Cheguei ao cúmice do ápice de minha idade a chamada idade da plenitude (70 anos), onde o tempo passou sem pedir licença seguindo o curso frenético da vida. Engraçado foi em um abrir e fechar de olhos onde vi rapidamente os anos passarem e se multiplicarem em uma sequência impiedosa de humilhação...
A serenidade toma conta dos meus pensamentos e agora chego ao cume mais alto do arvoredo da minha vida tocada pelos ramos do tempo em que não podemos mais descer do cimo onde estou...
A idade dos nobres em uma fuga de dores e às vezes cansadas minhas pernas estão caminhando nos arrastos dos dias sem olhar para trás pelo retrovisor do meu passado coberto pelo sangue caminho para o alvo, na espera, na doce espera do meu encontro solitário e necessário.
No cimo bem alto da montanha com brisas suaves que batem em meu rosto marcado e vejo que tudo é paz e nas plenitudes dos anos encontro a serenidade bendita e agora rebendita vida no voo de uma águia estou em um lugar sem nuvens ou tempestade longe do furor da vil mocidade aqui tudo agora é calmo e tranquilo.
Não ouço mais gritos e não sigo mais as ordens dos homens, ouço apenas uma voz suave ecoando em meus ouvidos, uníssono como som que rebate nas reverberações dissonantes dos solfares e harpas na grande convocação dos escolhidos para a santa Grei.
Neste momento eu peço um favor não retoquem minhas rugas, pois levei muito tempo para ganhá-las e ajuntá-las em minhas cútis de isolações, não pinte meus cabelos embranquecidos, pois meus cãs deixa-me com um toque de sabedoria e de temores...
Os benditos cãs que como uma neve fria e fugaz tocou minha cabeça moldando-a com uma sapiência dos tempos vividos em lágrimas choradas e derramadas misturando as poeiras das estradas percorridas. Vida que trazem entendimentos nos anos, dos conhecimentos, das experiências boas e ruins da longa jornada para chegar a um lugar comum de descanso e tranquilidade.
Pois agora como a lira rouca de um soneto de batráquios nos sons das taquaras sendo rachadas e divididas ouço minha voz embargada e embaçada pelo tempo. Contei o tempo que foram se multiplicando aos dias formando os anos de minha sobrevivência e existência em momentos inconstantes do meu viver.
A velhice é como um tronco ressequido onde um dia abrigou flores, folhas e frutos, mas que logo renovarão seus cachos em um lugar onde os tempos e idades cessam e não serão mais contados como nossos inimigos.
Setenta anos na plenitude da idade, sete vezes mais feliz, sete vezes mais sábio, sete vezes mais sereno, sete vezes mais tolerante, sete vezes mais quieto e sete vezes mais próximo ao meu chamado e ao meu grito de adeus, e não me impeças a um REI me esperando, em uma eternidade na doce companhia do meu Deus meu maior amor...
Agora canto a música que embalou minha vida na doce harmonia dos anjos, conservos e ajudadores dos homens: “Mas que doce paz em minha alma se faz, quando estou orando ao Senhor. Sinto bem junto a mim neste lindo jardim a presença de Jesus o meu Salvador. Canta o meu coração está linda canção que transborda em glorias e aleluias”.
Paz: aguardada paz, sonhada paz, paz dos homens, paz dos tempos, paz sem mais guerras, paz somente paz, bendita paz. Paz: paz dos gritos, paz das aflições, paz recebida, paz doada ao ouvir seu chamado: “Vinde a Mim todos os sobrecarregados e oprimidos que vos aliviarei, pois no mundo tereis aflições, mas tende bom animo: Eu venci o mundo”!!!
Eu vos dou a minha paz, a minha paz vos dou, não vo-lo a dou como o mundo te deu que era uma paz utópica, efêmera e passageira a minha paz é eterna. Neste momento ouço meu grito; Senhor eu ouvi seu chamado e estou aqui na doce velhice dos sonhos.
Nas doces canções dos seresteiros nas liras inflamadas das noites ao som dos batráquios à espera da manhã chegar. Pois sabemos que um choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pelo amanhecer do sol clareando um novo dia em um recomeço.
Estou caminhando com meus passos fortes sem mais pegadas da vida, pois elas não existem mais foram apagadas pelo sangue, bendito sangue do cordeiro da cruz!!!
Rude cruz se erigiu, nela um dia eu vi como um emblema de vergonha
e de dor, mas eu contemplo esta cruz porque nela encontrei graça e luz para um
tão pobre pecador. Nela meus pecados foram lavados no vermelho forte, brilhante
e profundo do sangue carmesim com azul cintilante do céu!!!
DEUS TE ABENÇOE!!! OSWALDO DE SOUZA...


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