A
igreja no pé da serra aonde ia o irmão chorão, era chamado assim, pois orava e
chorava aos pés do Senhor Jesus Cristo. Quanto tempo se passou a saudade que
ficou dos hinos que cantava da harpa cristã surrada do pastor matuto que falava
nóis vai e nóis fica, pastor simples de chinelo de dedo nos pés e a palavra no
coração. Agora na cidade o irmão chorão lembra com saudade da igreja do
Boqueirão no pé da serra...
Lembra
com saudade e seu coração chora quando ia chegando à noite onde com ansiedade não
via a hora chegar para ir para a pequena igrejinha adorar ao Deus dos símplices
e humildes.
E
quando chegava ele olhava para o altar e as lágrimas já começavam a rolar no
momento sublime e feliz do matuto sonhador. Lembra da cruz, lembra do amor e
gritava feliz, lembra da dor e gritava obrigado meu Senhor...
O
matuto agora em suas lembranças vê seu pastor humilde cabisbaixo meditando na
pregação preparada no coração de Deus que recebeu como revelação com sua enxada
na mão. A igreja calada olhando para seu pastor com os olhos de sofredor
semeando chorando aguardando seus feixes com amor.
A
primeira igrejinha, o primeiro amor do irmão chorão sonhador. Mãos calejadas
que carregava sua bíblia surrada, aguardando as ruas de ouro no paraíso
celestial onde todos serão príncipes e doutor no seu lar celestial do seu
Senhor...
Adeus
vida sofrida, adeus chinelo de dedo, adeus roçado do suor, agora vive feliz o
matuto no seu eterno penhor recebido do seu Deus de amor... Quando você pensa
em igreja o que vem em sua mente? A imponência dos templos faraônicos? Ou na
simplicidade e humildade de um povo? Igreja não são templos e sim pessoas!!! -
A simplicidade e humildade precedem a honra!!!
Deus
não escolhe e salva grandes templo de alvenaria, Deus escolhe e salva pessoas
humildes e humanas para fazer seu templo, morada de seu espírito santo!!!
O
IRMÃO PÉ DE CASCÃO:
José
acorda com os galos, levanta de sua palhoça e vai para o roçado. Sempre com os
pés descalços criando na sola dos seus pés o calejamento da dureza do chão dos
caminhos poeirento das estradas do boqueirão. O irmão José pé de cascão como
era chamado na igreja de sapé e chão batido.
Levava
consigo pro roçado o velho embornal encardido e com cheiro de estrume de vaca.
No embornal coisa pouca só uma broa de fubá um vidro de um recipiente
aproveitado com café pretinho, amargo e sem doce que era como gostava. Uma
bíblia surrada que havia ganho dos missionários, porém o irmão não sabia ler,
mas sabia de cor e salteado seus versículos guardados em tempo de repetição.
Enxada
nas costas seu instrumento e ferramenta de trabalho segue para sua labuta.
Naquele dia específico tinha um roçado no terreno de Seu Manoel português em
sua origem, com seu bigode cheirando a fumo de rolo, com o bafo cheirando ao
rapé que fazia expirar pela manhã. Seu Manoel pede para o José fazer a limpeza,
mas para tomar cuidado com a cascavel que morava no local.
Terminado
o duro e cansativo serviço, ia agora para casa fazer um franguinho com quiabo
para ficar forte, pois tinha culto na igrejinha de chão batido onde seus pés
cascorentos socavam em um louvor e adoração aos Deus dos humildes
trabalhadores. Esquecidos pelos homens, mas lembrados por Deus.
Agora
era hora de se aprontar em um banho na bica do boqueirão, levava uma barra de
sabão para lavar o poeirão e suor da labuta sertaneja. Alegrei quando me
disseram vamos a casa do Senhor.
A
igreja pequena e aconchegando abrigava em seu interior os sertanejos guacos que
sem leitura ouvia a voz do seu pastor. Um home bom e companheiro que largara a
cidade grande para ensinar a palavra de Deus ao povo sofrido e esperançoso da
roça.
A
música preferida de José Cascão era: Adeus roçado, adeus enxada, adeus terra
vermelha da estradinha do boqueirão, pois vou morar no céu. Andar nas ruas de
ouro preparada pros roceiros e doutores.
Lá
não existe adeus ou até breve que se torna eterno na MORADA DO MEU DEUS. Adeus
igreja, igrejinha do roçado vou morar com Jesus na minha casa preparada,
amém!!!
