10 LONGOS ANOS INTERNADO NO HOLOCAUSTO BRASILEIRO
Podemos
dizer que quando nasci foi como um alento na família Souza, pois meu pai
recém-saído do hospital de Barbacena onde viveu por muitos anos (10 ANOS, TRÊS
MIL E SEISCENTOS DIAS) em um lugar chamado como a; Sucursal
do inferno, depósito de lixo humano, porão da loucura. As expressões
são usadas para tentar definir o Hospício de Barbacena, conhecido como Colônia,
e dão a dimensão da barbárie cometida no maior sanatório do Brasil, do início
do século XX até os anos 80. As crueldades relatadas no livro Holocausto
Brasileiro (Geração Editorial, 39,90 reais), porém, vão além...
Lembro
quando criança cresci mediante ao grande silencio da família que procurava
esconder e não comentar as barbaridades vividas pelo meu pai José Oswaldo de
Souza. Conhecido como O MAJOR um homem
tranquilo amoroso e com momentos de mudanças de comportamento, entre a calmaria
de espirito com uma sanidade cruel. Meu pai tinha um que hoje eu defino como
excesso de proteção aos filhos onde ele entrava no quarto com meus irmãos e não
deixava ninguém entrar com um extinto de proteção quase a beira de uma
loucura...
Minha
irmã Zélia contava algumas lembranças do dia que buscaram meu pai que como um
criminoso foi amarrado como se fosse um animal e levaram (arrastado) para o hospital conhecido por suas barbaridades!!!
Vivendo
por longos 10 anos as torturas aos experimentos de
drogas que eram testadas nos pacientes, você me pergunta como em um
índice de mortes tão grande seu pai saiu de lá vivo e apto para novamente viver
na sociedade? Como apesar das terríveis lembranças não reveladas, ocultas no
silencio de um olhar triste e meigo? Um pai amoroso, trabalhador que me cercou
de carinho como sobreviveu do chamado holocausto
brasileiro? Eu te respondo um milagre que me trouxe a existência
onde Deus em sua infinita bondade me deu como presente o melhor pai do mundo...
Relato
de alguns fatos do hospital de loucos da cidade de Barbacena: A obra da jornalista mineira Daniela Arbex, que
acaba de chegar às livrarias, conta assombrosas histórias de pessoas que
morreram ali - foram cerca de 60.000 (sessenta mil mortes) ao longo de oito décadas, segundo o governo estadual, com
base nos registros do hospital - ou que sobreviveram em condições desumanas. Inaugurado em 1903, o
Colônia
foi o primeiro hospício
de Minas Gerais, instalado no município
a 169 quilômetros
da capital, na Serra da Mantiqueira...
Seu
funcionamento, no entanto, se assemelhava mais ao de
um campo de concentração. Na década de 30, o hospital abrigava 25
vezes mais internos que sua capacidade permitia. Para driblar a superlotação, a
direção substituiu camas por capim, que
ocupava menos espaço. Por falta de roupas, muitas
pessoas circulavam nuas. A comida era escassa e da pior qualidade.
Os filhos das internas eram entregues, sem autorização, para adoção por outras
famílias. Durante a década de 70, os corpos dos
mortos eram vendidos às faculdades de medicina do estado...
“Deus te abençoe e te livre das barbaridades
humanas”
OBS: Meu pai viveu entre a sanidade em meio
às barbaridades
e holocausto e tristezas no porão dos loucos por cerca de; 3650 dias longe da família,
jogado e abandonado pela sociedade sofrendo as barbáries e insanidades humanas.
Muitas vezes lançados ao exilio e tristezas pelos próprios parentes em busca de
roubo de bens de seus familiares...
HOLOCAUSTO BRASILEIRO: (Em memoria de meu pai) CAPITULO OS
DESERDADOS SOCIAIS:
Depois de muitos pedidos quero repassar mais
uma triste historia da colônia de Barbacena também chamado de holocausto
Brasileiro, lugar onde meu pai sobreviveu 10 longos anos, saindo do pavilhão chamado
porão do inferno em 1954, em 1955 um ano depois eu nasci sendo criado
e educado pelo melhor pai do mundo José Oswaldo de Souza “o Major”...
O TREM DE DOIDO:
A estação Bias Fortes era a última parada dos
deserdados
sociais. Vinha no denominado “trem de doido”.
