Quero falar de um encontro de Jesus com Simão, o cireneu. Nosso Senhor já há alguns dias passava por profundos problemas, era a perseguição dos escribas e fariseus, a incompreensão do povo, brigas entre os apóstolos e a própria traição de um deles. Além disso, a noite anterior a esse encontro foi terrível.
Jesus passou a noite toda apanhando, sendo torturado, humilhado, escarnecido. No raiar do dia ele foi conduzido para o Gólgota onde seria crucificado com dois ladrões. Era costume de os Romanos torturar os condenados a exaustão, e muitos deles, conforme descreve o historiador Josefo, morriam durante a sessão de tortura.
Já debilitado pela dura vida que enfrentava, andando por toda a Palestina, dormindo poucas horas durante a noite e jejuando quanto mais se aproximava à sua hora, Jesus se curva ante o peso da cruz. Os condenados eram obrigados a carregarem cada um a sua cruz. Enfraquecido o Mestre cai... Um soldado romano jamais carregaria a cruz de um condenado; era humilhante demais para um soldado romano.
Mas naquele exato momento, quando Jesus caia, estava passando um homem, de quem a Bíblia nos fala tão pouco, mas que nos deixa uma grande lição. Ali passava Simão, conhecido como o cireneu!!! Os soldados romanos obrigaram-no a carregar a cruz de Jesus.
A Bíblia diz em Marcos, que Simão vinha do campo, provavelmente
vinha do trabalho. Ou talvez estivesse chegando de viagem uma vez que pelo seu
nome devia pertencer ou ter pertencido a grande comunidade judaica da cidade de
Cirene, no norte de África. O que sabemos ao certo é que este homem que não
estava na cidade, mas vinha chegando naquela manhã, foi obrigado a carregar a
cruz, conduzindo-a até ao Calvário, onde Cristo foi crucificado.
Não sabemos ao certo, mas muitos estudiosos da bíblia e outros historiadores afirmam que Simão, o Cirineu, é o mesmo Simão, chamado de Níger que aparece em Atos 13 como um dos mestres da Igreja em Antioquia. De certo mesmo, sabemos que dois filhos de Simão eram bem conhecidos na Igreja Primitiva, eles se chamavam Alexandre e Rufo conforme o relato de Marcos.
O QUE PODEMOS APRENDER COM ESTE TEXTO? Muitos estão sofrendo na mais completa solidão. Jesus havia sido abandonado pelos discípulos e agora era alvo do espetáculo de horror, a multidão alvoroçada acompanhava o cortejo, gente na janela, nos muros, todos queriam ver o que acontecia com aquele que disse que em três dias reconstruiria o templo.
Quantos não zombavam do esforço daquele que em nosso lugar carregava a cruz? Quantos não se divertiam com os tombos que ele tomava? Era verdade que algumas mulheres no meio do povo choravam diante de tamanho sofrimento, mas ninguém se apresentou para ajudá-lo, nem seus discípulos, nem seus admiradores.
Ninguém que tenha sido curado ou que tenha se alimentado dos pães multiplicados. JESUS SOFRIA NA MAIS COMPLETA SOLIDÃO, O ABANDONO E A EXCLUSÃO É UM VENENO CONTRA A SOCIALIZAÇÃO.
Cadê os dez leprosos? Cadê os milhares que receberam pães e peixes? Cadê o lunático; Cadê Zaqueu? Cadê Nicodemos? Cadê os apóstolos? Cadê Sejam lá quais forem as desculpas todos se colocaram de lado e ninguém se apresentou para ajudá-lo. Se olharmos para o nosso lado, para qualquer lado, vamos ver pessoas sofrendo, em diferentes situações, com intensidades variadas, mas todos sofrendo.
Será que as nossas posições diante do sofrimento alheio, não tem
sido as mesmas que aquelas pessoas na época de Jesus tiveram: Alguns a nossa
volta estão em solidão, Alguns aqui mesmo na Igreja podem estar em solidão,
e abandonados: Muitas vezes ninguém quer ajudar não querem, e não fazem nada. Muitos acham que cada um deve se virar com a sua dor. Com certeza havia aqueles que também achavam que Jesus apenas encontrou o que procurava e que por isso aquele sofrimento era merecido. Alguns deveriam ter dito: Bem-feito, achou o que procurou. Está vendo? E isso que dá e assim por diante...
Não podemos julgar as pessoas e declarar: Se ela está sofrendo é porque merece, o julgamento pertence a Deus, deixe com Deus. MAS FAÇA A SUA PARTE: AJUDE O PRÓXIMO, AJUDE SEU IRMÃO!!!
DEVEMOS SER VOLUNTÁRIOS: Apesar deste encontro nos dar lições tremendas, não podemos esquecer que Simão ajudou a Jesus porque foi obrigado a fazê-lo. Assim acontece com muitos, só ajudam: Porque não tem outra opção. Porque é da família. Porque se não vai ficar mal. Há, em geral muito pouca disposição de ajudar. Fica como desafio o apelo para que nos apresentemos para ajudar aos que sofrem ao carregar sua cruz.