DA
ENXADA AO MOSQUETÃO COM JESUS NO CORAÇÃO. HOMENAGEM AO PRACINHA BRASILEIRO:
Ele
era um homem que vivia no roçado, mãos calejadas da enxada sua companheira
diária de sol a sol, saia pela manhã com sua marmita presa ao embornal semeando
aquilo que seria o alimento das casas de seu povo, mãos marcadas pelas feridas
do cafezal, homem simples e mateiro.
Conhecia
todas as plantas e arvores nativas de sua região, homem bom, hospitaleiro e
trabalhador que carrega em si a honestidade aprendida pelo seu velho pai, que
recebia um beijo na mão e um sonoro “bença pai” que era respondido com um “Deus
te abençoe”, pelo ancião matuto que um dia desbravou aquelas terras.
NO
COSTUME DO ROÇADO A BENÇÃO DO PAI E A BENÇÃO DA MÃE ERAM IMPORTANTES E TODOS SE
SENTIAM ABENÇOADO!!!
Mas
um dia os pés descalços foram trocados pela dura botina do exército e sai o
roceiro largando sua dura lida diária trocada à enxada pelo mosquetão e pelos
estridentes ruídos dos canhões.
Não
conhecia carro e nem avião viaja para uma terra longínqua longe dos seus
familiares da roça troca agora a moringa ou o coité pelo cantil, troca sua
enxada pelo fuzil logo ele aquele homem sereno e calmo de fala arrastada que
nunca matou um animal que não fosse para comer.
Não
é chamado mais pelo nome ou apelido dos cafezais e roçados agora é chamado por
o pracinha Brasileiro, ou pelo número de sua surrada e agora suada gôndola seu
blusão grande e mal cortado, mas o suor não é mais da lida do campo e arado,
pois agora esta no campo hostil de uma guerra que não era a sua cheia de
violências era o lugar de sua luta pela sobrevivência.
A
ORAÇÃO FAZIA PARTE DO SEU COSTUME DIARIO, MATANDO A SAUDADE DOS FAMILIARES E DA
IGREJA PEQUENA DO BOQUEIRÃO!!!
Carregava
em seu embornal um pouco da terra vermelha do lugar onde nasceu e viveu que um
dia espera voltar, onde nas horas de saudades segurava aquela terra e olhava
para apagada foto do seu velho pai, que todos os dias aguardava ansioso por sua
volta sentado nos degraus de entrada com o rosto triste e saudoso encostado na
soleira da porta.
ORANDO
E CHORANDO COM SUAS PALAVRAS ARRASTADAS DO SUJEITO DO MATO. ORAÇÃO ENSINADA
PELO PASTOR DE CHINELO DE DEDO EM SUA SIMPLICIDADE!!!
Numa
manhã de bombardeio nosso desconhecido herói cristão é atingido e vê seu sangue
misturar com a terra que não era a sua, beija a foto do velho pai segura a
bíblia com sua mão calejada agora suja de seu sangue que mistura a sua
verdadeira terra, a terra de seu lugar o velho roçado com sua igrejinha e
amigos e irmãos.
Neste
momento longe dos seus ele dá o seu último suspiro e morre o pracinha
brasileiro soldado 394 do batalhão de infantaria.
O
CÉU UM AGURDAVA COM OS ANJOS EM UNISSONO SOM DIZENDO AO PRACINHA MATUTO
CRISTÃO: SEJA BEM-VINDO AO SEU LAR CELESTIAL NÃO COM TERRA VERMELHA, MAS
ESTRADAS DE OURO!!!
Alguns
dias se passam e seu velho pai não recebe o seu filho de volta e sim uma
bandeira que o pracinha Brasileiro cristão dignificou até a morte, a mesma
bandeira queimada, pisoteada e desonrada por muito políticos corruptos e sem
caráter de nossa ignorante atualidade...
NESTE
DIA JUNTO Á SUA FAMILIA A IGREJA PEQUENA DO BOQUEIRÃO CHORA A MORTE DE SEU
IRMÃO!!!
NOSSA
MISSÃO DA IGREJA PEQUENA DO BOQUEIRÃO:
O
pastor de chinelo de dedo e camisa surrada pregou hoje na igreja do roçado seu
sermão: Nossa missão é levar paz ao cansado. Levar consolo ao desconsolado. É
levar vida onde habitar a morte. Levar água ao sedento. Levar alegria a aquele
que esta triste...
Nossa
missão é levar a verdade onde existe o engano. Levar uma mão amiga ao que
estiver caído. É levar o amor ao que só recebeu ódio. Levar esperança aos
desesperados. Levar justiça aos injustiçados...