Assemelhavam-se aos judeus levados, na Segunda Guerra Mundial, para os campos
de concentração. Ao entrarem no “trem de louco”, os passageiros
tinham a humanidade confiscada. Homens e mulheres levados ao holocausto da
vida sem guerra, sem crime e sem ajuda de ninguém que pudesse ouvir seus gritos
de socorro!!!
PRIMEIRO CONSTRANGIMENTO:
Ao desembarcarem no manicômio eram separados
por sexo e desprovidos de suas roupas. Esse era o primeiro constrangimento.
Depois passavam por um banho coletivo e recebiam o uniforme. Depois, eram
separados por pavilhões de acordo com as suas características e capacidade de
trabalho.
REBATIZAMENTOS:
Sem documentos, eram rebatizados pelos
funcionários. O tratamento não era especializado e havia poucos psiquiatras
trabalhando. Postos de trabalho eram trocados por votos dados aos coronéis de
Barbacena. O hospital era um grande curral eleitoral.
HISTORIA DE GERALDA:
Umas das mais tristes historia deste capitulo
trágico de uma era de trevas no Brasil, em um lugar onde os Hitlerianos; “discípulos de Hitler”
faziam suas vitimas. Maurílio Oswaldo...
Geralda Siqueira Santiago Pereira, sessenta e
dois anos. Aos quinze anos, ela deu à luz a João dentro do hospital Colônia de
Barbacena. Interná-la foi à alternativa encontrada pelo patrão que a estuprara e não queria
assumir o filho.
Depois do estupro, logo a gravidez foi
descoberta e familiares do patrão começaram a articular uma saída. A mais fácil
foi mandar a gestante para longe, para um local onde não pudesse mais sair. Foi
levada ao holocausto por duas freiras amigas da família. Na
entrada do seu pavilhão já deparou com mulheres nuas pisando descalças no chão
coberto de fezes. Este era o seu novo “lar”.
No primeiro dia, mesmo grávida,
tomou um eletrochoque para “amansar”. João Bosco nasceu em 21 de outubro de 1966.
Dois anos depois, Geralda recebeu alta, mas não pôde levar a criança.
NESTA ESTAÇÃO MEU PAI A MAIS DE 70 ANOS ATRÁS
DESEMBARCOU NO CHAMADO TREM DE DOIDO. PARA O LUGAR CHAMADO HOJE PELO NOME DE HOLOCAUSTO
BRASILEIRO COM MAIS DE SESSENTA MIL MORTOS ESQUECIDOS POR TODOS INCLUSIVE
ALGUNS QUE FORAM EXCLUÍDOS NA MEMÓRIA DE SEUS PARENTES...
ALGUNS RELATOS: ESCULTORA FRANCESA CAMILLE
CLAUDEL!!!
Em 1913, a escultora francesa Camille
Claudel, 49 anos, foi internada em um manicômio por sua família após uma crise
na qual quebrou suas obras. Camille foi diagnosticada com paranoia, apresentava
delírios nos quais sentia-se perseguida, achava que seu ex-amante, o escultor
Auguste Rodin, roubaria suas esculturas e tinha pensamentos suicidas.
A escultora passou por dois manicômios nos
últimos 30 anos de sua vida e somente “libertou-se” do cárcere aos 78 anos,
quando, ainda interna, morreu de fome, em 1943, como aconteceu com muitos
pacientes por causa da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Assim como a
escultora francesa Camile Claudel: 60.000 morreram no Brasil no lugar chamado
holocausto brasileiro, morreram inclusive alguns de fome...
RELATO CABO ANTONIO:
Antônio Gomes da Silva, atualmente com
sessenta e oito anos, um dos sobreviventes do hospital. - Ele conta: Recordava-se
sempre do início das sessões, quando era segurado pelas mãos e pelos pés para
que fosse amarrado ao leito. Os gritos de medo eram calados pela borracha
colocada à força entre os lábios, única maneira de garantir que não tivesse a
língua cortada durante as descargas elétricas.
O que acontecia após o choque o Cabo não
sabia. Perdia a consciência, quando o castigo lhe era aplicado. O colega
Antônio da Silva, o Toninho, lembra bem o que acontecia depois que o aparelho
era ligado. Ele via os companheiros estrebucharem quase como se os olhos
saltassem da face. DE QUEM É A CULPA OU QUEM VAI PAGAR POR ESTE
HORROR!!!