A BÍBLIA TAMBÉM NOS ADVERTE EM GÁLATAS 6.2 - QUE DEVEMOS LEVAR AS CARGAS UNS DOS OUTROS.
Devemos prestar a atenção no versículo de Gálatas vai verificar que a ordem é para eu levar a carga do meu irmão. Sou eu quem tem de ir até meu irmão e saber se ele tem alguma carga para que eu leve.
Esse é o próprio princípio da Palavra, mas alguns têm se identificado muito mais com Caim que diante da pergunta de Deus sobre a vida de seu irmão, respondeu: ACASO SOU GUARDA DO IRMÃO QUE TU ME DESTE?
Essa é uma postura de indiferença; não podemos ter esta postura. Muitas vezes temos atitudes de Cireneu, ajudamos algumas pessoas a carregarem sua cruz. Tenho o costume de dizer que o nosso coração é a cidade de Jerusalém. E assim como fechavam as portas da cidade para os indesejáveis, assim fazemos com os menos favoráveis aos nossos olhos cruéis e amargos...
Porém muitas vezes carregar a cruz do outro significa tão pouco para nós, mas tanto para ele, significa dar atenção e ouvi-lo, oferecer-lhe o ombro para chorar, os braços para acolher, outras vezes presença silenciosa, oração intercessora. Jesus teve a ajuda de Simão, o cireneu, para carregar a sua cruz.
No Getsêmani ele pediu para os discípulos que ficassem ali com ele, pois sua alma se encontrava angustiada até a morte. Mais uma vez o mestre precisava de ajuda para carregar a sua cruz.
Preste atenção: Todos nós precisamos de um Cireneu que nos ajude em nossos fardos. Todos nós precisamos ser um Cireneu para ajudar os outros a carregarem os seus fardos. Ser imitador de Cristo é também carregar a cruz dos outros, é AJUDAR A carregar SEUS, seus pecados e não os espalhar, e tomar as suas dores como suas próprias, é pagar qualquer preço, assumir qualquer castigo para ver o irmão em paz.
Como consolo e esperança fica o fato de outros se apresentarão para nos ajudar a carregar a cruz. Sabemos que atos de amor não podem ser cobrados. Eu não posso exigir que os outros me ajudem a carregar a cruz...
Nem sempre a ajuda vem de quem esperamos. Nem sempre o consolo vem de quem esperamos. Creio que Jesus esperava que ajudassem para carregar a cruz viesse dos discípulos, ou de alguém que havia sido abençoado por ele, mas a ajuda veio de um estranho. Se nos lembrarmos da parábola do bom samaritano é justamente o que acontece.
A ajuda não veio do sacerdote nem do levita que eram as classes religiosas da época, mas a ajuda veio de um samaritano que era rejeitado e até tido como alguém incapaz dessa atitude. Eu posso ter o privilégio de ter alguém para me ajudar com a cruz, posso até cometer a loucura de rejeitá-lo, mas não me é dada a possibilidade de escolher meu Cireneu.
Não fique aí pensado em falar com um irmão: Irmão: estou sentindo de Deus que você deve me ajudar. Deixe que Deus vai direcionar as pessoas para isso; Deus vai falar ao coração das pessoas para isso. Precisamos reconhecer as pessoas que Deus coloca em nossos caminhos e recebê-los como ajudadores.
Ninguém é autossuficiente. O fato de Jesus precisar de ajuda para carregar sua cruz demonstra uma característica que a Igreja deixou de observar: A humanidade de Cristo. O Cristo de Deus estava no limite de suas forças. Tendo aberto mão de sua onipotência para se tornar semelhante a nós, agora o Deus Todo-Poderoso não podia carregar a sua própria cruz.
Não deveria existir na Igreja pessoas que se sintam tão autossuficiente que desejem carregar a sua cruz sozinha, sem auxílio. Quando Cristo não suportou o peso da cruz, caiu, se demonstrou fraco, limitado, não se importando com nada; essa era sua condição no momento.
Mas ele abriu espaço para que outro o ajudasse. E a notícia que temos é que Simão se converteu, seus filhos estavam entre pessoas de destaque na Igreja. Ao permitir que Simão lhe ajudasse com sua cruz, Jesus deu uma oportunidade para que Simão tivesse um encontro com Deus e fosse abençoado.
Da mesma forma quando permito que alguém me ajude com minha cruz,
lhe ofereço além da oportunidade de um encontro com DEUS, à oportunidade de ser
abençoado e ser semelhante a Cristo. Que diante desse encontro de Jesus com
Simão tomemos duas posturas: AJUDAR UNS AOS OUTROS COM SUA CRUZ; PERMITIR QUE
OS OUTROS NOS AJUDEM!!! AMÉMMMM...
DEUS TE ABENÇOE!!! OSWALDO DE SOUZA...
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