VIDA SERTANEJA DO CAIPIRA SONHADOR:
Eu venho do sertão do pé da serra da colheita
do algodão, das mãos calejadas e pés cascorentos e empoeirados da lida da roça
em seus roçados. Eu venho das colheitas dos cafezais, dos barulhentos vendavais
que empurravam os galhos de café riscando meu rosto cheio de marcas e rugas que
contam minha história com riscos e rabiscos de um rosto com feições de cansaço
da vida do mateiro.
Eu venho dos banhos das cachoeiras, das
braçadas dos rios com águas caudalosas. Venho das caçadas dos jacus, capivaras,
antas e jacarés. Venho dos ninhos dos passarinhos dos coleiros e canarinhos que
com seus trilhados fazendo as trilhas sonoras dos rincões de Minas Gerais...
Venho dos carros de bois, das retiradas de
leite da mimosa vaca amansada nos laços da fazenda Tapera Alta. Venho das
pescas de carás e tucunarés das profundas águas barrentas do açudão. Venho das
cercas de taquaras dos bambus cortados no meio que cercam o casebre de taipas.
Venho dos galinheiros dos galos e galinhas
carijós, dos galos índio valente por natureza dono do terreno. Venho dos
cantares que despertam as matas dos galos galinzes que corriam assustados do
galo índio manda chuva do terreirão com seu chão endurecido de nossos pés
descalços dos colonos.
Venho das músicas caipira de raiz, das
sanfonas e viola caipira que faz os sertanejos chorarem com seus versos e
harmonia do amor não correspondido da cabocla mais faceira e formosa do lugar.
Venho das águas de coité guardadas nas
cabaças de barro de argila. Venho dos fogões de lenhas com suas fumaças
liberadas nas chaminés de manilhas de barro, venho do arroz com feijão, das
farinhadas de mandiocas misturadas ao açúcar que eram nossa sobremesa, doce
gostoso e entalador.
Venho das coberturas de sapés presos nos
cipós nos entrelaçados das esteiras que faziam o forro guardador. Venho dos
piados dos jacarés que soavam nos brejos do estradão, venho dos cantos de
batráquios com rãs, sapos e pererecas.
Venho das falas arrastadas dos pitos de
palhas e cachimbadas na sua fumaça malcheirosa. Venho da lamparina de querosene
que marcavam os olhos e nariz escurecendo os lados dos olhos deixando-os ainda
mais tristes das prosas que contam a VIDA SERTANEJA DO CAIPIRA SONHADOR...
MEU CAFEZAL EM FLOR:
Lembro com saudade do lampião a querosene
clareando com dificuldade o casebre. O velho rádio com seu chiado na sala
colocado estrategicamente na altura do ouvido de meu pai, isto tudo para ouvir
melhor os cânticos da roça no programa baú da saudade... E eu sentado no velho
banco de madeira maciça olhando para o meu velho pai com os olhos lacrimejados
e como dizíamos na época com os olhos orvalhados.
Minha mãe descendente indígena por sua
natureza, sentada me olhando com aqueles olhos negros. Neste momento o caçula
da família começa a ouvir as histórias das colheitas no cafezal, minha mãe
contava das feridas deixadas pelos nós e espinhos dos galhos em suas mãos
calejadas pela dura vida no campo.
Fios de lágrimas escorrem pelo seu rosto
marcado pelas rugas do tempo e dos longos dias trabalhando de sol a sol,
marcando no seu rosto uma história de lutas e sofrimentos em meio aos colonos
do arraial de do arraial de Botafogo. Um arraial que segundo a história era um
quilombo onde os escravos se refugiavam em busca de sua liberdade. Lágrimas que
se perdem no chão de terra batida de nossa pequena sala.
Minha mãe contava suas histórias em um misto
de dor e lembranças de tempos perdidos nos anos de sua precoce vida uma
infância perdida na dureza do roçado. A colheita de café em meio as grandes
caminhadas nas orvalhadas das madrugadas com seus pés descalços.
Passam os anos, mas ainda me lembro dos
momentos ao seu lado daquela que me deu a vida e que muitas vezes caminhou
entre o cafezal em flor... Neste momento toca no velho rádio com seu chiado
peculiar a música de Cascatinha e Inhana; MEU CAFEZAL EM FLOR.
As lágrimas contidas agora tornam-se em um
pranto silencioso das saudades, das lutas e dos sofrimentos de quem teve sua
vida marcada pelos cafezais. Enquanto eu viver, jamais esquecerei as feições de
seu rosto e o doce som de sua voz dizendo agora é tarde vai dormir que amanhã
tem que sair cedo para a escola...
Levantava-se de manhã naquilo que seria para
mim uma grande caminhada até a velha escola. Saia sem uniforme e sem merenda, um
lápis e um caderno orelhado no velho embornal feito de saco alvejado. Descalço
com a velha calça de suspensórios, camisa branca encardida pelo uso contínuo.
Na volta da escola lembro que no velho portão
de madeira a figura de minha mãe e seu avental me esperando para o almoço
daquele dia. Estas são minhas lembranças minha mãe colhedora de café, com
saudade da roça e do CAFEZAL EM FLOR...
LEMBRANÇAS DO MATUTINHO FELIZ:
(CRÔNICA SAUDOSA DOS CARROS DE BOI)
Quem viu, viu quem viu de forma nenhuma vai
ver uai o carro de boi chiador. Com suas formas rústicas da roça seguindo pelo
estradão. O boi atrelado nos esteios maciços de madeira hostil. O carro de boi
lá vai, com seus bois de carreira, também chamado boi de cabeçalho puxando com
sua força o carro pesado com suas rodas gemendo pela estrada poeirenta do
roçado.
Ladeira que vem ladeira que vai carreiro
gritando gerando uma harmonia de som e gritos e gemidos do rodão de Cabreúva
que é a parte do centro também chamada meião e lateralmente se limita com as
duas cambotas, originando o apelido das pernas arqueadas dos colonos abestados.
O meião, perto das cambotas, tem sempre dois buracos, o bocão, ou oca, que é
para o som criar força e ecoar.
Com seus cânticos singelos e saudosos com o
carreiro empunhando o varão que com seus estalos apressa o boi velho cansado
que disputa suas forças com o novilho novo e metido em suas pernas da juventude
animal. O boi novo vai o boi velho segura o trote arrastado e nesta disputa de
idades mantém a sequência do carreirão. O chumaço que era feito de canelão
mantém a harmonia das cantigas da roça sem distinção.
Sem muitas rimas do contado levo no meu
coração as lembranças da minha mente do matuto cansado que não viu o tempo
passar nas mudanças dos anos que apagam nas sutilezas das matrizes. Os carros
que cantam sem cargas apenas uma melodia ouvida e de boas lembranças pedem o
óleo de copaíba que servem também para curar com seu teor medicinal
cicatrizante por sua ação. O balsamo de copaíba que cessa o grito do carrão e
apaga o grito de dor das feridas das cangas e mazelas do matutão.
Sou mineiro de nascença e roceiro de coração
homem simples da cidade arrancado de sua sina mateira, lembrando-se do que não
viveu apenas favas contadas perto das fogueiras da fazenda do Taperão. Olhos
lacrimejados da saudade do pai sanfoneiro por sua cultura no doce som dos
acordeons que ouvia, quem ouviu, ouviu, mas quem não ouviu não houve mais os
acordes do meu velho progenitor e protetor.
Para terminar esta crônica faceira que dá
saudade no capiau, existe no carro de boi a vara de ferrão, de carrapateiro, na
frente leva ponteiro de ferro na ponta do ferrão que, antes de ponta dava
origem ao espeto das abelhas, com seu furo com duas argolas de ferro, que
chacoalham e, assim, o boi já sabe que lá vem cutucão e desamua no efeito do
amuar, ou arranca mais o seu trote marrento. Carreiro bom não espeta boi de
tirar sangue. Só ponteia, nas lágrimas perdidas no poeirão despede o mineiro
caladão com saudade do matão.
