MENSAGEM DA CRUZ

MENSAGEM DA CRUZ
ESPAÇO LITERARIO SOBRE A MENSAGEM DA CRUZ :

terça-feira, 5 de março de 2024

HISTÓRIA DE MINHA VIDA: POR OSWALDO DE SOUZA ESCRITOR!!! MEU PAI SOBREVIVEU AO HOLOCAUSTO: Meu pai 10 longos anos internado no holocausto brasileiro....


‘Holocausto Brasileiro’: Documentário chega à Netflix e mostra vida brutal no maior hospício do País. Filme baseado no livro da jornalista Daniela Arbex conta histórias, silenciadas, vividas por pacientes e funcionários do Hospital Colônia de Barbacena; nesta entrevista, a autora fala sobre sua pesquisa, os avanços e os novos retrocessos no ‘tratamento dos indesejados’. Meu pai viveu 10 longos anos internado no holocausto brasileiro.

PRISÃO E CAMISA DE FORÇA:

Em uma manhã de verão quente de mil novecentos e quarenta e quatro; José Oswaldo apelidado de major se levanta cedo, prepara os cavacos do velho fogão de lenha. Vai até ao poço de água.  Tirando água no balde amarrado a corda presa à carretilha e sua rodinha. 

Preparou o café na velha cafeteira e foi cuidar dos animais. Quando lá pelas nove horas da manhã chega em casa quatro homens que cumprimentam meu pai e conversam. Pede para meu pai mostrar o quintal e ver os animais, a vara de porcos. E novamente voltam para o casebre de chão batido e pau a pique.

Sentam fazem algumas perguntas e de repente sem mais nem menos, usando de grande violência colocam a camisa de força; Camisa de força ou colete de força é uma camisa que se amarra atrás, sem mangas, com cadeado às vezes. E é usado para pacientes do hospício e por modelos. Na era vitoriana era um instrumento de tortura. E amarrado, aprisionado um homem simples que foi candeeiro de boi, sertanejo da roça é levado como um criminoso para o que era chamado o trem de doido...

Depois de muitos pedidos quero repassar está triste história da colônia de Barbacena também chamado de holocausto Brasileiro, lugar onde meu pai sobreviveu por dez anos, de 1944; saindo com alta do pavilhão chamado porão ou pavilhão do inferno em 1954, em 1955 um ano depois eu nasci sendo criado e educado pelo melhor pai do mundo José Oswaldo de Souza “o Major”, posso ser denominado do filho da esperança, pois depois destas torturas que não foi pelos militares e sim por um governo civil... 

MEU PAI SOBREVIVEU AO HOLOCAUSTO:

Meu pai 10 longos anos internado no holocausto brasileiro

SOU FILHO DA ESPERANÇA: Podemos dizer que quando nasci foi como um alento na família Souza, pois meu pai recém-saído do hospital de Barbacena onde viveu por muitos anos (10 anos) em um lugar chamado como a; Sucursal do inferno, depósito de lixo humano, porão da loucura. As expressões são usadas para tentar definir o Hospício de Barbacena, conhecido como Colônia, e dão a dimensão da barbárie cometida no maior sanatório do Brasil, do início do século XX até os anos 80. As crueldades relatadas no livro Holocausto Brasileiro (Geração Editorial, 39,90 reais), porém, vão além...

Lembro quando criança eu cresci mediante ao grande silencio na família que procurava esconder e não comentar as barbaridades vividas pelo meu pai José Oswaldo de Souza conhecido como major um homem tranquilo amoroso e com momentos de mudanças de comportamento, entre a calmaria de espirito com uma sanidade cruel, meu pai tinha um que hoje eu defino como excesso de proteção aos filhos onde ele entrava no quarto com meus irmãos e não deixava ninguém entrar com um extinto de proteção quase à beira de uma loucura...

Minha irmã Zélia contava algumas lembranças do dia que pegaram meu pai amarraram como se fosse um animal e levaram para o hospital conhecido por suas barbaridades; vivendo por longos 10 anos as torturas aos experimentos de drogas que eram testadas nos pacientes, você me pergunta como em um índice de mortes tão grande seu pai saiu de lá vivo e apto para novamente viver na sociedade?

Como apesar das terríveis lembranças não reveladas no silencio de um olhar triste e meigo? Um pai amoroso, trabalhador que me cercou de carinho como sobreviveu do chamado holocausto brasileiro? Eu te respondo um milagre que me trouxe a existência onde Deus em sua infinita bondade me deu como presente o melhor pai do mundo.

