiro largando sua dura lida diária trocada a enxada pelo mosquetão e pelos estridentes ruídos dos
canhões. Não conhecia carro e nem avião viaja para uma terra longínqua longe
dos seus troca a moringa ou o coité pelo cantil, troca sua enxada pelo fuzil
logo ele aquele homem sereno e calmo de fala arrastada que nunca matou um
animal que não fosse para comer.
Não
é chamado mais pelo nome ou apelido dos cafezais e roçados agora é chamado por o
pracinha Brasileiro, ou pelo numero de sua surrada e agora suada gôndola seu
blusão grande e mal cortado, mas o suor não é mais da lida do campo arado, pois
agora esta no campo hostil de uma guerra que não era a sua cheia de violências era o lugar
de sua luta pela sobrevivência.
Carregava
em seu embornal um pouco da terra vermelha do lugar onde nasceu e viveu que um
dia espera voltar, onde nas horas de saudades segurava aquela terra e olhava
para apagada foto do seu velho pai, que todos os dias aguarda a sua volta
sentado nos degraus de entrada com o rosto triste e saudoso encostado na
soleira da porta.
Numa
manhã de bombardeio nosso desconhecido herói é atingido e vê seu sangue
misturar com a terra que não era a sua, beija a foto do velho pai segura em sua
mão calejada agora suja de seu sangue que mistura a sua verdadeira terra, a
terra de seu lugar o velho roçado. Neste momento longe dos seus ele dá o seu ultimo
suspiro e morre o pracinha brasileiro soldado 394 do batalhão de infantaria.
Alguns
dias se passam e seu velho pai não recebe o seu filho de volta e sim uma
bandeira que o pracinha Brasileiro dignificou até a morte, a mesma bandeira
queimada, pisoteada e desonrada por muito políticos corruptos e sem caráter de
nossa ignorante atualidade...
Deus
te abençoe!!! Maurílio Souza...
Emocionante... Linda História... Já Conhecia...
ResponderExcluirNossos governantes deveriam dá mais valor a nossa bandeira
e não ao dinheiro...