COM MEUS PÉS DESCALÇOS: HISTÓRIA DE MINHA
VIDA!!!
Nasci em colchão de palha em uma casa de pau
a pique de chão batido com fogão de lenha ligado a uma chaminé de manilhas que
sobressaia no telhado de sapé. Tomava água de coité guardadas na moringa de
barro de argila, águas tiradas do poço com tampas de madeira apodrecidas pela
umidade em balde e carretilha, ali no poço era o habitat de uma trairá que
fazia a limpeza da cisterna rota.
Nasci na fazenda “Tapera Alta”, próximo à
chacrinha que tinha a porteira vermelha onde mais na frente à ponte também
chamada vermelha. Sou filho de uma colhedora de café com as mãos calejadas com
um tropeiro que candeava bois pelos montes de Gerais que descansava em paradas
nas estalagens, comendo feijão tropeiro com farinha nas estradas de chão e
barro do estado de Minas Gerais.
Aos domingos almoço na Grama na reunião
familiar com todos da família presente em momentos do passado que hoje estão
presentes na memória deste pobre matuto que com saudades dos que se perderam ou
se foram sem se despedir deixando um vazio no coração preenchido pelas
lembranças de rostos que não vejo mais.
Passeio na arvore da “Baba” próximo a cidade
Coronel Pacheco em um lugar chamado prainha, nomes escritos no tronco apagados
pelo tempo, brincadeiras singelas com gritos de alegria em um sorriso de
felicidade no aconchego dos meus daqueles que foram e hoje não são mais, apenas
lembranças deixadas dos “domingos à tarde”.
Churrasco no “Parente” em uma mesa cheia
ainda era criança em uma reunião inesquecível que sem dar conta não
valorizávamos estes momentos familiares em plena harmonia. Passeios no centro
da cidade em ruas de pedras misturadas aos trilhos dos bondes em uma Cimca
chambord sem cinto de segurança onde seus cinco lugares comportavam doze que
como coração de mamãe abrigava todos misturados em assentos e colos.
Com pés descalços correndo pela rua do meio
soltando papagaio e jogando pião que como minha vida rodava para a distância do
lugar onde nasci e vivi minha infância em meio à pobreza e fome na maior
riqueza de sentimentos puro e verdadeiro no amor dos meus pais.
Nos pastos buscando lenhas colhendo pimentas
silvestres, caçando ninhos de passarinhos. “Com meus pés descalços” correndo
pelo tempo na estrada de minha vida, sentindo o carinho da terra onde nasci e
morei onde quero ser enterrado junto dos meus.
A ÚLTIMA LÁGRIMA:
Agora neste momento no silencio da cálida
noite fecho meus olhos, e sou guiado pelas minhas lembranças fugazes de tempos
distantes e remotos; Háaa, aquela casa de pau a pique, chão batido de chaminé
liberando a fumaça do fogão de lenha. Casa simples de colchão de palha e gente
humilde que anda com seus pés descalços, povo de fala arrastada, povo mateiro
que busca lenha no mato e vive de maneira simples e faceira.
Recém-chegados da roça da vida no meio do
mato sofrendo os ardis da dura batalha do campo e dos boqueirões com suas mãos
calejadas pelas enxadas, agora vivem assustados na cidade grande uma selva de
pedra de gente esquisita e diferente sem cumprimentos e salvas que passam sem
olhar, com olhares soberbos e distantes...
Vivem nos tratamentos dos animais, cavalos,
cabritos, patos e marrecos ouvindo os cantos dos pássaros presos nas gaiolas e
viveiros.
Pela manhã as galinhadas se achegam na porta
cozinha aquela mulher de figura pequena com seu avental preso em suas mãos
cheio de milhos caminha lentamente com seu chinelo de dedo para espalhar as
sementes da alimentação das bicharadas.
Casa pequena de janelas entreaberta cortinas
nas portas dividindo os cômodos do pequeno lar de meu nascimento...
A luz fraca do lampião de querosene aceso no
chegar da escuridão da noite, nas fogueiras do quintal com suas chamas vermelha
em suas multicores clareando o breu de mais um final do dia.
Agora sob a luz do lampião a família se reúne
assentados nos bancos de madeira rustica com seus assentos endurecidos, olhares
atentos no ouvir das histórias da roça o pequeno menino de banho tomado na
bacia com suas roupas remendadas a mão se deita no doce colo de sua mãe
Nivalda, recebendo carinho e afagos em seus cabelos dos seus irmãos.
Hoje somos seis, mas éramos doze. O pequeno
caçula dos doze fecha seus olhos e adormece ouvindo o doce som sonoro do rádio
única diversão da família Souza...
Agora abro meus olhos marejados ainda
deixando cair a última lágrima da saudade de minha família perdida pelo tempo e
pelo passar das jornadas da vida deste homem no chegar dos seus setenta anos,
com seu rosto marcado com suas cãs (cabelos brancos) que servem de cobertura da
cabeça agora sem o seu chapéu de palha...
VIDA NA CIDADE CORAÇÃO NO MATO DE UM MATUTO
SONHADOR:
Eu sou um caipira, um matuto nascido na
cidade, sou um caboclo quieto que tem no coração as maravilhas do sertão. Eu
jamais vou negar minha raiz, pois sou filho de uma colhedora de café nascida em
botafogo arraial distante próximo a tabuleiro lugar de colonos e escravos
fugidos.
Minha mãe tinha as mãos calejadas de olhos
negros tristes na verdade muito triste mulher de cara amarrada seria e sisuda
por natureza, trabalhadora que lavava roupa na tina com sabão esfregado
naquelas mãos pequenas e firmes, estendendo a roupa no varal que dizia que era
para guarár.
Meu pai um homem trabalhador que candeava
bois pelos caminhos duros de minas gerais, homem bom quieto de pouca fala que
gostava da sua velha e surrada sanfona que tocava as músicas sertanejas de raiz
sempre com os olhos marejados pela saudade do matão e dos tempos no estradão.
Meu pai tinha um chapéu e sua botina como companheiros que o acompanhava por onde
ele ia.
Tenho a pele morena talvez seja isso a
natureza do meu nome queimada de sol e a essência entranhada de um matuto
deslocado, com a cútis marcada pela vida escrevendo no rosto enrugado minha história,
tenho a cor da natureza pintada por Deus nosso criador.
Não sou de gravata e nem de bravata apenas um
simples, arrancado de seu habitat natural e colocado na frieza da cidade de
gente soberba e nariz empinado que desprezavam o homem do mato de pés descalço
e fala arrastada por sua beleza com som de taquara rachada em tom de batráquios
do brejo.
Minha família vem das lutas matutinas dos
voos de pardais, dos cantos dos canários nos trigais e milharais, dos coleiros
papando seu capim cantando enrolado no tuitui, é isto que me faz feliz lembrar
daquilo que não vivi apenas ouvindo histórias de tempos remotos e distantes da
roça do meu país.
Não morávamos em uma casa e sim num rancho de
taipa com seus buracos que eram moradas das garrinchas bicho esquisito de
poucos pios em seus giros rodopiando como os piões soltos pelas cordas, se me perguntarem
o que me fazia feliz diria que era o cheiro do mato.
O despertar do canto do galo despertador
natural sem corda e nem bateria basta colocar o milho e o bicho canta feliz,
tenho saudade das aguas de cachoeira frias e perigosas seguindo caudalosas e
perigosas escondendo em suas corredeiras locas sinistras.