Relato de alguns fatos do hospital de loucos da cidade de Barbacena; A obra da jornalista mineira Daniela Arbex, que acaba de chegar às livrarias, conta assombrosas histórias de pessoas que morreram ali - foram cerca de 60000 ao longo de oito décadas, segundo o governo estadual, com base nos registros do hospital - ou que sobreviveram em condições desumanas. Inaugurado em 1903, o Colônia foi o primeiro hospício de Minas Gerais, instalado no município a 169 quilômetros da capital, na Serra da Mantiqueira....

Seu funcionamento, no entanto, se assemelhava mais ao de um campo de concentração. Na década de 30, o hospital abrigava 25 vezes mais internos que sua capacidade permitia. Para driblar a superlotação, a direção substituiu camas por capim, que ocupava menos espaço. Por falta de roupas, muitas pessoas circulavam nuas. 

A comida era escassa e da pior qualidade. Os filhos das internas eram entregues, sem autorização, para adoção por outras famílias. Durante a década de 70, os corpos dos mortos eram vendidos às faculdades de medicina do estado... “Deus te abençoe e te livre das barbaridades humanas”

OBS: Meu pai viveu entre as sanidades em meio às barbaridades e holocausto e tristezas no porão dos loucos por cerca de; 3650 dias longe da família, jogado e abandonado pela sociedade sofrendo as barbáries e insanidades humanas. Minha mãe uma descendente de índia “analfabeta” não sabia o que fazer, a não ser criar seus filhos meus irmãos.

Lavando roupa para famílias mais ricas recebendo um misero pagamento pelo labor sofrendo humilhações e com muitas dificuldades em casa sozinha criando nossa família longe dos recursos do meu pai aprisionado no sanatório, sim era prisão, pois ele não tinha nada de loucura. Sim ficou um pouco de loucura no meu pai, mas depois que saiu do hospital de louco que produziu nele uma insanidade pelos maus tratos... 

QUEM VAI PAGAR POR ISTO, PELO SOFRIMENTO, HUMILHAÇÃO E DESPREZO DE MUITOS POR NOSSA FAMILIA PELO PRECONCEITO!!! 

HISTÓRIA DO MEU PAI “O MAJOR” HOLOCAUSTO BRASILEIRO:

(Em memória de meu pai) CAPÍTULO OS DESERDADOS SOCIAIS!!!

UM TRABALHO DE PESQUISA, HISTÓRIA E CASOS VERIDICO PESQUIZAS LIVRO DA AUTORA DANIELA ARBEX...   

Depois de muitos pedidos quero repassar mais uma triste história da colônia de Barbacena também chamado de holocausto Brasileiro, lugar onde meu pai sobreviveu 10 anos, saindo do pavilhão chamado porão do inferno em 1954, em 1955 um ano depois eu nasci sendo criado e educado pelo melhor pai do mundo José Oswaldo de Souza “o Major” ...

O TREM DE DOIDO: A estação Bia Fortes era a última parada dos deserdados sociais. Vinha no denominado “trem de doido”. Assemelhavam-se aos judeus levados, na Segunda Guerra Mundial, para os campos de concentração. Ao entrarem no “trem de louco”, os passageiros tinham a humanidade confiscada.

PRIMEIRO CONSTRANGIMENTO: Ao desembarcarem no manicômio eram separados por sexo e desprovidos de suas roupas. Esse era o primeiro constrangimento. Depois passavam por um banho coletivo e recebiam o uniforme. Depois, eram separados por pavilhões de acordo com as suas características e capacidade de trabalho.

REBATIZAMENTOS: Sem documentos, eram rebatizados pelos funcionários. O tratamento não era especializado e havia poucos psiquiatras trabalhando. Postos de trabalho eram trocados por votos dados aos coronéis de Barbacena. O hospital era um grande curral eleitoral.

HISTÓRIA DE GERALDA: Umas das mais tristes histórias deste capítulo trágico de uma era de trevas no Brasil, em um lugar onde os Hitlerianos; “discípulos de Hitler” faziam suas vítimas... Geralda Siqueira Santiago Pereira, sessenta e dois anos. Aos quinze anos, ela deu à Luz João dentro do hospital Colônia de Barbacena. Interná-la foi a alternativa encontrada pelo patrão que a estuprara e não queria assumir o filho.

