Eu sou um caipira, um matuto nascido na
cidade, sou um caboclo quieto que tem no coração as maravilhas do sertão. Eu
jamais vou negar minha raiz, pois sou filho de uma colhedora de café nascida em
botafogo arraial distante próximo a tabuleiro lugar de colonos e escravos
fugidos, minha mãe tinha as mãos calejadas de olhos negros tristes na verdade
muito triste mulher de cara amarrada seria e sisuda por natureza, trabalhadora
que lavava roupa na tina com sabão esfregado naquelas mãos pequenas e firmes,
estendendo a roupa no varal que dizia que era para guarár.
Meu pai um homem trabalhador que candeava
bois pelos caminhos duros de minas gerais, homem bom quieto de pouca fala que
gostava da sua velha e surrada sanfona que tocava as musicas sertanejas de raiz
sempre com os olhos marejados pela saudade do matão e dos tempos no estradão.
Meu pai tinha um chapéu e sua botina como companheiros que o acompanhava por
aonde ele ia....
Tenho a pele morena talvez seja isso a
natureza do meu nome queimada de sol e a essência entranhada de um matuto
deslocado, com a cútis marcada pela vida escrevendo no rosto enrugado minha
historia, tenho a cor da natureza pintada por Deus nosso criador. Não sou de
gravata e nem de bravata apenas um simples, arrancado de seu habitat natural e
colocado na frieza da cidade de gente soberba e nariz empinado que desprezavam
o homem do mato de pés descalço e fala arrastada por sua beleza com som de
taquara rachada em tom de batráquios do brejo....
Minha família vem das lutas matutinas dos
voos de pardais, dos cantos dos canários nos trigais e milharais, dos coleiros
papando seu capim cantando enrolado no tui tui, é isto que me faz feliz lembrar
daquilo que não vivi apenas ouvindo historias de tempos remotos e distantes da roça
do meu país. Não morávamos em uma casa e sim num rancho de taipa com seus buracos
que eram moradas das garrinchas bicho esquisito de poucos pios em seus giros rodopiando
como os piões soltos pelas cordas, se me perguntarem o que me fazia feliz diria
que era o cheiro do mato, o despertar do canto do galo despertador natural sem
corda e nem bateria basta colocar o milho e o bicho canta feliz, tenho saudade
das aguas de cachoeira frias e perigosas seguindo caudalosas e perigosas escondendo
em suas corredeiras locas sinistras...
La no mato tudo a noite é silencioso apenas
o bater das arvores movidos pelos ventos de outono anunciando tempo de chuvas e
temporais, neste momento surgem as estrelas no céu sendo mostrada pelo breu que
se estende como um véu, os vagalumes começam a piscar coisa não avistada mais
na luz forte da selva de pedra.
Vejo o lumiar da lua dos românticos inebriados
pelo seu brilho feliz, sou um caboclo rude tirado do mato e hoje guiado pelas
luzes do criador que aponta nas lâmpadas de meus pés que caminho devo seguir
caminho para o grande rincão no paraíso eterno guardado para o matuto sonhador
cheio de saudade do grotão e roçado do interior...
“Deus te abençoe” Pr Maurílio
Souza...
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