As mortes aconteciam por fome, frio, doenças
e até por eletrochoques. A alimentação era precária. O aspecto da comida era
tão repugnante que o psiquiatra e psicanalista Francisco Paes Barreto ao
conhecer o hospital em 1965, quando faria uma pesquisa, perguntou ao
cozinheiro: “Ué!!! Vocês criam porcos aqui? Não. Isso aqui é a comida dos
pacientes”. Por causa da fome os pacientes comiam ratos e
bebiam água do esgoto, que ficava aberto no pátio do hospital, e
urina. As crianças internas bebiam leite até vomitarem, no dia que este era
servido.
A Colônia também lucrava com a venda de
cadáveres para os cursos de Medicina. Entre 1969 e 1980 foram vendidos 1.823
corpos, sem autorização dos familiares das vítimas...
MEU PAI SOBREVIVEU AO HOLOCAUSTO BRASILEIRO:
10 longos anos internado no holocausto
brasileiro!!!
O RESGATE DE UMA HISTORIA: QUEM VAI PAGAR POR
ISTO, PELO SOFRIMENTO DE MEU PAI, MINHA MÃE E MEUS IRMÃOS? TREM DE DOIDO: Parte
do livro de minha vida que conta a historia de meu pai José Oswaldo de Souza, o Major que viveu por longos dez anos em um
lugar chamado a sucursal do inferno ou porão da loucura, que
transformou uma síndrome simples em um tormento sem fim.
Momentos da minha historia que transformou
meu pai um pacato trabalhador que gostava de criar animais em um louco
encarcerado e sendo tratado de maneira sordia e covarde, com
experimentos de remédios que trouxe a morte a muitos e torturas com
choques elétricos a um homem que o único crime era ser
trabalhador e honesto e pai de família exemplar...
Um ano antes de meu nascimento todo aquele
sofrimento estava para acabar, uma injeção proposta por um dos médicos
caríssima onde minha mãe uma humilde mulher que vivia e criava os filhos com as
roupas que eram lavavas e passadas, que deu a luz a doze filhos e criou uma
sobrinha, minha querida irmã de criação Gení que eu amava muito (falecida em
acidente de carro aos 23 anos) aonde dos doze filhos somente seis chegou a
sobreviver...
Dona Nivalda uma descendente indígena pobre que era na roça colhedora (derriçava
café a partir dos seis anos) de café. Humilhou-se pedindo a ajuda financeira a
familiares e amigos para pagar aquele experimento que poderia por certo trazer
o óbito ao meu querido e amoroso pai, que naquele momento recebeu alta
sobrevivendo ao experimento. Agora em casa a uma vida semi-normal entre lucidez
e devaneios, evidenciava uma grande tristeza que era amenizada, quando ele
pegava sua sanfona de oito-baixa...
ESTE LIVRO TORNA-SE UMA CARTA DENUNCIA DAS
BARBARIDADES: Atendendo há muitos pedidos de amigos e irmãos sobre o caso do
manicômio de Barbacena, onde parte de um livro com o titulo de “holocausto
brasileiro”, parte deste livro da autora Daniela Arbex...
Neste livro-reportagem fundamental, a
premiada jornalista Daniela Arbex resgata do esquecimento um dos capítulos mais
macabros da nossa história: A barbárie e a desumanidade praticadas,
durante a maior parte do século XX, no maior hospício do Brasil, conhecido por
Colônia, situado na cidade mineira de Barbacena. Vou falar sobre
o famigerado “trem de doido”...
TREM DE DOIDO: Sem qualquer critério para
internação, os deserdados sociais chegavam a Barbacena de trem, vindos de
vários cantos do país. Eles abarrotavam os vagões de carga de maneira idêntica aos judeus levados,
durante a Segunda Guerra, para os campos de concentração nazista de Auschwitz,
na Polônia.
Os considerados loucos desembarcavam nos
fundos do hospital, onde os guarda-freios desconectava o último vagão, que
ficou conhecido como “trem de doido” (nos anos 40 (1944) em um destes vagões estava meu pai José Oswaldo
de Souza conhecido com Major).