Depois do estupro, logo a gravidez foi descoberta e familiares do patrão começaram a articular uma saída. A mais fácil foi mandar a gestante para longe, para um local de onde não pudesse mais sair. Foi levada ao holocausto por duas freiras amigas da família. Na entrada do seu pavilhão já deparou com mulheres nuas pisando descalças no chão coberto de fezes. Este era o seu novo “lar”.

No primeiro dia, mesmo grávida, tomou um eletrochoque para “amansar”. João Bosco nasceu em 21 de outubro de 1966. Dois anos depois, Geralda recebeu alta, mas não pôde levar a criança.

TORTURAS E EXPERIMENTOS:

Vivendo por longos 10 anos as torturas aos experimentos de drogas que eram testadas nos pacientes, e você me pergunta como em um índice de mortes tão grande seu pai saiu de lá vivo e apto para novamente viver na sociedade? Como apesar das terríveis lembranças não reveladas no silencio de um olhar triste e meigo? Um pai amoroso, trabalhador que me cercou de carinho, como sobreviveu no chamado holocausto brasileiro?

Eu te respondo um milagre que me trouxe a existência onde Deus em sua infinita bondade me deu como presente ao melhor pai do mundo. Meu pai homem gentil e companheiro, chegado ao carteado, músico por excelência com sua sanfona de oito baixas. Por fui cercado de carinho, pois tudo aquilo que foi negado ao meu pai recebi em dobro de sua atenção e carinho!!!

RELATOS E FATOS DO HOSPITAL DA MORTE:

Relato de alguns fatos do hospital de loucos da cidade de Barbacena; A obra da jornalista mineira Daniela Arbex, conta assombrosas histórias de pessoas que morreram ali - Foram cerca de 60000 ao longo de oito décadas, segundo o governo estadual, com base nos registros do hospital - Ou que sobreviveram em condições desumanas. Inaugurado em 1903, o Colônia foi o primeiro hospício de Minas Gerais, instalado no município a 169 quilômetros da capital, na Serra da Mantiqueira...

Seu funcionamento, no entanto, se assemelhava mais ao de um campo de concentração. Na década de 30, o hospital abrigava 25 vezes mais internos que sua capacidade permitia. Para driblar a superlotação, a direção substituiu camas por capim, que ocupava menos espaço. Por falta de roupas, muitas pessoas circulavam nuas. 

A comida era escassa e da pior qualidade. Os filhos das internas eram entregues, sem autorização, para adoção por outras famílias. Durante a década de 70, os corpos dos mortos eram vendidos às faculdades de medicina do estado...

E para fazer o maldito dinheiro havia mortes por encomendas, onde as pessoas indesejadas na sociedade tinham seus passaportes somente de ida, pois o próximo destino era os sacos com seus corpos mutilados e maltratados. O preço das vidas era referente ao que se pagavam no mercado da época um valor restrito e impiedoso, valiam mais mortos do que vivos esta era a questão!!!

OBS: Meu pai viveu entre as sanidades em meio às barbaridades e holocausto, tristezas e dores no porão dos loucos por cerca de; 3650 dias longe da família, jogado e abandonado pela sociedade sofrendo as barbáries e insanidades humanas.

ÉPOCA DA CHAMADA ERA DE VARGAS: 

Nesta época chamada Era Vargas foi o período da história do Brasil entre 1930 e 1945, quando Getúlio Vargas governou o Brasil por 15 anos e de forma contínua. Compreende a Segunda República e a Terceira República (Estado Novo). Essa época foi um divisor de águas na história brasileira, por causa das inúmeras alterações que Vargas fez no país, tanto sociais quanto econômicas.

A Revolução de 1930 marcou o fim da República Velha (com a deposição do presidente Washington Luís; a revogação da constituição de 1891, com o objetivo de estabelecer de uma nova ordem constitucional; a dissolução do Congresso Nacional; intervenção federal em governos estaduais e alteração do cenário político, com a supressão da hegemonia até então apreciada por oligarquias agrárias de São Paulo e Minas Gerais) e sinaliza o início da Era Vargas (tendo em conta que, após o triunfo da revolução, uma junta militar provisória cedeu o poder a Vargas, reconhecido como o líder do movimento revolucionário).

