Agora neste momento no
silencio da cálida noite fecho meus olhos, e sou guiado pelas minhas lembranças
fugas de tempos distantes e remotos;
Háaa, aquela casa de
pau a pique, chão batido de chaminé liberando a fumaça do fogão de lenha. Casa simples
de colchão de palha e gente humilde que anda com seus pés descalços, povo de
fala arrastada, povo mateiro que busca lenha no mato e vive de maneira simples
e faceira. Recém-chegados da roça da vida no meio do mato sofrendo os ardis da
dura batalha do campo e do boqueirão com suas mãos calejadas pelas enxadas, agora
vivem assustados na cidade grande uma selva de pedra de gente esquisita e diferente sem
cumprimentos e salvas que passam sem olhar, com olhares soberbos e distantes...
Vivem nos tratamentos
dos animais, cavalos, cabritos, patos e marrecos ouvindo os cantos dos pássaros
presos nas gaiolas e viveiros. Pela manhã as galinhadas se achegam na porta
da cozinha aquela mulher de figura pequena com seu avental preso em suas mãos
cheio de milhos caminha lentamente com seu chinelo de dedo para espalhar as
sementes da alimentação das bicharadas. Casa pequena de janelas entreaberta
cortinas presas nos portais dividindo os cômodos do pequeno lar de meu nascimento...
A luz fraca do lampião
de querosene aceso no chegar da escuridão da noite, nas fogueiras do quintal
com suas chamas vermelha em suas multicores clareando o breu de mais um final
do dia. Agora sob a luz do lampião a família se reúne assentados nos bancos de
madeira rústica com seus assentos endurecidos, olhares atentos no ouvir das
historias da roça o pequeno menino de banho tomado na bacia com suas roupas
remendadas a mão deita no doce colo de sua mãe Nivalda, recebendo carinho e
afagos em seus cabelos dos seus irmãos. Hoje somos seis, mas éramos doze. O pequeno
caçula dos doze fecha seus olhos e adormece ouvindo o doce som sonoro do rádio única
diversão da família Souza...
Agora abro meus olhos
marejados ainda deixando cair a ultima lágrima da saudade de minha família perdida
pelo tempo e pelo passar das jornadas da vida deste homem no chegar dos seus
sessenta anos, com seu rosto marcado com suas cãs que servem de cobertura da
cabeça agora sem o seu chapéu de palha...
“Deus te abençoe” Pr Maurílio Souza..
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