A expressão, incorporada ao vocabulário dos
mineiros, hoje define algo positivo, mas, na época, marcava o início
de uma viagem sem volta ao inferno. Wellerson Durães de Alkmim, 59 anos, membro
da Escola Brasileira de Psicanálise e da Associação Mundial de Psicanálise,
jamais esqueceu o primeiro dia em que pisou no hospital em 1975. Eu era
estudante do Hospital de Neuropsiquiatria Infantil, em Belo Horizonte, quando fui fazer
uma visita à Colônia ‘Zoológica’ de Barbacena.
Tinha 23 anos e foi um grande choque
encontrar, no meio daquelas pessoas, uma menina de 12 anos atendida no Hospital
de Neuropsiquiatria Infantil. Ela estava lá numa cela, e o que me separava dela não eram somente
grades. O frio daquele mês de maio cortava sua pele sem agasalho. A
metáfora que tenho sobre aquele dia é daqueles ônibus escolares que foram fazer
uma visita ao zoológico, só que não era tão divertido, e nem a gente era tão
criança assim. Fiquei muito impactado e, na volta, chorei diante do que vi.
Leia a matéria
completa em: Holocausto brasileiro: 50 anos sem punição (Hospital Colonia)
Barbacena-MG - Geledés
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QUEM VAI PAGAR PELA BARBÁRIE? A cidade de
Barbacena ignorou isso por muito tempo, ate tentou apagar esta historia triste
de sofrimentos, mortes e torturas, mas o certo é que se faturou muito dinheiro com a indústria da morte.
Hoje se criou o museu da loucura, mas vive
fechado para reforma, agora pergunto, reforma? Ou para encobrir uma historia de assassinatos por
encomendas? Pois se alguém quisesse ficar livre de uma
pessoa sem escrúpulo nenhum eram enviados no chamado trem de doido (que hoje
entre os mineiros, esta verdade triste de sofrimentos de famílias virou motivos de
piada de botequim, em escarnio sem causa) e esta pessoa de lá não mais saia, pois
aquela viagem era sem volta... MEU PAI FOI UM DOS ABENÇOADOS EM SAIR DAQUELE
TERRIVEL LUGAR COM VIDA!!!
Reformar o que? Não se reforma uma historia
de vida ceifada da sociedade, de quem é a culpa? Quem vai pagar por isto? Por Maurílio
Oswaldo...
Holocausto brasileiro: 60 mil morreram em
manicômio de Minas Gerais: Hospital Colônia de Barbacena. Crédito: Geração
Editorial/divulgação. Foram pelo menos 60 mil mortes no hospício, onde apenas
30% dos “pacientes” tinha diagnóstico de doença mental.
A maioria dos internos fazia parte de
minorias excluídas do convívio social, como epiléticos, mendigos, alcoólatras,
homossexuais, prostitutas, meninas grávidas violentadas ou que perderam a
virgindade antes do casamento. A instituição foi criada em 1903 com 200 leitos,
e alcançou a marca de cinco mil pacientes na década de 1960...
NOTA: O hospital foi construído na antiga fazenda
da caveira, que pertencia ao conhecido na historia
brasileira como o delator dos inconfidentes; Joaquim Silvério dos Reis; como vemos por isto que começou bem o campo
de concentração no Brasil. Em memoria de meu pai José Oswaldo de Souza o 'MAJOR'...
Muitas pessoas pensam que tudo isto são
fantasias e imaginações, vivem em seus jardins floridos que não imaginam e se esquecem
que nos jardins floridos da vida tem espinhos e estrumes, sujeiras e
sofrimentos, e animais peçonhentos transvestidos de jardineiros, por: Maurílio
Oswaldo de Souza; filho do homem que tinha o apelido de Major...
Aqui termino meu relato de uma mancha
histórica Brasileira, onde se falava do holocausto dos alemães e
ignorava fatos que geraram sofrimentos e tristezas de violência com feridas nas
almas que não se sarava. Ate hoje por varias vezes observava meu pai com os
olhos brilhando de terror na pequena frase “HOSPITAL”, meu pai era mais
um na terrível viagem sem volta do: TREM DE DOIDO!!!
MAS GRAÇAS Á DEUS ELE VOLTOU, A PARTIR DAI EU
NASCI E FUI CRIADO PELO MEU GRANDE HEROI. UM HOMEM QUE ME EDUCOU COM UM AMOR
IMENSURAVEL... MAURÍLIO OSWALDO...