A Era Vargas foi composta por três fases sucessivas: o período do Governo Provisório (1930–1934), quando Vargas governou por decreto como Chefe do Governo Provisório, cargo instituído pela Revolução, enquanto se aguarda a adoção de uma nova constituição para o país, o período da constituição de 1934 (quando, na sequência da aprovação da nova constituição pela Assembleia Constituinte de 1933-1934.

Vargas foi eleito pela assembleia ao abrigo das disposições transitórias da constituição como presidente, ao lado de um poder legislativo democraticamente eleito) e o período do Estado Novo (1937-1945), que começa quando Vargas impõe uma nova constituição, em um golpe de Estado autoritário, e dilui o congresso, assumindo poderes ditatoriais com o objetivo de perpetuar seu governo.

A deposição de Getúlio Vargas, do seu regime do Estado Novo em 1945 e a posterior redemocratização do país, com a adoção de uma nova constituição em 1946 marca o fim da Era Vargas e o início do período conhecido como Quarta República Brasileira. Posteriormente, Vargas ainda voltaria à Presidência da República, eleito por voto direto, e governaria o Brasil por três anos e meio: de 31 de janeiro de 1951 até 24 de agosto de 1954, quando se suicidou, com um tiro no coração, em seu quarto, no Palácio do Catete, na cidade do Rio de Janeiro, então capital federal.

ALEM DOS MUROS DA CIDADE DOS LOUCOS:

Com variedades de histórias, o Estado de Minas apresenta a série “Além dos Muros”, que retrata pacientes que saíram da internação de longo prazo e hoje vivem em sociedade graças a iniciativas da rede substitutiva, implantadas na continuidade da reforma psiquiátrica, na década de 1990. 

São pacientes que, antes da Lei 10.216, de 2001 – chamada de Lei Paulo Delgado, que definiu a extinção progressiva de manicômios no país, viviam confinados em hospitais, muitas vezes em condições subumanas, como no Centro Hospitalar Psiquiátrico de Barbacena (CHPB), o Hospital Colônia, onde morreram mais de 60 mil pessoas até o fim dos anos 1970.

UM INTERNO FAMOSO HELENO DE FREITAS O GILDA:

Craque, gênio e polêmico. O mineiro Heleno de Freitas foi um dos maiores ídolos do Botafogo e um dos melhores jogadores de todos os tempos do futebol brasileiro, mas nem assim ficou milionário e acabou morrendo em 1959, no dia 08 de novembro, abandonado na casa de saúde São Sebastião, em Barbacena-MG, onde estava internado desde 1954 devido a problemas mentais. Heleno de Freitas nasceu em 1920 em São João Nepomuceno, Minas Gerais. Começou nos juvenis do Fluminense.

Nervoso em campo e boêmio fora dele, Heleno se irritava com o apelido que ganhou: Gilda (personagem da atriz americana Rita Hayworth). Por não suportar a dor da derrota, chegou muitas vezes a discutir com os próprios companheiros, em suma, um profissional com alma de amador. Marcou 204 gols pelo Fogão em 233 jogos. Além do Botafogo, clube que defendeu de 1945 a 1948 e 1950, o centroavante atuou pelo Vasco (1949), Boca Juniors, da Argentina (1951), América do Rio (1951), Atlético Barranquilla (1951 e 52) e Santos (1953). Na carreira, disputou 186 jogos oficiais.

SEUS ÚLTIMOS DIAS DE VIDA:

Na sua brilhante e agitada trajetória, também marcada por diversas expulsões e confusões em campo, Heleno conquistou apenas um título: o Carioca de 1949. Pela seleção brasileira marcou 15 gols e ao todo, na carreira, fez 265. Heleno passou os últimos anos de vida internado em um sanatório. Confira alguns relatos da agonia do ex-centroavante que brilhou no futebol e morreu esquecido.

Trechos retirados do livro "Nunca Houve um Homem como Heleno", escrito pelo jornalista Marcos Eduardo Neves e publicado pela editora Ediouro. Nas dependências da casa da saúde, Heleno tornara-se agressivo, xingava as pessoas à toa. Um dos enfermeiros contaria que, num acesso de demência, chegou a botar quatro cigarros acesos na boca e dois nas narinas. Passou a rasgar as próprias roupas e volta e meia andava nu pela casa.

Em seus últimos dias, Heleno esteve mudo e afásico. Tudo era melancolia, silêncio, tristeza. Agonizava. Suas unhas tornavam-se roxas, em sinal preventivo de que a morte se aproximava. A linguagem do olhar, a mais sincera das linguagens, por seu estado profundo e humano, revela sua dor, sendo todos, ao seu lado, impotentes para reanimá-lo.