La no mato tudo a noite é silencioso apenas o
bater das arvores movidos pelos ventos de outono anunciando tempo de chuvas e
temporais, neste momento surgem as estrelas no céu sendo mostrada pelo breu que
se estende como um véu, os vagalumes começam a piscar coisa não avistada mais
na luz forte da selva de pedra.
Vejo o lumiar da lua dos românticos
inebriados pelo seu brilho feliz, sou um caboclo rude tirado do mato e hoje
guiado pelas luzes do criador que aponta nas lâmpadas de meus pés que caminho
devo seguir caminho para o grande rincão no paraíso eterno guardado para o
matuto sonhador cheio de saudade do grotão e roçado do interior.
VIDA DO SERTANEJO GUASCA:
Um homem do campo acostumado com o arado, bom
no carteado, que gosta da roça que por Deus foi presenteado, um matuto de rosto
amarrado demonstrando estar meio chateado. Um homem de conversa arrastada de
fala abreviada de andar com perna alongada, homem do campo que vive na sutileza
no meio da mata que exibe sua beleza.
Um simples e humilde que não se define apenas
estica um proseado na venda do Seu Joaquim no meio dos sacos de arroz e de
feijão segue sua vida em meio ao bordão, se é pra viver do roçado tem que ter o
rosto bronzeado que nem os homens do praiado. O matuto sonhador que não esconde
sua dor na perda do seu amor que fugiu com o doutor.
Vive na solidão do amargo coração na palhoça
de sapé, no colchão de palha de milho desfiado misturado ao capim com barba de
bode e crina de animal, onde dorme o matuto abandonado cheio de esperança e fé.
Casa simples de picumã de esteira de bambu e barro misturado com esterco para
dar a ligação com roseira que serve de enfeite no portão onde está a carroça
amarrada com seu cavalo alazão.
De manhã no trilhar dos pássaros no barulho
da bicharada sai o capiau babaquara para o dia no roçado nas lidas da terra
vermelha que um dia guardara em seu seio o sertanejo guasca de olhos tristes e
vida infeliz, na desembocadura do boqueirão em frente à bocarra do covão na
terra de Deus seu criador. “Deus abençoe o caipira do campo” ...
A VELHA SANFONA DE OITO BAIXAS:
História da minha vida...
Está vendo aquele homem? Com um olhar triste
fixado no horizonte com os lombos encurvados pelo cansaço da vida e lida, andar
lento com passos arrastados de quem já sofreu e trabalhou incessantemente pelo
pão de cada dia.
Uma voz de taquara rachada, embaçada e rouca
que tanto me ensinou o caminho certo a seguir, tantas histórias contadas aos
longos dos anos onde eu deitava em seu colo com um olhar feliz e deslumbrado
com suas estórias de reis e príncipes...
Agora ele pega a velha sanfona e toca
divinamente naquele pequeno e surrado instrumento a velha sanfona de oito
baixas que expressa às tristezas e amarguras do velho Jeca.
Sua música preferida chamava-se saudade do
matão e o som com harmonia e graça enchia todo o nosso quarto, meu olhar de
orgulho e admiração mirava naquele face cheio de rugas que escrevia em seu
rosto uma vida de lutas e sofrimentos, agora o velho sanfoneiro com seus olhos
rasos d’água tocava nas teclas pequenas do instrumento para contar suas magoas
e saudades...
Aquele homem valoroso de mãos calejadas pelo
duro trabalho da lida pegava nas horas de folga os velhos guarda-chuvas dos
vizinhos para consertar e reformar costurando seus panos (tecidos) com aquela
calma que lhe era peculiar, trocava as varetas, reformava os cabos, trocava os
gatilhos e as ponteiras (quando estouravam).
De repente não mais que de repente ajeitava o
seu velho chapéu de couro dos tempos que candeava boi pelas estradas
empoeiradas da roça, meu pai saia para o velho carteado com os amigos...
Sentado ao entardecer ao lado do portão de
madeiras a sombra da grande trepadeira com seu sombreado, rosto ansioso os
olhos de criança voltados para a entrada da rua chamada do meio da fazenda
Tapera Alta. De repente ao entardecer surgia aquele homem cansado de mais um
dia de labuta carregando seus baldes cheirando a leite.
Neste momento aquela criança corria com suas
pernas pequenas ao encontro daqueles braços entre sorrisos e abraços de alegria
estendia a pequenina mão e na mesma hora recebia uma pequena moeda trocada por
doces e balas. O velho homem estava de volta ao lar...
À noite aquele velho homem ligava seu rádio
antigo que logo soava os seus sons de violas e cânticos sertanejos embalando a
harmonia da família o velho lampião de querosene era aceso com seu peculiar
isqueiro de pedra e o lampião soltava sua fumaça preta enchendo o cômodo de
chão batido com aquele cheiro de óleo.
O silencio enchia a casa começava a
radionovela que todos amavam e ao som das ondas sonoras do velho radio contava
a estória do Jerônimo o herói do sertão que contava as lutas contra o crime do
valente sertanejo e seu amigo o fiel Saci.
Quando terminava o dia a luz do velho lampião
era soprada e a escuridão tomava conta do velho casebre de pau a pique... Está
vendo aquele velho homem sanfoneiro com sua velha sanfona de oito baixas na
mão? Este homem é meu pai...
Letra da música Saudades De Matão: Tonico e
Tinoco...
Neste mundo eu choro a dor, por uma paixão
sem fim. Ninguém conhece a razão. Porque eu choro num mundo assim. Quando lá no
céu surgir. Uma peregrina flor. Pois todos devem saber. Que a sorte me tirou
foi uma grande dor...
Lá no céu, junto a Deus. Em silêncio a minha
alma descansa. E na terra, todos cantam. Eu lamento minha desventura desta
pobre dor. Ninguém me diz. Que sofreu tanto assim. Esta dor que me consome. Não
posso viver...
Quero morrer. Vou partir pra bem longe daqui.
Já que a sorte não quis. Me fazer feliz. Quando lá no céu surgir. Uma peregrina
flor. Pois todos devem saber. Que a sorte me tirou foi uma grande dor... Quando
meu pai tocava e cantava esta música lembrava-se da perda de minha vó
falecida...
TERCEIRA IDADE:
Estou chegando ao cúmice do ápice de minha
idade a chamada terceira idade, onde o tempo passou sem pedir licença seguindo
o curso frenético da vida, engraçado foi em um abrir e fechar de olhos onde vi
rapidamente o tempo passar e se multiplicar...
A serenidade toma conta dos meus pensamentos
e agora chego ao cume mais alto do arvoredo da minha vida tocada pelos ramos do
tempo em que não podemos mais descer do cimo onde estou. A idade dos nobres em
uma fuga de dores e às vezes cansaço estou correndo sem olhar pelo retrovisor
do meu passado que ficou para trás caminho para o alvo...
No cimo no alto da montanha tudo é paz e na
plenitude dos anos encontro a serenidade da bendita e agora rebendita vida
lugar sem nuvens ou tempestade do furor da vil mocidade aqui tudo é calmo. Por
favor, não retoquem minhas rugas, pois levei muito tempo para ganhá-las, não
pinte meus cabelos embranquecidos, pois meus cãs deixa-me com um toque de
sabedoria...
Os benditos cãs que como uma neve fria e
fugas tocou minha cabeça moldando-a com uma sabedoria do tempo trazendo
entendimento nos anos de conhecimento das experiências boas e ruins da longa
jornada para chegar a um lugar comum de descanso e tranquilidade. Pois agora
com a lira rouca em um soneto de batráquios no som das taquaras sendo rachadas
e divididas ouço minha voz embaçada pelo tempo...
Contei o tempo que multiplicando os dias
formaram os anos de minha sobrevivência em momentos inconstantes do meu viver.