A VELHA SANFONA DE OITO BAIXAS:
Esta vendo aquele homem? Com um olhar triste
fixado no horizonte com os lombos encurvados pelo cansaço da vida e lida, andar
lento com passos arrastados de quem já sofreu e trabalhou incessantemente pelo
pão de cada dia.
Uma voz embargada de taquara rachada,
embaçada e rouca que tanto me ensinou o caminho certo a seguir, tantas
historias contadas aos longos dos anos onde eu deitava em seu colo com um olhar
feliz e deslumbrado com suas estórias de reis e príncipes...
Agora ele pega a velha sanfona e tocava
divinamente naquele pequeno e surrado instrumento a velha de oito baixas que
expressava às tristezas e amarguras do velho Babaquara. Sua musica preferida
chamava-se saudade do matão e o som com harmonia e graça enchia todo o nosso
quarto.
Meu olhar de orgulho e admiração mirava
naquele rosto cheio de rugas que escrevia em seu rosto uma vida de lutas e
sofrimento, agora o velho sanfoneiro com seus olhos rasos d’água tocava as teclas
pequenas do instrumento para contar suas magoas e saudades... E O
SOM COM HARMONIA TRAZIA A LEMBRANÇA DE MINHA FALECIDA VÒ FLORIPES COM SUA
MUSICA PREFERIDA “SAUDADE DO MATÃO”...
Aquele homem valoroso de mãos calejadas pelo duro
trabalho da lida pegava em suas horas de folga os velhos guardas chuvas dos
vizinhos para consertar e reformar costurando seus panos (tecidos) com aquela calma que
lhe era peculiar, trocava as varetas, reformava os cabos, trocava os gatilhos e as
ponteiras (quando estouravam). De repente não mais que de repente ajeitava
o seu velho chapéu de couro dos tempos que candeava boi pelas estradas
empoeiradas da roça, meu pai saia para o velho carteado com os amigos...
Sentado ao entardecer ao lado do portão de
madeiras a sombra da grande trepadeira com seu sombreado,
rosto ansioso os olhos de criança voltados para a entrada da rua chamada do meio
da fazenda Tapera Alta, de repente surgia aquele homem cansado de
mais um dia de labuta carregando seus baldes cheirando a leite. O menino corria
com aquelas pernas pequenas ao encontro daqueles braços entre sorrisos de
alegria estendia minha pequenina mão e na mesma hora recebia uma pequena moeda
trocada por doces e balas. O velho homem estava de volta ao lar...
À noite aquele velho homem ligava seu radio
antigo que logo soava o seus sons de violas e cânticos sertanejos
embalando a harmonia da família. O velho lampião de querosene era aceso com o
peculiar isqueiro de pedra que soltava sua fumaça preta enchendo o cômodo de chão
batido com aquele cheiro de óleo.
O silencio enchia a casa começava a
radionovela que todos amavam e ao som sonoro do velho radio chiador contava
a estória do Jeronimo o herói do sertão com suas lutas contra o crime do
valente sertanejo e seu amigo o fiel Saci. Quando terminava o dia a luz do
velho lampião era soprada e a escuridão tomava conta do velho casebre de pau a pique... Esta
vendo aquele velho homem sanfoneiro com sua velha sanfona de oito baixas na
mão? Este homem era meu pai, por: Maurílio Oswaldo...
LETRA DA MUSICA SAUDADES DE MATÃO; TONICO E
TINOCO:
Neste mundo eu choro a dor, Por uma paixão
sem fim. Ninguém conhece a razão. Porque eu choro num mundo assim. Quando lá no
céu surgir.
Uma peregrina flor. Pois todos devem saber.
Que a sorte me tirou foi uma grande dor. Lá no céu, junto a Deus. Em silêncio a
minha alma descansa. E na terra, todos cantam.
Eu lamento minha desventura desta pobre
dor. Ninguém me diz; Que sofreu tanto assim”... Esta dor que me consome. Não
posso viver. Quero morrer. Vou partir pra bem longe daqui. Já que a sorte não
quis.
Me fazer feliz. Quando lá no céu surgir.
Uma peregrina flor. Pois todos devem saber. Que a sorte me tirou foi uma grande
dor...
Quando meu pai tocava e cantava esta musica
lembrava da perda de minha vó falecida...