Na manhã de 8 de novembro de 1959, um domingo como tantos em que Heleno encantou plateias, o enfermeiro foi levar-lhe o café da manhã e o encontrou morto. Após quatro anos, dez meses e 25 dias de tratamento, os médicos constataram o óbito, aos 39 anos, por paralisia progressiva. Ali morreu um ídolo famoso e conhecido entre tantos desconhecidos que tiveram o mesmo destino a morte silenciosa e na solitária...

A VIAGEM DOS EXCLUÍDOS:

Na estação um trem com muitos passageiros: Faziam uma viagem sem volta, meu pai a mais de 60 anos atrás desembarcou no chamado trem de doido, para o lugar chamado hoje pelo nome de holocausto brasileiro com mais de sessenta mil mortos e esquecidos por todos inclusive alguns que foram excluídos na memória de seus parentes.

FICA O REGISTRO DE ALGUNS RELATOS:

ESCULTORA FRANCESA CAMILLE CLAUDEL: Em 1913, a escultora francesa Camille Claudel, 49 anos, foi internada em um manicômio por sua família após uma crise na qual quebrou suas obras. Camille foi diagnosticada com paranoia, apresentava delírios nos quais se sentia perseguida, achava que seu ex-amante, o escultor Auguste Rodin, roubaria suas esculturas e tinha pensamentos suicidas.

A escultora passou por dois manicômios nos últimos 30 anos de sua vida e somente “libertou-se” do cárcere aos 78 anos, quando, ainda interna, morreu de fome, em 1943, como aconteceu com muitos pacientes por causa da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Assim como a escultora francesa Camille Claudel, 60.000 morreram no Brasil no lugar chamado holocausto brasileiro, morreram inclusive muitos de fome...

RELATO DO CABO ANTONIO:

Antônio Gomes da Silva, atualmente com sessenta e oito anos, um dos sobreviventes do hospital. - Ele conta; recordava-se sempre do início das sessões, quando era segurado pelas mãos e pelos pés para que fosse amarrado ao leito. Os gritos de medo eram calados pela borracha colocada à força entre os lábios, única maneira de garantir que não tivesse a língua cortada durante as descargas elétricas.

O que acontecia após o choque o Cabo não sabia. Perdia a consciência, quando o castigo lhe era aplicado. O colega Antônio da Silva, o Toninho, lembra bem o que acontecia depois que o aparelho era ligado. Ele via os companheiros estrebucharem quase como se os olhos saltassem da face. Tamanha era a crueldade destes castigos a homens trabalhadores e honesto com síndromes que seriam facilmente diagnosticadas e tratadas, mas a indústria da morte e dos experimentos não podia parar e precisavam de matéria prima que era os humanos pobres e infelizes!!!

MULHERES NUAS CLAMAVAM POR SOCORRO: 

Mulheres nuas presas as janelas no hospital colônia, acena atrás de grades como se estivessem clamando por ajuda sem serem atendidas. Vivendo suas vidas privativas e entorpecidas pelos experimentos de dosagens medicinais que muitas chegavam a matar ate chegar a denominador comum. As mortes aconteciam por fome, frio, doenças e até por eletrochoques. A alimentação era precária. O aspecto da comida era tão repugnante que o psiquiatra e psicanalista Francisco Paes Barreto ao conhecer o hospital em 1965, quando faria uma pesquisa, perguntou ao cozinheiro:

“Ué! Vocês criam porcos aqui?” “Não. Isso aqui é a comida dos pacientes”. Por causa da fome os pacientes comiam ratos e bebiam água do esgoto, que ficava aberto no pátio do hospital, e urina. As crianças internas bebiam leite até vomitarem, no dia que este era servido. A Colônia também lucrava com a venda de cadáveres para os cursos de Medicina. Entre 1969 e 1980 foram vendidos 1.823 corpos, sem autorização dos familiares das vítimas...

A SUCURSAL DO INFERNO OU PORÃO DA LOUCURA:

O resgaste de uma história: quem vai pagar por isto, pelo sofrimento de meu pai, minha mãe e meus irmãos? Parte do livro da minha vida que conta a história de meu pai José Oswaldo de Souza, o Major que viveu por longos dez anos em um lugar chamado a sucursal do inferno ou porão da loucura, que transformou uma síndrome simples em um tormento sem fim.

