Ao
nascermos não estamos sós, e contemplamos os rostos felizes em sorrisos abertos
e ali temos a certeza de uma vida plena e banhada de gestos e afagos. Há como é
bom estarmos rodeados da família, de papai e seus guardas chuvas, chapéu de
couro e a sanfona de oito baixas ao som de saudade de matão.
Saudades
dos olhos negros de mamãe; em um rosto serio com a falta dos sorrisos. O avental
vestimenta diária em trabalhos na dureza de uma vida pobre e sem perspectivas
de melhoras, apenas vivendo em um interminável nascer e termino do dia em noites
agitadas e carregadas de insônias.
Ouço
os gritos dos bichos da noite que saem para assombrar as almas dos meninos
medrosos em suas visões e devaneios. Arregalo meus olhos no pavor das
madrugadas e olho para os lados e nunca estou só. Os olhos negros estão postos
em mim contemplando meu sono na quietude do cansaço do meu velho, e neste
momento como nunca sinto-me seguro.
Na
velocidade do tempo os sorrisos vão se apagando e não tenho mais os olhos
negros sobre mim. A velha sanfona de oito baixas cessa seu som e o silencio
toma conta e agora a saudade não é mais do matão, mas de entes queridos que aos
poucos me deixaram só. Hoje a solidão toma conta do meu quarto e não vejo mais
seus rostos apagados por uma mente esquecida na dureza do tempo que escraviza-nos
nas saudades cruéis que sem dó tira a felicidade de não estarmos mas entre eles.
O
som se apaga na escuridão da noite e não ouço mais os gritos dos bichos, pois eles
também me abandonaram, o fogão de lenha foi trocado e a fumaça da chaminé não
mais existe. A velha cozinha de chão batido ficou nas lembranças assim como o
velho e surrado colchão de palha.
Em
uma vida que segue seu rumo deixando apenas os sonhos não sonhados de uma
vida solitária triste em pensamentos sem esperança de ver minha família juntas novamente,
pois se apagaram os sorrisos e os rostos foram esquecidos e manchados pelas
borrachas do tempo e hoje resta apenas a solidão na vida e nas perdas dos
meus queridos que partiram sem se despedirem, restando apenas e somente a SOLIDÃO repetidas vezes solidão!!!
Deus
te abençoe!!! Maurílio Souza...
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