A velhice é como um tronco ressequido onde um dia abrigou flores, folhas e
frutos onde logo se renovaram em um lugar onde o tempo e idades cessam e não
será mais nosso inimigo...
Terceira idade, três vezes mais feliz, três
vezes mais sábio, três vezes mais sereno, três vezes mais tolerante, três vezes
mais quieto e três vezes mais próximo ao meu chamado e ao meu grito de adeus,
não me impeça a um alguém que me espera, uma eternidade com Deus...
UM DIA DE CHUVA:
Um belo dia de chuva com suas águas caindo
molhando as flores renovando a força da natureza que agora se alegra com os
pingos de vida que caem do céu. Águas límpidas e puras que caem de Deus que não
voltarão a tornar-se nuvens sem antes cumprir sua missão, mais uma vez a
natureza rejuvenesce suas cores com seu verde cheio de esperança e amor...
Neste momento abro minha janela lembrei-me
das minhas primeiras chuvas com seu cheiro petricor (nome do cheiro das águas
molhando a terra), em um tom de saudade, pois um dia contemplava as águas
caindo e perguntei por que elas caem? Neste momento numa lembrança de tua voz
de batráquio lembrei-me de sua resposta. Embora muitos não gostassem da chuva
elas são fundamentais para a terra, ajudam no desenvolvimento de diversas
formas de vida...
Aprendi que a chuva é um fenômeno da natureza
agindo da seguinte forma; a água aquecida pelo sol se torna em vapor que se
misturam com o ar e sobem, tornando-se nuvens carregadas de vapor, ao atingir
altitudes elevadas ou encontrar massas de ar frias, o vapor de água condensa,
transformando-se novamente em água; como é pesada e não consegue sustentar-se
no ar, a água acaba caindo em forma de chuva...
Portanto o grande milagre da natureza aponta
para um criador que renova a terra com suas águas em um sistema natural
comandado por suas ordens. Um Deus que
também renova nossas vidas com uma chuva de bênçãos operando um milagre de
renascimento cumprindo suas promessas de renovos para nossas vidas com suas
águas transformadora e carregada de esperança e amor celestial...
OSVALDINHO O MENINO CANDEEIRO DO ROÇADO:
(CRÔNICA HISTÓRIA DE MINHA VIDA)
O sol surge no horizonte com seu brilho ainda
tímido naquela invernada, o pequeno Osvaldinho acorda sonolento assopra o fogo
do velho lampião cuja fumaça preta de querosene deixava marcas pretas em seu
rosto juvenil de menino prosa e faceiro com seus doze anos, agora ele levanta
para suas tarefas e a difícil labuta da família Souza, gente simples e humilde
que vivia naquele rincão do pequeno arraial de Boa Vista...
O pequeno retireiro inicia seu duro serviço
ajunta as vaquinhas amarra as pernas para não levar um coice da vaca malhada
cujas tetas cheias são preparadas para a primeira ordenha do dia, naquela fria
manhã com seus ventos cortantes o menino Osvaldinho grita; sossega malhada,
pois preciso tirar seu leite...
As seis grandes leiteiras com seus vinte
litros são colocadas por aquele menino Osvaldinho, catraio magrinho de braços
fortes suspende os vasos de leite sobre as soleiras de madeira do carro de boi
atrelado com o Mimoso do lado direito e o outro boi de chifre comprido com nome
de vaca o Estrela do lado direito.
Naquela manhã do roçado sai o carro de boi
cujas rodas grandes e pesadas com suas vassouras o pequeno arbusto que servia
de um lubrificante cuja seiva no atrito liberava um óleo natural exprimido
entre os eixos...
Na cálida e silenciosa manhã o barulho da
carroça acorda os colonos e caipiras com seu barulho e rangido como se fosse um
grito do pequeno menino caminhando entre os roçados. O candeeiro pequeno e
frágil grita vamos Mimoso, sossega Estrela, os pássaros começam sua alvorada
com seus cantos trilhados começando o dia dos bandos em suas revoadas...
O caipira caminha pelas estradas empoeiradas
de terra vermelha do sertão. Com seus pés descalços e cascorentos José Osvaldo
de Souza nome dado pelo seu velho pai. O menino agora atinge seu alvo chega ao
seu destino o armazém do Seu Maurílio; que nome demais de bonito e diferente
soo, pensa o pequeno bacuri...
A vida em sua roda continua sem barulho
diferente daquele carro de boi do pequeno Osvaldinho leva o menino quarenta
anos depois para uma casa de pau a bique e chão batido de um remoto lugar
chamado Fazenda Tapera Alta. Osvaldo homem feito diferente daquele pequeno
caipira candeeiro das juntas de bois Mimoso e Estrela.
Escuta o choro do seu décimo segundo filho um
choro alto e trilhante que quebra o silencio daquela noite quase natalina o
senhor Osvaldo pega a pequena criança em seus braços e agora viaja em suas
lembranças do velho armazém e grita com satisfação seu nome será chamado
Maurílio que nome mais bonito soo...
Fala em um grito miúdo a velha parteira que
sem estudo nenhum colocou no mundo muitas crianças. E ali naqueles braços
paternos o menino deixa de chorar agora seguro naqueles braços de amor é
colocado em seu berço improvisado de colchão de pano de saco alvejado e palha
lugar de muitos grandes sonhos...
O guri cujo nome foi registrado uma semana
depois se chamava Maurílio Oswaldo de Souza; que nome mais bonito soo. Viveu
sem ser famoso, mas com um coração orgulhoso do seu velho pai o menino
candeeiro do roçado Osvaldinho...
NO DIA E ANO QUE NASCI:
(CRÔNICA RETROSPECTA MAURÍLIO SOUZA)
Perguntaram-me quantos anos que estava
fazendo? Respondi; Nasci no século passado e no ano que eu nasci, nasceram
pessoas importantes e atores e um que sou fã Bruce willis, mas morreram também
pessoas importantes como; Albert Einstein (Ulm, 14 de março de 1879 —
Princeton, 18 de abril do ano que nasci) foi um físico teórico alemão.
Entre suas principais obras desenvolveu a
teoria da relatividade geral, ao lado da mecânica quântica um dos dois pilares
da física moderna.
Outro fato importante que aconteceu no ano de
meu nascimento foi a morte de; Maria do Carmo Miranda da Cunha 5 de agosto do
ano em que eu nasci, mais conhecida como Carmen Miranda, foi uma cantora e
atriz luso-brasileira.
Sua carreira artística transcorreu no Brasil
e Estados Unidos entre as décadas de 1930 e 1950... Por fim e enfim no ano em
que nasci: As eleições presidenciais evidenciaram os atritos e conchavos entre
os partidos políticos, culminando na vitória eleitoral de Juscelino Kubistchek.
Um mito que existe no Brasil é o de que não
há terremotos no País. Mas no ano em que nasci houve os dois maiores terremoto
que existiram no Brasil, estes dois terremotos no território nacional passaram
de 6 graus na escala Richter: em Porto dos Gaúchos (MT), com 6,2 graus, e em
Vitória (ES), com 6,1, ambos aconteceram no ano em que nasci. Em julho do ano
em que nasci tinha início a que talvez seja a mais espetacular onda de frio já
registrado oficialmente no Brasil...
Mas no dia em que eu nasci não aconteceu nada
de especial, o sol não escureceu veio normal como sempre vem, não surgiu uma
estrela diferente no céu, na verdade quando nasci não houve nada novo senão eu
em um colchão de palha em uma casa de pau a pique de chão batido e fogão de
lenha onde abrigava o pobre menino.