Momentos da história de nossa família pacata e humilde transformando meu pai de um pacato trabalhador que gostava de criar animais em um louco encarcerado e sendo tratado de maneira sórdida, com experimentos de remédios que trouxe a morte a muitos e torturas com choques elétricos a um homem que o único crime era ser trabalhador e honesto e pai de família exemplar...

Um ano antes de meu nascimento todo aquele sofrimento estava para acabar, uma injeção proposta por um dos médicos caríssima onde minha mãe uma humilde mulher que vivia e criava os filhos com as roupas que lavava que deu a luz a doze filhos e criou uma sobrinha, minha querida irmã de criação Geni que eu amava muito (falecida em acidente de carro aos 23 anos) aonde dos doze filhos somente seis chegou a sobreviver...

Dona Nivalda uma mulher coragem e espelho de minha vida, descendente indígena pobre que era na roça colhedora de café que derriçava na mão que ficava ferida e em carne viva com os cortes abertos, humilha-se pedindo a ajuda financeira a familiares e amigos para pagar aquele experimento que poderia por certo trazer o óbito ao meu querido e amoroso pai, que naquele momento o experimento graças a deus deu certo.

Recebeu alta da colônia sendo um dos poucos de seu pavilhão a sair com vida, sobrevivendo e retornando para nossa casa com uma vida seminormal entre lucidez e devaneios...

TREM DE DOIDO: Sem qualquer critério para internação, os deserdados sociais chegavam a Barbacena de trem, vindos de vários cantos do país. Eles abarrotavam os vagões de carga de maneira idêntica aos judeus levados, durante a Segunda Guerra, para os campos de concentração nazista de Auschwitz, na Polônia. Os considerados loucos desembarcavam nos fundos do hospital, onde os guarda-freios desconectava o último vagão, que ficou conhecido como “trem de doido” (nos anos 40 em um destes vagões estava meu pai José Oswaldo de Souza conhecido com Major).

A expressão, incorporada ao vocabulário dos mineiros, hoje define algo positivo, mas, na época, marcava o início de uma viagem sem volta ao inferno. Wellerson Durães de Alkmim, 59 anos, membro da Escola Brasileira de Psicanálise e da Associação Mundial de Psicanálise, jamais esqueceu o primeiro dia em que pisou no hospital em 1975. Eu era estudante do Hospital de Neuropsiquiatria Infantil, em Belo Horizonte, quando fui fazer uma visita à Colônia ‘Zoológica’ de Barbacena.

Tinha 23 anos e foi um grande choque encontrar, no meio daquelas pessoas, uma menina de 12 anos atendida no Hospital de Neuropsiquiatria Infantil. Ela estava lá numa cela, e o que me separava dela não eram somente grades. O frio daquele maio cortava sua pele sem agasalho. A metáfora que tenho sobre aquele dia é daqueles ônibus escolares que foram fazer uma visita ao zoológico, só que não era tão divertido, e nem a gente era tão criança assim. Fiquei muito impactado e, na volta, chorei diante do que vi.

QUEM VAI PAGAR PELA BARBÁRIE?

A cidade de Barbacena ignorou isso por muito tempo, até tentou apagar esta história triste de sofrimentos, mortes e torturas, mas o certo é que se faturou muito dinheiro com a indústria da morte.

Hoje se criou o museu da loucura, mas vive fechado para reforma, agora pergunto, reforma? Ou para encobrir uma história de assassinatos por encomendas? Pois se alguém quisesse ficar livre de uma pessoa sem escrúpulo nenhum eram enviados no chamado trem de doido (que hoje entre os mineiros, esta verdade triste de sofrimentos de famílias virou motivos de piadas insensíveis de botequim). A pessoa que era levada de lá não mais saia, pois aquela viagem era sem volta...

REFORMAR O QUE?

Reformar o que? Não se reforma uma história de vida ceifada da sociedade, de quem é a culpa? Quem vai pagar por isto? Holocausto brasileiro: 60 mil morreram em manicômio de Minas Gerais: Hospital Colônia de Barbacena. Crédito: Geração Editorial/divulgação. Foram pelo menos 60 mil mortes no hospício, onde apenas 30% dos “pacientes” tinha diagnóstico de doença mental.

A maioria dos internos fazia parte de minorias excluídas do convívio social, como epiléticos, mendigos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas, meninas grávidas violentadas ou que perderam a virgindade antes do casamento. A instituição foi criada em 1903 com 200 leitos, e alcançou a marca de cinco mil pacientes na década de 1960...

