FONTE: Livro Juiz de Fora: Vivendo a História, da professora e pesquisadora
da UFJF Mônica Ribeiro de Oliveira/ Outro Histórico é de Carlos Alberto
Hargreaves Botti (1994), extraído da Companhia Mineira de Eletricidade.
Companhia Energética de Minas Gerais, Centro de Pesquisas Sociais, UFJF, pp.
19-20/ Anuário 2004...
DATAS HISTÓRICAS:
Desmembrado de Barbacena e
elevado à categoria de município em 31/05/1850. Instalado em 07/04/1853. Data
da comemoração: 31/05. Padroeiro: Santo Antônio (13/06)...
O período de
maior crescimento de cidades, em toda a História do Brasil, corresponde à
mineração aurífera em Minas Gerais, no início do século XVIII. Antes, era
difícil a criação de uma rede urbana, pois havia restrito comércio colonial,
uma pequena vida cultural e grandes dificuldades de comunicação e transporte
entre as pessoas.
Por volta do
ano de 1703, foi construída uma estrada chamada Caminho Novo. Esta ligava a
região das minas ao Rio de Janeiro, facilitando o transporte do ouro extraído.
Assim, a Coroa Portuguesa tentava evitar que o ouro fosse contrabandeado e
transportado por outros caminhos, sem o pagamento dos altos tributos, que
incidiam sobre toda extração.
O Caminho Novo passava pela Zona da Mata Mineira e, desta forma,
permitiu maior circulação de pessoas pela região, que, anteriormente, era
formada de mata fechada, habitada por poucos índios das tribos Coroados e
Puris.
Às suas margens
surgiram diversos postos oficiais de registro e fiscalização de ouro, que era
transportado em lombos de mulas, dando origem às cidades de Barbacena e Matias
Barbosa. Outros pequenos povoados foram surgindo em função de hospedarias e
armazéns, ao longo do caminho, como o Santo Antônio do Paraibuna, que daria
origem, posteriormente, à cidade de Juiz de Fora.
Nesta época, o
Império passa a distribuir terras na região, para pessoas de origem nobre,
denominada sesmarias, facilitando o povoamento e a formação de fazendas que,
mais tarde, se especializariam na produção de café. Em 1853, a Vila de Santo
Antônio do Paraibuna é elevada à categoria de cidade e, em 1865, ganha o nome
de cidade do Juiz de Fora.
ORIGEM DO NOME JUIZ DE FORA
Este nome tão
característico - Juiz de Fora - gera muitas dúvidas quanto a sua origem. Na
verdade, o Juiz de Fora era um magistrado, do tempo colonial, nomeado pela
Coroa Portuguesa, para atuar onde não havia Juiz de Direito. Alguns estudos
indicam que um Juiz de Fora esteve de passagem na região e hospedou-se por
algum tempo numa fazenda e que, mais tarde, próximo a ela, surgiria o povoado
de Santo Antônio do Paraibuna.
EXPANSÃO CAFEEIRA
A grande
expansão cafeeira não foi privilégio do Vale do Rio Paraíba, na Província do
Rio de Janeiro. Ela também se expande para regiões próximas, como a Zona da
Mata em Minas Gerais, em torno de cidades como Leopoldina, Cataguases, Rio
Preto e, principalmente, Santo Antônio do Paraibuna.
Nesta região, a
produção cafeeira atingiu também um vasto território, composto de várias
fazendas. Nelas trabalhava um grande número de escravos, uma média de 100 por
fazenda. A produção de café utilizava poucas técnicas e, quando os solos se
desgastavam, novas matas eram derrubadas e a produção se expandia.
A cafeicultura
que floresceu ao redor do Santo Antônio do Paraibuna transformou a Vila no
principal núcleo urbano da região. Nela, a produção das fazendas se concentrava
para ser transportada e comercializada na Corte, na cidade do Rio de Janeiro.
Além de se constituir em local onde se encontravam os variados gêneros de
subsistência, possuía, também, funções sociais e culturais, como ponto de
encontro das famílias para lazer e diversão.
ESTRADA UNIÃO E INDÚSTRIA
Neste período,
ainda na década de 1850, iniciou-se a construção da Estrada União e Indústria,
por iniciativa de Mariano Procópio Ferreira Lage. Esta estrada foi construída
com objetivos de encurtar a viagem entre a Corte e a Província de Minas, destinando-se
ao transporte do café. Neste momento, Juiz de Fora recebeu a primeira leva de
imigrantes alemães.
A produção de
café na Zona da Mata cresceu muito e Minas Gerais se tornou uma grande
província cafeeira. Em 1875, a cidade de Juiz de Fora era a mais próspera entre
outras localidades, possuindo a maior quantidade de escravos, sendo seguida por
Leopoldina, Mar de Espanha e São Paulo do Muriaé.