Neste dia as nuvens não se fecharam
anunciando um temporal, a natureza não deu o anúncio, no dia em que nasci a
única coisa que vi foi os olhares de ternura e felicidade de minha mãe Nivalda
e meu pai Osvaldo e os gritos de alegria dos meus irmãos...
Finalizando; parafraseando de maneira
contraditória o poeta Luiz Vaz de Camões, o dia em que eu nasci havia gente
corajosa que não se espantaram que neste dia se deitou no mundo uma das vidas
mais abençoada por Deus na terra...
CORAÇÃO NO MATO DE UM MATUTO SONHADOR:
Eu sou um caipira, um matuto nascido na
cidade, sou um caboclo quieto que tem no coração as maravilhas do sertão. Eu
jamais vou negar minha raiz, pois sou filho de uma colhedora de café nascida em
botafogo arraial distante, mas próximo a tabuleiro lugar de colonos e escravos
fugidos.
Minha mãe tinha as mãos calejadas de olhos negros
tristes na verdade muito triste mulher de cara amarrada seria e sisuda por
natureza, trabalhadora que lavava roupa na tina com sabão esfregando naquelas
mãos pequenas e firmes, estendendo a roupa no varal que dizia que era para
guará.
Meu pai um homem trabalhador que candeava
bois pelos caminhos duros de minas gerais, homem bom quieto de pouca fala que
gostava da sua velha e surrada sanfona que tocava as músicas sertanejas de raiz
sempre com os olhos marejados pela saudade do matão e dos tempos no estradão.
Meu pai tinha um chapéu e sua botina como companheiros que o acompanhava por onde
ele ia...
Tenho a pele morena talvez seja isso a
natureza do meu nome queimada de sol e a essência entranhada de um matuto
deslocado, com a cútis marcada pela vida escrevendo no rosto enrugado minha história,
tenho a cor da natureza pintada por Deus nosso criador.
Não sou de gravata e nem de bravata apenas um
simples, arrancado de seu habitat natural e colocado na frieza da cidade de
gente soberba e nariz empinado que desprezam o homem do mato de pés descalço e
fala arrastada por sua beleza com som de taquara rachada em tom de batráquios
do brejo...
Minha família vem das lutas matutinas dos
voos de pardais, dos cantos dos canários nos trigais e milharais, dos coleiros
papando seu capim cantando enrolado no tui tui, é isto que me faz feliz lembrar
daquilo que não vivi apenas ouvindo histórias de tempos remotos e distantes da
roça do meu país.
Não morávamos em uma casa e sim num rancho de
taipa com seus buracos que eram moradas das garrinchas bicho esquisito de
poucos pios em seus giros rodopiando como os piões soltos pelos cordéis. Se me
perguntarem o que me fazia feliz diria que era o cheiro do mato.
O despertar do canto do galo despertador
natural sem corda e nem bateria basta colocar o milho e o bicho canta feliz. Tenho
saudade das águas de cachoeira frias e perigosas seguindo caudalosas e perigos
escondidos em suas corredeiras e locas sinistras...
La no mato tudo a noite é silencioso apenas o
bater das arvores movidas pelos ventos de outono anunciando tempo de chuvas e
temporais, neste momento surgem às estrelas no céu sendo mostrada pelo breu que
se estende como um véu, os vagalumes começam a piscar coisa não avistada nas
luzes fortes da selva de pedra da cidade.
Vejo o lumiar da lua dos românticos
inebriados pelo seu brilho feliz, sou um caboclo rude tirado do mato e hoje
guiado pelas luzes do criador que aponta nas lâmpadas de meus pés que caminho
devo seguir. Caminho para o grande rincão no paraíso eterno guardado para o
matuto sonhador cheio de saudade do grotão e roçado do interior...
AMANHÃ EU FICO TRISTE: AMANHÃ!!!
Amanhã eu fico triste. Amanhã!!! Porém hoje
não. Hoje eu fico alegre. E todos os dias, por mais amargos que sejam eu digo:
Amanhã fico triste, hoje não. Mesmo que a escuridão e o sofrimento assolem
minha vida, amanhã eu fico triste, porém hoje não. Mesmo que os momentos de dor
e tempestade batam a minha porta, amanhã fico triste, porém hoje não...
As lutas, as tristezas da guerra do
cotidiano, o pavor do inesperado mediante o caos assolador e presente, amanhã
fico triste. Amanhã!!! Hoje não. O perigo da câmara de gás da camada de ozônio,
o açoite por nada apenas por um olhar reprovador, amanhã fico triste. Amanhã!!!
Hoje não...
O medo surge no meu coração, minha mente
confusa planeja a minha morte a incerteza bate forte no ar que respiramos o
assombro dos olhos arregalados apavorados ao meu redor. Amanhã!!! Fico triste.
Amanhã!!! Hoje não. Hoje eu fico alegre. E todos os dias, por amargos que sejam
eu digo: Amanhã eu fico triste, porém hoje não...
A frieza dos arames farpados, o desespero no
dia que se levanta. A escura e solitária noite do verão quente do deserto. A
maldade vitimando o indefeso diante da crueldade do seu algoz que assisto como
em um filme real...
Amanhã eu vou ficar triste, pois hoje eu vou
ter esperança e acreditar que um dia serei liberto e alcançarei a minha
salvação, porém hoje vou estar alegre e crer na existência de um Deus que vai
quebrar as algemas das minhas prisões.
Amanhã eu fico triste. Amanhã!!! Porém Hoje
não. Hoje eu fico alegre. E todos os dias, por mais amargos que sejam eu digo:
Amanhã fico triste, hoje não. Crônica inspirada no poema de um dos dormitórios
de crianças do campo de extermínio nazista de Auschwitz...
NA VIDA APRENDI:
Na vida aprendi que o verdadeiro amor é
eterno subsiste para sempre, que o verdadeiro amigo nunca será meu inimigo. Na
vida aprendi que o amor tem uma força de transformação. Na vida aprendi que
ouvir é melhor que falar, aprendi que o convívio traz o conhecimento.
Na vida aprendi que quem conhece o homem é o
espírito que habita no homem, aprendi que os poucos amigos fiéis te fazem mais
forte. Aprendi que o nunca mais não deve ser falado.
Na minha vida aprendi que sem Deus nada eu
posso fazer, aprendi que minha família estará sempre ao meu lado quando
precisar. Na vida aprendi que o sinônimo do amor é ser feliz, se te faz triste
não é amor, aprendi que o amor tudo sofre, tudo suporta, tudo crê.
Na vida aprendi que o melhor lugar de minha
alma é o colo de Deus, aprendi que o melhor lugar do mundo é estar nos pés de
meu Deus. Na vida aprendi que devo fazer para os outros, o que quero que façam
comigo.
Na vida aprendi que minhas atitudes na
relação interpessoal são bumerangues de Deus. Na vida aprendi que vou cair e
levantar varia vezes, mas quero me encontrar com meu Deus de pé. Na vida
aprendi que a lei didática e a lei da repetição.
Na vida aprendi que a melhor maneira de
aprender é a prática. Na vida aprendi que os fins não justificam os meios se
eles forem errados. Por fim e enfim aprendi que em Deus através de Jesus Cristo
tenho a vida eterna. Na vida aprendi que minha fé em Jesus Cristo me leva a
salvação da minha alma...
A FELICIDADE ESTÁ NA SIMPLICIDADE:
Eu queria ter na vida simplesmente; um
quintal de mato verde pra plantar e pra colher, ter uma casinha branca de
varanda, um quintal e uma janela só pra ver o sol nascer. Nosso maior desafio
na vida é buscar as coisas simples, isso não quer dizer que não devemos ocultar
nossa sabedoria ou conhecimento, nem se achar inferior aos outros.
Mas devemos buscar as coisas grandes de Deus
que certamente estão nas coisas simples, que cumprem seus propósitos na vida.