Nossa
missão é levar harmonia para as famílias. Levar união aos desunidos da vida. É
levar a amizade para aquele abandonado por todos. Levar a prosperidade do
Senhor aos necessitados. Levar saúde ao que estiver enfermo e doente...
Nossa
missão é ter compaixão com aquele que errou e perdoar aquele que nos ofendeu,
mostrar misericórdia que é olhar com os olhos do coração as necessidades do
próximo.
A
gloriosa missão para a IGREJA PEQUENA DO BOQUEIRÃO é levantar da nossa zona de
conforto e sair enfrentando estradas com chuvas e sol, frio e calor sendo
preparados como obreiros do senhor feitos como o aço temperado pelo fogo e pela
água. Caminhantes errantes que foram abençoados para abençoar e salvos para
salvar...
NOSSA
MAIOR MOTIVAÇÃO DA IGREJA PEQUENA DO BOQUEIRÃO:
Naquilo
que falamos procuramos descrever os eventos relatados na bíblia de acordo com
minha visão expositora dos fatos, muitas vezes através de nossas frases que são
dirigidas aos ouvintes com isso estabelecendo entre nós uma mensagem real
conforme nossos pensamentos e entendimentos. Sem criticar seu credo, fé ou
religião, apenas com o intuito de abençoar sua vida...
Nosso
interesse não é fazer proselitismo, pois nossa ação ou nosso empenho não é
tentar converter uma ou várias pessoas em prol de nossa determinada causa,
doutrina, ideologia ou religião, mas em proclamar as virtudes de Deus que nos
chamou das trevas para sua maravilhosa luz.
Não
usamos com nossas narrativas de fatos bíblicos em técnicas de persuasão muitas
vezes antiéticas, humanas e intelectuais...
Portanto
nossa MAIOR MOTIVAÇÃO é abençoar, pois fomos abençoados, e salvos. E com a
palavra de Deus recebemos nossa salvação em Cristo Jesus pelo aprendizado real
bíblico, NA IGREJA PEQUENA DO BOQUEIRÃO...
COMO
DIZEM OS POETAS NAS MÚSICAS:
IGREJA
PEQUENA: Me lembro com saudade e às vezes meu coração chora. Vai chegando à
noite, eu não vejo a hora. De ir para igreja adorar a Deus. E quando chego olho
pro altar, vejo o pastor sentado.
Olhando
pra igreja que está calada. Vejo em seus olhos um olhar sofredor. Porque se
lembra com saudades da primeira igrejinha. Que era pequena e apertadinha. E não
existia luz pra clarear...
Mas
quando o pastor pregava o céu se abria. A igreja orava e o poder caía. Aquela
que era igreja de oração. Igreja pequena, onde Deus falava. O poder caía e a
Sua igreja Jesus visitava.
Onde
está agora aquela igrejinha? Que o louvor subia. E no mesmo instante o poder
caía. Eu sinto que esta igreja é como a de outrora. As crianças cantam e também
dão glórias. E a mocidade é firme na fé...
E
quando esta igreja clama, o Senhor responde. Descendo Sua glória e o Seu poder.
Fazendo milagre acontecer. E hoje o pastor desta igreja se encontra feliz. Vai
ensinando o que a Bíblia diz. Mantendo sua igreja firme e fiel. E toda igreja
em oração, prossegue prudente. Em consagração, marcham para frente. A igreja
que ora vai morar no céu...
Igreja
pequena, onde Deus falava. O poder caía e a Sua igreja Jesus visitava. Onde
está agora aquela igrejinha? Que o louvor subia. E no mesmo instante o poder
caía. Aleluia!!! - Fonte: Musixmatch... Compositores: Josias Moreira Barbosa
IGREJA
VELHA: Igreja velha que saudade imensa. Aquele tempo que bem longe vai. Quando
você existia aqui. Recordações hoje traz pra mim. Igreja velha que saudade
imensa. Daqueles dias que você deixou. Igreja velha não existe mais.
Amar
a Deus você me ensinou. Igreja velha não existe mais. Amar a Deus, você me
ensinou!!! Igreja velha quando eu me lembro. Do grande amor que você me deu. Passar
os anos eu não me esqueci. Recordações hoje trás pra mim. Igreja velha não vou
esquecer.
Que
foi você quem me ensinou a amar. Igreja velha você não morreu. Dentro de mim,
você viva está. Igreja velha você não morreu. Dentro de mim, você viva está. (Mas
que saudade! mas que saudade imensa!!!
É
isto mesmo minha velha igreja. É a saudade que está de dentro de mim. Quando me
lembro daqueles dias maravilhosos. Você me amava, como também me ensinou a
amar.