PERDAS, PERDAS SOMENTES PERDAS:
Perdas, perdas, que dói a alma e machuca o
coração. Perdas, perdas que trazem lagrimas que nunca se perdem. Perdas, perdas
dor de sentimentos traídos e danos sofridos. Perdas, perdas rancores deixados
em espasmos de contratempos. Perdas, perdas rostos apagados revividos em fotos
sem vidas.
Perdas, perdas como restaurar como apagar da
memoria os que se foram. Perdas, perdas danos de almas entregues e prostradas.
Perdas, perdas momentos sem paz sem descanso em busca de consolo. Perdas,
perdas ao longo dos tempos deixados sem alento. Perdas, perdas que serão ganhos
ao soar da trombeta.
Perdas, perdas agora esquecida no reencontro
da vida. Perdas, perdas lagrimas enxugadas dor apagada. Perdas, perdas que são
ganhos eternos na presença do príncipe da paz. Perdas, perdas na alegria no
encontrar de novo. Perdas, perdas momentos eternos em um lugar sem perdas,
perdas...
SAUDADES DOS MEUS:
Saudades, palavra triste quando se perdeu os
que amavam que partiram sem se despedir deixando um enorme vazio no meu
coração... Saudades da velha palhoça em que me deitava no velho colchão de
palha ouvindo as conversas de minha amada e saudosa mãezinha.
Saudades da minha avó que andava encurvada
com suas pernas cansadas e frágeis com o olhar dos seus olhos do mais limpo e
puro azul. Saudades de nossa casa de pau a pique com luz de querosene... Palhoça
com seu velho rádio que fazia a trilha sonora do nosso casebre transformado em
lar. Entre Emilinhas e marlenes velhas cantoras de radio e canções sertanejas
do Tonico e Tinoco....
Hoje me sinto meio sozinho, procurando rostos
esquecidos pelo passar do tempo. Saudades palavra triste de quem perdeu os seus
amados e muitos dizem que o tempo cura. Cura não!!! Mas não vejo minha sanidade
quando se trata das lembranças que não conseguem ser apagadas da mente deste
velho matuto.
Que não se envergonha das lagrimas derramadas
por lembrar-se dos momentos de harmonia familiar e almoços de domingo com a
mesa colocada com macarronadas e carne cozida guardadas em uma lata no meio das
gorduras dos porcos matados no fundo do quintal sobre as folhas cortadas de
bananeiras....
A velha sanfona ainda se faz escutar na voz
de batráquios de meu pai, quanta saudade de seu rosto lindo cheio de rugas que
escreverem em seu rosto tempos de sofrimentos e privações do velho porão da
loucura em Barbacena.
Os olhos negros de minha mãe varrendo a casa
de chão batido com seu avental sujo de carvão e lenhas buscadas nos pastos da
antiga fazenda Tapera Alta e Chacrinha, trabalhos na lida do rústico fogão de
lenha com seu fogo que um dia deixaram marcas em minha pele. Dores não
esquecidas do tempo que engatinhava entre lenhas e mobílias rústicas e
velhas...
Saudades dos gritos de meus irmãos ao sábado
à tarde tomando banho na fria agua do poço no fundo de nosso grande quintal
rodeados pelos bichos da casa chamada de pau a pique com cobertura de sape e
sua velha chaminé de manilha crua soltando fumaças e saudades...
O velho sabão tirava as sujeiras das lidas no
banho de regador e bacia com agua aquecida no fogão de lenha ou não tempo de
necessidades, faltas e sofrimentos, mas se fosse para viver novamente com os
meus viveria só para estar com aqueles que hoje só me deixaram a saudade, única
lembranças e herança guardadas de suas vidas...
Saudades, palavra triste quando se perde os
que amavam que partiram sem se despedir deixando um enorme vazio no meu
coração. Saudades de perdas de momentos e dias que se apagam deixando
lembranças eternizadas pelas lagrimas que hoje regam meu chão.
Fazendo nascerem às sementes de uma esperança
que certamente surgiram brotos e arvores de frutos dos amores não esquecidos
que me abandonaram a beira da estrada cruel dos não esquecimentos e dores...
Um dia nos encontraremos novamente e Essa
saudade que hoje me faz chorar neste momento, certamente haverá um reencontro
onde nossas almas serão puras na felicidade eternizadas pelas misericórdias de
Deus.
EM MEMORIA DE MEU PAI: JOSÉ OSWALDO DE SOUZA...
DEUS TE ABENÇOE!!! MAURÍLIO OSWALDO DE SOUZA...
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