Quantos homens bons que perderam a direção buscando a sofisticação que aliada à
soberba eleva a patamares tão alto que depois não se sabe mais como descer ou
voltar.
Buscar a simplicidade é buscar viver como
Jesus que embora sendo rico viveu uma vida simples e no meio dos simples. Deus
te convida a viver sua simplicidade que não está no que temos, mas sim no que
somos ou buscamos ser.
Quem cultiva e semeia a simplicidade, não
espera honra nem reconhecimento pelo que faz ou pelo que é. Se trabalhamos é
pelo prazer de sentir útil ao próximo, se praticamos o bem deve ser pelo amor
ao nosso semelhante.
Vivemos pela graça e misericórdia de Deus e
juntos com Ele devemos fazer a obra através da simplicidade, pois nosso maior
exemplo Jesus foi um homem simples. Crônica por: Maurílio Oswaldo; um homem
simples, nascido em uma casa de pau a pique e de chão batido na fazenda da
Tapera Alta!!!
IGREJA PEQUENA DO MATUTO SONHADOR:
A igreja no pé da serra aonde ia o irmão
chorão, era chamado assim, pois orava e chorava aos pés do Senhor Jesus Cristo.
Quanto tempo se passou a saudade que ficou dos hinos que cantava da harpa
cristã surrada do pastor matuto que falava nóis vai e nóis fica, pastor simples
de chinelo de dedo nos pés e a palavra no coração.
Agora na cidade o irmão chorão lembra com
saudade da igreja do Boqueirão no pé da serra. Lembra com saudade e seu coração
chora quando vai chegando à noite onde não via a hora chegar para ir para a
pequena igrejinha adorar ao Deus dos símplices e humildes.
E quando chegava ele olhava para o altar e as
lágrimas já começavam a rolar no momento sublime e feliz do matuto sonhador.
Lembra da cruz, lembra do amor e gritava feliz obrigado meu Senhor.
O matuto agora em suas lembranças vê seu
pastor humilde cabisbaixo meditando na pregação preparada no coração de Deus
que recebeu como revelação com sua enxada na mão. A igreja calada olhando para
seu pastor com os olhos de sofredor semeando chorando aguardando seus feixes
com amor. A primeira igrejinha, o primeiro amor do irmão chorão sonhador.
Mãos calejadas que carregava sua bíblia
surrada, aguardando as ruas de ouro no paraíso celestial onde todos serão
príncipes e doutores no seu lar celestial do seu Senhor. Adeus vida sofrida do
cabo do cambangu (enxada), adeus chinelo de dedo, adeus roçado de suor, agora
vive feliz o matuto no seu eterno penhor recebido do seu Deus de amor...
QUANDO VOCÊ PENSA EM IGREJA O QUE VEM EM SUA
MENTE: A IMPONÊNCIA DOS TEMPLOS FARAÔNICOS? OU NA SIMPLICIDADE E HUMILDADE DE
UM POVO? IGREJA NÃO SÃO TEMPLOS E SIM PESSOAS!!!
UM NOVO COMEÇO:
Você em sua vida já desejou apagar momentos
do passado ou simplesmente voltar atrás e tomar outras decisões? Desejou
certamente escrever uma nova história nas páginas bolorentas do passado? Quando
olhamos pelo retrovisor dos nossos dias ficamos como Paulo que escreveu este
texto; esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que
diante de mim estão.
Diz o filosofo: Errar é humano, mas eu digo
que aprender com os erros é sabedoria. Olha meu amigo se você não pode mudar o
passado deixa que ele te mude e traga outra direção para sua vida!!! Quantas
oportunidades perdidas, quantos amigos deixados pelos rastros de nossos
caminhos ficaram para trás.
Quantos momentos de brigas trocariam por
abraços, quantas palavras rudes trocariam por um eu te amo, quantos tapas nos
rostos trocaríamos por um osculo santo, quantos empurrões trocaríamos por um
afago, quantas insolências trocaríamos por um pedido de perdão, quantas
atitudes soberbas e orgulhosas trocariam por uma palavra: Eu estava errado...
Qual o tamanho da lista de boas oportunidades
que deixamos passar? Quantas boas ações deixaram escapar? Mas infelizmente não
existe aquela máquina de voltar no tempo, não há mais como voltar atrás e fazer
algo melhor, por isso hoje, no momento chamado agora nós podemos construir no
presente um futuro glorioso melhor que no passado...
Olha na construção do futuro não há mais
lugar para erros, pois errar pode ser humano, mas vai explicar isso para aquela
família de um paciente que perdeu a vida por um erro médico, olha o grande
segredo para construir um futuro sólido esta no fundamento.
Este fundamento será a base de sustentação de
nossas atitudes e palavras, será a motivação para as nossas ações. Portanto
firmamos nossos pés no único fundamento estabelecido na terra, que nos levara a
sermos melhores com um futuro melhor.
O fundamento da palavra de Deus a escritura
sagrada que diz: 2 Timóteo 3.16: Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil
para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça.
Partindo do princípio dos fundamentos de Deus dos quais podemos entender melhor
tanto o que Deus espera de nós quanto às maravilhas que Ele nos tem preparado
para nosso futuro. Busque a Deus!!!
PEGADAS NA AREIA NUNCA ESTAREMOS SOZINHOS:
Em um belo entardecer; tive um sonho lindo,
sonhei que estava em uma linda praia com o sol no poente deitando-se para
dormir. Neste sonho não estava sozinho o Senhor estava comigo, pois um dia Ele
me havia prometido que estaria comigo em todos os dias de minha vida que como
um vapor logo se dissiparia.
Passou pela minha mente a história de minha
vida que como em flash back passavam diante mim cenas do episódio da minha
curta estadia com aqueles que tanto amavam!!!
Imagens solenes se desenhavam diante de
minhas lembranças tão fugazes e frágeis como uma bola de sabão sendo jogada
pelos espaços do meu viver, algo que me deixou embriagado e inebriado como um
som engalando enfeitado por sua própria natureza.
Por cada ano de minha vida que passava eram
deixadas pares de pegadas naquela fina areia da praia uma pegada era minha e a
outra do meu Senhor, companhia fiel em todos os dias de meus sessenta e dois
anos. Agora passava pela minha mente cenas cruéis de minha vida, tribulações e
sofrimentos dos inesperados dias, que não queríamos ter vividos.
Neste momento de dor em um gesto de esperança
olhei para trás, buscando em minhas lembranças sentido de minha existência e
naquele momento fatídico percebi que parecia estar sozinho, pois havia apenas
uma pegada, pensei, mas como nas últimas cenas como prenuncio do the end de
minha curta vida notei que isso acontecia; Nos momentos bons duas pegadas, nos
momentos ruins uma pegada...
Neste momento crendo em minha pequena fé que
Deus tem todas as respostas de minha existência, perguntei como em um grito de
um aflito; Senhor!!! - Por que tu me deixaste nas horas difíceis??? Pois nestas
horas há apenas uma pegada??? O Senhor me abandonou??? O Senhor me respondeu:
Meu filho, tu és precioso diante de mim, seu valor excede as maiores riquezas
da terra e não há que se compare a ti!!!
No meu amor por você não há abandono, pois
não te deixei sozinho nos sofrimentos de sua vida. QUANDO VISTES APENAS UMA
PEGADA NA HISTÓRIA DO SEU VIVER, POIS EXATAMENTE NESTES MOMENTOS EU TE
CARREGAVA NO COLO ESTA É A RAZÃO DE TER APENAS UMA PEGADA!!! CONCLUSÃO: Meu
amigo, meu irmão mesmo que nos sentimos sozinhos às vezes nos momentos difíceis
de nossa vida saiba que; NUNCA ESTAREMOS SOZINHOS...