NOTA: O hospital foi construído na antiga fazenda da caveira, que pertencia ao conhecido na história brasileira como o delator dos inconfidentes; Joaquim Silvério dos Reis; como vemos por isto que começou bem o campo de concentração no Brasil. Esta história é em memória do meu já falecido pai José Oswaldo de Souza o 'MAJOR' que sofreu humilhações terríveis...

Muitas pessoas pensam que tudo isto são fantasias e imaginações, vivem em seus jardins floridos que não imaginam e se esquecem de que nos jardins floridos da vida tem espinhos e estrumes, sujeiras e sofrimentos, e animais peçonhentos transvestidos de jardineiros, por: Oswaldo Souza; filho do homem que tinha o apelido de Major meu grande herói da minha vida...

Leia a matéria completa em: Holocausto brasileiro: 50 anos sem punição (Hospital Colonia) Barbacena-MG – Geledés Follow us: @geledes on Twitter | geledes on Facebook

http://www.academia.edu/5835399/Daniela_Arbex_-_Holocausto_Brasileiro_Vida_Genocidio_e_60_Mil_Mortes_no_Maior_Hosp%C3%ADcio_do_Brasil

http://www.academia.edu/5835399/Daniela_Arbex_-_Holocausto_Brasileiro_Vida_Genocidio_e_60_Mil_Mortes_no_Maior_Hosp%C3%ADcio_do_Brasil

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A VELHA SANFONA DE OITO BAIXAS: história da minha vida... 

Está vendo aquele homem? Com um olhar triste fixado no horizonte com os lombos encurvados pelo cansaço da vida e lida, andar lento com passos arrastados de quem já sofreu e trabalhou incessantemente pelo pão de cada dia. Uma voz de taquara rachada, embaçada e rouca que tanto me ensinou o caminho certo a seguir, tantas histórias contadas aos longos dos anos onde ele se deitava em seu colo com um olhar feliz e deslumbrado com suas estórias de reis e príncipes...

Agora ele pega a velha sanfona e toca divinamente naquele pequeno e surrado instrumento a sanfona de oito baixas que expressa às tristezas e amarguras do velho Jeca, sua música preferida chamava-se saudade do matão e o som com harmonia e graça enchia todo o nosso quarto, meu olhar de orgulho e admiração mirava naquele rosto cheio de rugas que escrevia em seu rosto uma vida de lutas e sofrimentos, agora o velho sanfoneiro com seus olhos rasos d’água tocava as teclas pequenas do instrumento para contar suas magoas e saudades...

Aquele homem valoroso de mãos calejadas pelo duro trabalho da lida pegava nas horas de folga os velhos guarda-chuvas dos vizinhos para consertar e reformar costurando seus panos (tecidos) com aquela calma que lhe era peculiar, trocava as varetas, reformava os cabos, trocava os gatilhos e as ponteiras (quando estouram). De repente não mais que de repente ajeitava o seu velho chapéu de couro dos tempos que candeava boi pelas estradas empoeiradas da roça, meu pai saia para o velho carteado com os amigos...

Sentado ao entardecer ao lado do portão de madeiras a sombra da grande trepadeira com seu sombreado, rosto ansioso os olhos de criança voltados para a entrada da rua chamada do meio da fazenda Tapera Alta, de repente surgia aquele homem cansado de mais um dia de labuta carregando seus baldes cheirando a leite, corria com aquelas pernas pequenas ao encontro daqueles braços entre sorrisos de alegria estendia minha pequenina mão e na mesma hora recebia uma pequena moeda trocada por doces e balas. O velho homem estava de volta ao lar...

A noite aquele homem ligava seu radio antigo que logo soava os seus sons de violas e cânticos sertanejos embalando a harmonia da família, o velho lampião de querosene era aceso com seu peculiar isqueiro de pedra e o lampião soltava sua fumaça preta enchendo o cômodo de chão batido com aquele cheiro de óleo. 

O silencio enchia a casa começava a radionovela que todos amavam e ao som das ondas sonoras do velho radio contava a estória do Jeronimo o herói do sertão que contava as lutas contra o crime do valente sertanejo e seu amigo o fiel Saci. Quando terminava o dia a luz do lampião era soprada e a escuridão tomava conta do velho casebre de pau a pique...