Este período de
prosperidade não demorou muito a declinar e, já na segunda década do século XX,
a cultura do café estava desgastada na Província. Só que esta crise não afeta
muito o dinamismo da cidade de Juiz de Fora, que contava já com outras
atividades, como a indústria.
ESCRAVIDÃO
Em Minas
Gerais, a maior utilização dos escravos foi durante o período minerador. O
trabalho exigia uma grande quantidade de mão-de-obra, pois, para um senhor
receber uma pequena porção de terra para extração aurífera, deveria comprovar
ter, no mínimo, 12 escravos. O martírio dos escravos durou até o final deste
período, quando a extração concentrava-se nas galerias subterrâneas,
controlados pelas companhias inglesas.
A escravidão na
Zona da Mata mineira só se instalou definitivamente através da expansão
cafeeira. Em 1855, na Vila de Santo Antônio do Paraibuna, havia um total de 4
mil escravos para 2.400 homens livres e, em 1872, havia 18.775 escravos para
11.604 livres.
IMPRENSA
A imprensa de
Juiz de Fora era muito ativa. O primeiro impresso, com o nome "O
Imparcial", data de 1870. O mais importante do período, "O
Pharol", foi publicado entre 1872 e 1939. Este acompanhou diversos
momentos históricos e sempre contribuiu para a formação da opinião pública,
retratando a atividade cultural da cidade. O dinamismo da imprensa juiz-forana
era tão intenso que, no século XIX, contou com 55 jornais.
BREVE HISTÓRICO DA CULTURA EM JUIZ DE FORA
Mais europeia
que colonial Juiz de Fora, cidade do século XIX, em estreita vinculação com o
dinamismo do Rio de Janeiro, não participou da cultura colonial mineira. Seu
desenvolvimento industrial, pautado pela modernização capitalista, trouxe para
a cidade, além de apitos das fábricas e da luz elétrica, o desejo de
civilizar-se nos moldes dos centros europeus. Seus teatros, cinemas e intensa
atividade literária refletiam a vontade de criar uma nova imagem para a cidade,
fugindo à tradição escravista.
Os estudos até
agora realizados sobre a vida cultural de Juiz de Fora revelam a existência de
várias fases ao longo dos dois últimos séculos. Inicialmente, percebe-se uma
cidade mais aberta. A distância dos centros barrocos, somada à prosperidade
econômica, atraiu interesses mais variados. Aqui residiam católicos,
protestantes, espíritas, maçons, liberais, republicanos, monarquistas... Embora
houvesse conflitos entre eles, a cidade se mostrava receptiva ao debate de ideias.
DOS ANOS 60 EM DIANTE
No final dos
anos 60, mais modificações: o crescimento populacional, urbanização
descontrolada, economia baseada na prestação de serviços, o acirramento das
questões sociais e o intenso debate político, característico da época. A criação
da Universidade Federal de Juiz de Fora, no governo do Presidente Juscelino
Kubitscheck de Oliveira, trouxe à cidade uma contribuição fundamental: empregou
e atraiu milhares de estudantes, incentivando um maior consumo de bens e de
serviços.
O antigo
conservadorismo católico, que desde meados da década de 20, dominava a cidade,
se desfez. Maior circulação de ideias, possibilitando, inclusive, a resistência
cultural por parte do movimento estudantil na década de 70. Nesse momento
vários grupos de teatro surgiram, música e poemas multiplicaram-se nos
mimeógrafos. O Cineclube e a Galeria de Arte Celina permitiram aos jovens o
conhecimento de uma arte que falava mais diretamente da liberdade e do
"caos" da vida urbana.
Com o aumento
da população, a especulação imobiliária, que sempre esteve presente no
crescimento da cidade, motivou uma arquitetura "descuidada". Em nome
do baixo custo de produção, edificaram-se verdadeiros "caixotes". Os
prédios de importância histórica foram em grande parte destruídos em nome de um
progresso questionável, uma vez que a maioria da população dele não participa.
Nos últimos
anos, observamos uma preocupação maior com o patrimônio histórico da cidade.
Vários prédios importantes foram tombados graças ao envolvimento afetivo da
população em defesa do seu passado. Esse cuidado com a nossa memória não está
restrito às obras arquitetônicas. Estão também presente na preservação de
outros vestígios do passado, como os documentos escritos, as fotografias,
objetos...
FELIZ A CIDADE CUJO DEUS É O SENHOR:
Bem-aventurada
é a cidade cujo Deus é o Senhor, e o povo ao qual escolheu para sua herança. O
Senhor olha desde os céus e está vendo a todos os filhos dos homens desta
cidade. Do lugar da sua habitação contempla todos os moradores da cidade
guardando e abençoando, bem aventurada é a cidade de Juiz de Fora edificada e
protegida pelo Deus vivo em nome de Jesus Cristo. - Salmos 33:12-14...
Deus te abençoe!!! Maurílio Souza...
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