ESTRELAS AO MAR: PODEMOS SER MELHORES!!!
Certa vez um escritor que morava em uma praia
tranquila, próximo a uma colônia de pescadores. Todas as manhãs ele caminhava à
beira do mar para se inspirar e, à tarde, ficava em casa escrevendo. Certo dia,
caminhando pela praia, viu um vulto ao longe que parecia dançar. Ao chegar
perto, reparou que se tratava de um jovem que recolhia estrelas-do-mar da
areia, para uma a uma, jogá-las de volta ao oceano, para além de onde as ondas
quebravam.
Por que você está fazendo isto??? Perguntou o
escritor. Você não vê??? Explicou o jovem, que alegremente continuava a apanhar
e jogar as estrelas ao mar, A maré está vazando e o sol está brilhando forte:
Elas irão ressecar e morrer se ficarem aqui na areia. O escritor espantou-se
com a resposta e disse com paciência: Meu jovem existe milhares de
estrelas-do-mar espalhadas pela praia.
Você joga algumas poucas de volta ao oceano,
mas a maioria vai perecer de qualquer jeito. De que adianta tanto esforço, não
vai fazer diferença??? O jovem se abaixou e apanhou mais uma estrela na praia,
sorriu para o escritor e disse: Para esta aqui faz...
E jogou-a de volta ao mar. Naquela noite o
escritor não conseguiu escrever, nem sequer dormir. Pela manhã, voltou à praia,
procurou o jovem, uniu-se a ele, e, juntos, começaram a jogar estrelas-do-mar
de volta ao mar. Reflexão:
1. Quando foi a última vez que você jogou
estrelas ao mar? Alguém já lhe ajudou a jogá-las? 2. E quantas vezes você
ajudou alguém a jogá-las? 3. Quantas vezes você parou de jogar estrelas de
volta, porque alguém lhe disse que não adianta, não tem jeito mesmo?
4. Você já se sentiu como uma estrela-do-mar,
lançada de volta ao mar, salva por alguém? 5. Você lembrou-se de agradecer?
Ainda há condições de agradecer? Façamos nosso mundo um lugar melhor. Façamos a
diferença!!! Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura. Aquele
que crer será salvo!!!
FOLHA EM BRANCO:
Quantas vezes pensamos que nossa vida está
uma bagunça, que parece um rascunho rabiscado. Mas, podemos mudar isso e passar
esse rascunho a limpo. Certo dia um professor estava aplicando uma prova, os
alunos, em silêncio tentavam responder as perguntas com certa ansiedade.
Faltavam uns 15 minutos para o encerramento e um aluno levantou o braço, se
dirigiu ao professor e disse:
Professor pode me dar uma folha em branco? O
professor Levou a folha até sua carteira e perguntou, por que você quer esta
folha em branco??? Ele respondeu: Eu tentei responder as questões, rabisquei
tudo, fiz uma confusão danada e queria começar outra vez. Apesar do pouco tempo
que faltava, o professor confiou no aluno, e entregou uma nova folha em branco
e ficou orando por ele. A atitude daquele jovem causou uma comoção e simpatia
no professor.
Hoje, no momento chamado agora, no dia que
chamamos de presente: Podemos meditar neste episódio simples, podemos começar a
pensar quantas Pessoas receberam uma folha em branco, que foi a vida que DEUS
lhe deu até agora, e só tem feito rabisco, confusões, tentativas frustradas e
uma Confusão danada...
Na sua vida tudo pode ser apagado e podemos
recomeçar a nossa história apagada pelo sangue da cruz e deixar Deus através do
Espírito Santo reescrever uma nova historia cheia de amor, perdão e compaixão. É
o agora neste novo dia que se inicia é um bom momento para orar e pedir a DEUS
uma folha Em branco; uma nova oportunidade para ser feliz, buscai ao Senhor
enquanto se pode achar e invocai seu nome enquanto Ele esta perto...
O CANTO DA MADRUGADA DO CABURÉZINHO:
Todas as madrugadas; ouço este pássaro
cantar, desde quando meus filhos eram pequenos escutava o canto triste de uma
ave. Hoje todos os dias a tarde recebo a visita próximo a minha área deste
pássaro e bem próximo a mim posso admirar e escutar seu trinado diariamente.
Pesquisei para saber que ave era esta que
proporcionava em toda madrugada antes do sol nascer este canto triste como se
fosse um piado pedindo socorro e descobri que esta ave era: Caburé; é uma ordem
de aves que inclui aves de rapina noturnas, tais como corujas.
São caçadoras eficientes, usando, sobretudo
seus olhos extremamente aguçados e movimentos rápidos. São criaturas de Deus
que proporcionam beleza em som cores e imagens – Ao ouvir o canto deste pássaro
escrevi alguns poemas e crônicas:
O CANTO DA MADRUGADA EM UM LUGAR CHAMADO PASSADO:
Um dia de madrugada, no silencio da alvorada
se despedindo de mais uma noite, ouvi o canto de um pássaro indiferente da
minha solidão, ele cantava. Logo as ideias surgiram em minha mente mais forte e
mais rápida que a força de minhas mãos cansadas ao escrever estes meus
pensamentos.
Neste momento percebi que na minha vida
restaram apenas lembranças de um tempo que se foi rapidamente e que não voltam
mais. As imagens como espelhos de minha vida refletem fatos e rostos que se
foram sem se despedir em um tempo de convivência pouco aproveitada.
Rostos amados e que me amavam que na
velocidade dos tempos da vida se foram sem que pudesse dizer palavras amáveis e
fazer gestos afáveis. De todas as palavras que vem em minha mente algo que não
disse que sufoca o meu peito e deixa cair uma lágrima de meus olhos cansados.
Algo que deveria dizer e não disse e de todas
elas o que mais grita em minha alma é; Me perdoa eu estava errado. Mas isso
hoje são apenas palavras escritas em um papel amassado deixadas por uma mão
cansada que são descrições de uma mente cansada e cheia de saudades de natais
passados...
FECHA OS OLHOS BONEQUINHA:
Minha linda bonequinha de pano; minha querida
não olha para as maldades do mundo, não olhe para as bombas que caem sobre nós.
As violências dos homens passam, as feridas são cicatrizadas, mesmo que deixem
marcas permanentes no físico e em nossas almas. Não tenha medo do homem mal que
como o lobo derrubam nossas casas deixando as ruínas e tentam nos destruir
nossas vidas também.
Haaa bonequinha frágil não olhe os
bombardeios que assolam nossa nação, os corruptos passaram, serão punidos pelas
suas próprias ganancias. Bonequinha fecha os olhos para as maldades alheias e
prossiga para o alvo. As orações dos justos estão sendo elevadas aos céus e
quando abrir os olhos Deus vira ao nosso socorro.
Minha bonequinha não olhe para as nuvens
escuras das insensibilidades do coração de pedra dos homens cruéis. Não olhe
para os ladrões que tentam furtivamente roubar a nossa paz. Breve muito em
breve receberemos de Deus uma nova morada, em um abrigo seguro longe das
violências humanas que com suas armas e fuzis matam nossas esperanças.
Bonequinha não olhe, pois tudo passara
certamente tudo passa menos a palavra de Deus que é eterna e ela a palavra
promete uma vida eterna em um lugar de paz e sem os barulhos das bombas. Fecha
os olhos bonequinha!!!
MEU CORAÇÃO UM QUARTO ESCURO:
Meu coração é como um quarto escuro, sem luz,
vazio e triste. Não contemplo uma janela que possa ser aberta para que possa
entrar uma luz que me tire desta penumbra interna e fugaz. E neste quarto
umedecido com minhas lágrimas e tristezas que parecem grades que tiram minha
liberdade, neste momento eu grito mais não escuto os ecos dos meus gritos.