ESTÁ VENDO AQUELE VELHO HOMEM SANFONEIRO COM SUA VELHA SANFONA DE OITO BAIXAS NA MÃO? ESTE HOMEM ERA O MEU PAI...

MEU COLCHÃO DE PALHA: 

Sou filho com muita honra e orgulho de um casal que viveu grande parte de sua vida na roça, meu pai era os que chamavam de candeeiro (Pessoa que vai à frente da boiada ou carro de boi levando uma candeia para iluminar o caminho) de boi e seguia como guia a frente da boiada na difícil arte de conduzi-los, minha mãe era o que chamavam de apanhadores de café que era um serviço sazonal nas colheitas e derriçagem do café desde sua remota infância, não tinha bonecas e sim o trabalho duro da mulher do campo e que trabalhava nos roçados...

Meu pai é originário de um arraial chamado boa Vista onde viveu sua infância lidando com os animais fazendo o duro trabalho de peão e candeeiro, minha mãe originaria de um arraial de negros possivelmente um antigo quilombo, pois ficava em um lugar escondido e de difícil acesso chamado Botafogo (hoje tombada com uma terra Quilombeiras) onde lidava com a dureza do campo, os dois lugares ficam hoje próximo a uma cidade mineira chamado Tabuleiro, cujo cemitério abriga os restos mortais de minha irmã de criação Geni que amava muito e foi um grande sofrimento ao saber de sua morte prematura aos 23 anos de idade...

No dia do meu nascimento em uma época que era difícil sobrevivência infantil, ao nascer meu primeiro presente foi um pequeno colchão de palha de milho de origem caseira onde minha mãe confeccionou com barbantes e panos de saco de linhagem de fibras de juta que eram usados para armazenar os grãos do milho, como não tinha cama colocaram dois cavaletes de madeiras rústicas e em cima do rústico artefato colocou uma porta velha de madeira pequena onde abrigou meu pequeno e saudoso colchão de palha de milho.

Neste berço de cavalete e uma porta velha simples e humilde desenvolveram meus primeiros sonhos de uma vida melhor, tenho o costume de dizer o que a vida me deu hoje é muito mais do que recebi ao nascer; um pequeno e rústico colchão de palha. Seja fiel no pouco e sobre muito Deus te colocara Mateus 25:21...

TERCEIRA IDADE:

Estou chegando ao cúmice do ápice de minha idade a chamada terceira idade, onde o tempo passou sem pedir licença seguindo o curso frenético da vida, engraçado foi em um abrir e fechar de olhos onde vi rapidamente o tempo passar e se multiplicar.

A serenidade toma conta dos meus pensamentos e agora chego ao cume mais alto do arvoredo da minha vida tocada pelos ramos do tempo em que não podemos mais descer do cimo onde estou. A idade dos nobres em uma fuga de dores e as vezes cansaço estou correndo sem olhar pelo retrovisor do meu passado que ficou para trás caminho para o alvo.

No cimo no alto da montanha tudo é paz e na plenitude dos anos encontro a serenidade da bendita e agora rebendita vida lugar sem nuvens ou tempestade do furor da vil mocidade aqui tudo é calmo. Por favor não retoquem minhas rugas pois levei muito tempo para ganhá-las, não pinte meus cabelos embranquecidos pois meus cãs deixa-me com um toque de sabedoria.

Os benditos cãs que como uma neve fria e fugas tocou minha cabeça moldando-a com uma sabedoria do tempo trazendo entendimento nos anos de conhecimento das experiências boas e ruins da longa jornada para chegar a um lugar comum de descanso e tranquilidade. Pois agora com a lira rouca em um soneto de batráquios no som das taquaras sendo rachadas e divididas ouço minha voz embaçada pelo tempo.

Contei o tempo que multiplicando os dias formaram os anos de minha sobrevivência em momentos inconstantes do meu viver. A velhice é como um tronco ressequido onde um dia abrigou flores, folhas e frutos onde logo renovaram em um lugar onde o tempo e idades cessam e não serão mais nosso inimigo.

Terceira idade, três vezes mais feliz, três vezes mais sábio, três vezes mais sereno, três vezes mais tolerante, três vezes mais quieto e três vezes mais próximo ao meu chamado e ao meu grito de adeus, não me impeça a um alguém que me espera, uma eternidade com Deus...

 

DEUS TE ABENÇOE!!! OSWALDO DE SOUZA....

 

 


 

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