Olha,
as coisas por aqui hoje estão muito diferentes. E com grandes saudades, também
lembro de você. Obrigado minha igreja, por tudo o que você fez por mim. Você
continua aqui dentro de mim, muito obrigado!!!
Igreja
velha quando eu me lembro. Do grande amor que você me deu. Passar os anos eu
não me esqueci. Recordações hoje trás pra mim. Igreja velha não vou esquecer. Que
foi você quem me ensinou a amar.
Igreja
velha você não morreu. Dentro de mim, você viva está. Igreja velha você não
morreu. Dentro de mim, você viva está... Fonte: Musixmatch. Compositores: Jair
Pires Da Silva.
No
proseado do sertão meu pai me contava as prosas do carreirão. Meu pai ponhava
nas manhãs de revoadas dos pássaros, o boi velho com o boi novo na carroça de
atrelado. E pergunto o porquê desta prática da roça: Meu pai respondeu na letra
de uma canção: Fui buscar um boi de carro. Que estava na prisão. Pra levar pra
matadouro. A pedido do patrão.
Isto
era ontem na vida do sertanejo e é na vida da igreja atual, depois de velho
cansado, mas com toda experiência de uma vida o homem de Deus passa a ser
considerado ultrapassado. E começa a valorizar o novo e bunito e bom no
proseado, mas que nunca viveu o que era pregado.
Despreza
e a igreja perde a quantidade de ensinamentos na mente dos velhos pastores
sonhadores. Meu velho dizia assim o boi novo anda desnorteado e boi velho anda
em linha reta.
O
boi velho criou a reta carreirão, o boi novo como aquele que manqueja criou a
estrada poeirenta e sinuosa e aí aprendemos a história do bezerro manco. O
bezerro manco sobe morro acima e para facilitar, pois estão acostumadas as
coisas rápidas e fáceis.
Vai
subindo de carreirinha e zig e no zag ora para direita e ora para a esquerda
sem um rumo certo. Formando aí o que chamamos o caminho do bezerro manco.
Pegar
rota ou estrada errada perder- se, tomar uma decisão errada. Comprido que só
vida de pobre. Muito longo. Conché. Manco. Concheba. Manco, coxo.
O
manco cria caminho cheio de curvas e aquele caminho torna-se uma estrada, e
depois uma avenida e depois o estradão que leva para o mundão torto com o
caminho zigzagueado do bezerro novo. Háaaa se ao menos ele parasse e
perguntasse ao boi novo e aí em pedido de ajuda facilitava a caminhada do povo
da cidade....
Outra
coisa não se lança fora o ferro que Deus afiou, pois, afiado ele afiara o ferro
sem fio para afiar, ou endireitar e assim numa vida melhorada. Quando eu joguei
o laço, O animal pra mim olhou, O que ele me falou.
Foi
de cortar o coração: Me disse assim portador, Destino triste é o meu, eu não
sei por qual motivo. O meu patrão me vendeu, ajudei a tanta gente. Fui escravo
do roçado, Depois de velho e cansado, ninguém me agradeceu...
Gratidão
arquivo em falta no mercado da vida. Vou contar uma história aqui; em um
naufrágio de uma barca na noite fria de inverno muito caiaram nas águas fria do
rio. Um moço forte bondoso e corajoso pulou nas águas geladas salvando muitas
pessoas das águas geladas.
Passaram-se
vinte anos aquele rapaz hoje já um senhor de idade foi entrevistado por um
reporte da tv. O triste e fatídico fato deixou o homem bondoso em um cadeirante
por causa da hipotermia das águas supergeladas.
Como
ele estava sentindo em ser um salvador de muitas pessoas: Ele respondeu feliz e
triste, porque nem uma destas pessoas voltaram para agradecer o seu feito.
Ingratidão simplesmente ingratidão!!!
Ao
lado do boi vapor, O meu primeiro parceiro. Só puxava o carro cheiro,
obedecendo ao carreiro, na passagem do riacho, me ajoelhava no barro, ou
desatolava o carro, ou quebrava o tanoeiro...
Quantas
coisas os homens de Deus fizeram por sua vida e agora descansa esquecido pelos
ingratos. Quem trabalhava comigo, batia por desaforo, cortava meu corpo
inteiro. Com um chicote de couro, Invés de me libertar, para morrer no cercado.
Meu
sangue vai ser jorrado, nas tábuas de um matadouro... Assim como Jesus Cristo
morreu em uma cruz, perdoando a humanidade sem ser por muitos grateados!!!
Deus
te abençoe!!! Oswaldo de Souza...
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