Sinto-me sozinho preso aos meus próprios
medos e angústias. Um solitário aprisionado pelos próprios erros, um condenado
sem salvação sem remissão algemado pelas algemas impiedosas da vida julgado
pela sua consciência que como juiz bate o martelo bem forte determinando minha
sentença...
O desejo de voltar e recomeçar tudo de novo
bate forte dentro do âmago de minha alma buscando uma saída para a liberdade
dos campos floridos, dos sons dos ventos batendo sobre as copas das grandes
arvores que são meus desafios e lutas diárias. Neste quarto escuro sinto-me
cansado e sem forças para correr e sair desta prisão como teias que aprisionam
para um fim doloroso.
Neste momento de desespero ouço uma voz suave
e meiga, tão doce como um mel no destilar de seus favos. Encavernado eu percebo
que alguém ouviu meu grito de socorro e veio me libertar destas correntes
impiedosas e frias.
E de repente sinto uma unção que quebra todos
os meus jugos e me liberta das cangas de minhas costas e sinto-me leve. Não há
mais tristezas, não há mais desesperos nem medos e vejo a claridade das janelas
sendo abertas e apego em minha liberdade, agora posso recomeçar...
Tão nítida é esta voz que me chama, neste
convite solene que diz assim: Vinde a mim, você que está cansado e oprimido, e
eu te aliviarei. Tomai sobre você o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso
e humilde de coração; e encontrareis descanso para a sua alma. Porque o meu
jugo é suave e o meu fardo é leve. Mateus 11:28-30...
SENHOR ACEITEI O SEU CHAMADO E CORRO PARA A
LIBERDADE DO SANGUE VERTIDO NA CRUZ, POIS SE O FILHO VOS LIBERTAR
VERDADEIRAMENTE SEREIS LIVRES!!!
ONDE NASCI CRÔNICA SERTANEJA:
Nasci em uma casa de pau a pique taquarada e
betumada com barro de argila. Nasci em uma casa de chão batido com portas
cortinadas. Nasci em uma casa alumiada de lampião de querosene. Nasci em uma
casa de poço de água no fundo do quintal com corda e carretilha atrelada em um
balde, onde banho era em bacia e no final de semana com chuveiradas de regador.
Nasci em uma casa de fogão de lenha com seus
cavacos e lenhas abrasadas cozinhava o feijão, onde a broa de fubá era assada
no lume e com brasas em sua tampa. A chaminé com sua fumaça quente saia por uma
manilhada.
Nasci em uma casa onde quintal era o habitat
natural da bicharada que viviam harmonizados; galos e galinhas, cachorros e
gatos, porcos e cabritos, marrecos e patos. Nasci em quintal com arvoredos
frutíferos; Mangueiras, abacateiros e goiabeiras faziam os ornamentos da
natureza e alegria das criançadas.
Nasci em uma casa de rádio emparedado na
altura de meu pai, com vitrolas com suas músicas românticas que faziam as
trilhas sonoras de nosso lar; Cauby Peixoto, Orlando Silva, Marlene, Emilinha
Borba e Ângela Maria chamados os cantores reis e rainhas das ondas sonoras
radiofônicas.
Nasci em uma tapera com bancos duros de
madeiras de lei, com as divisas sem cercas e muros sem fronteiras das
vizinhadas com uns cuidando dos outros compartilhando alegrias e tristezas.
Nasci na simplicidade de uma casa, na
humildade de seus moradores na construção de um lar em pleno amor habitado nos
corações de seus moradores, ouvidos nos trilhados dos pássaros e refletidos nos
olhos marejados cheios de recordações e saudades de seus matutos
sertanejados!!!
SOLIDÃO:
Ao nascermos não estamos sós, e contemplamos
os rostos felizes em sorrisos abertos e ali temos a certeza de uma vida plena e
banhada de gestos e afagos. Há como é bom estarmos rodeados da família, de
papai e seus guardas chuvas, chapéu de couro e a sanfona de oito baixas ao som
de saudade de matão. Saudades dos olhos negros de mamãe; em um rosto sério com
a falta dos sorrisos.
O avental vestimenta diária em trabalhos na
dureza de uma vida pobre e sem perspectivas de melhoras, apenas vivendo em um
interminável nascer e término do dia em noites agitadas e carregadas de
insônias.
Ouço os gritos dos bichos da noite que saem
para assombrar as almas dos meninos medrosos em suas visões e devaneios.
Arregalo meus olhos no pavor das madrugadas e olho para os lados e nunca estou
só. Os olhos negros estão postos em mim contemplando meu sono na quietude do
cansaço do meu velho, e neste momento como nunca me sinto seguro.
Na velocidade do tempo os sorrisos vão se
apagando e não tenho mais os olhos negros sobre mim. A velha sanfona de oito
baixas cessa seu som e o silencio toma conta e agora a saudade não é mais do
matão, mas de entes queridos que aos poucos me deixaram só.
Hoje a solidão toma conta do meu quarto e não
vejo mais seus rostos apagados por uma mente esquecida na dureza do tempo que nos
escraviza nas saudades cruéis que sem dó tira a felicidade de não estarmos mas
entre eles.
O som se apaga na escuridão da noite e não
ouço mais os gritos dos bichos, pois eles também me abandonaram, o fogão de
lenha foi trocado e a fumaça da chaminé não mais existe. A velha cozinha de
chão batido ficou nas lembranças assim como o velho e surrado colchão de palha.
Em uma vida que segue seu rumo deixando
apenas os sonhos não sonhados de uma vida solitária triste em pensamentos sem
esperança de ver minha família juntas novamente, pois se apagaram os sorrisos e
os rostos foram esquecidos e manchados pelas borrachas do tempo e hoje resta
apenas a solidão na vida e nas perdas dos meus queridos que partiram sem se
despedirem, restando apenas e somente a SOLIDÃO repetidas vezes solidão!!!
CALMARIA UMA CRÔNICA DO SILENCIO:
De repente os gritos são trocados pelo
silencio, a calmaria estende-se pela casa. Como se as ondas de um mar bravio
fossem trocadas pela suavidade de uma praia sem vagas e oscilações. Agora tudo
e calmo e tranquilo e não sabemos se gostamos ou não.
Os questionamentos e as dúvidas são trocadas
por decisões próprias, e observamos os pássaros voarem para longe do ninho
buscando seus verões. As distancias se multiplicam e perdemos as visibilidades
escapadas pelo destino e tudo perde o controle e a tranquilidade assusta um
pouco.
Coisa da vida que trazem mudanças de um tempo
que passou rápido em sua efemeridade e tudo muda quando as sombras mudam de
lugares. As inconstâncias dos dias levam a paz de não os ter por perto, as
preocupações e ansiedades só aumentam e percebemos que a inoperância foge de
nossas razões e mãos, perdemos o controle.
Como um barco que se parte para mundos
distantes e não podemos mais controlar o tempo e nem ditar o ritmo da vida. Não
tem como mais cessar os ventos em suas janelas e as visões dos dias claros são
trocadas pelas incertezas das noites escuras de um quarto vazio.
Os assopros das ventanias em meio às
tempestades não podem mais serem trocados pela CALMARIA de um lar onde o fogo
da lareira se apagou e o cansaço do tempo se apoderou de nossos ossos agora
frágeis!!!
E neste momento de fragilidade percebemos que
dependemos da ajuda de alguém que está em todos os lugares em sua onipresença.
Sua onipotência é clamada em nossas orações; O seu esconderijo do alto é rogado
pelas noites escuras inconstantes e o grito pela paz em meio a guerra interna e
bradada nas buscas por tempos das CALMARIAS assustadoras!!!
Deus te abençoe!!! Oswaldo de Souza...
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