MENSAGEM DA CRUZ

MENSAGEM DA CRUZ
ESPAÇO LITERARIO SOBRE A MENSAGEM DA CRUZ :

terça-feira, 8 de novembro de 2022

POEMAS DA ROÇA E CRÔNICAS SERTANEJAS: LIVRO DE NUMERO 166!!! CENTÉSIMO SEXAGÉSIMO SEXTO LIVRO ON LINE GRATUITO POR MAURÍLIO OSWALDO ESCRITOR!!!


POEMA E HISTORIA DO BABAQUARA - EITA NOIS:

Nasci no meio da roça em uma casa de palhoça, vivendo no meio do mato caçando ninho de passarinhos... Abria as porteiras, pulando no ribeirão, hoje moro na cidade, mas meu coração ficou no sertão. Colhendo café, caminhando descalço no meio da leras de batata, plantando tomates e colhendo milho nos milharais...

Tomando banho de regador lembranças guardadas com muito amor. De manhã saia com o carro de boi que rinchava no estradão despertando os colonos para o trabalho no roçado que saiam com suas enxadas e pés descalços caminhando na terra vermelha da estrada do boqueirão.

No trilhado dos pássaros da sinfonia de canários, coleiros e pintassilgo na tranquilidade das matas e florestas com seus jacus e siriemas, onças e antas, jacarés e capivaras animais de berros e urros que fazem dos efeitos sonoros das matas com seus sons horripilantes e assustador... O verde das arvores em contrastes com as multicores de pássaros e borboletas criando uma tela de paisagens com o brilho e danças dos matizes.

O Sol nasce nas campinas soberano e com autoridade se impõe sobre a escuridão trazendo claridade, a noite romântica e cheia de estrelas com sua lua formosa e graciosa inspirando os poetas com suas letras e musicas...

O caboclo da roça chamado de vários nomes e significados construíram e alimentaram este país varonil dos verdes das matas do azul do céu, do amarelo do ouro, nos brancos das nuvens com suas formas e efeitos desenhando com amplidão o firmamento...

O Sertanejo Guaco, o Roceiro e Caipira, o Caburé e Araruama, O Arigó e Bugre, o Babaquara e Baicuara, o Biriba e Botocudo, o Bruaqueiro e caburé, não importa o nome do Caiçara ele sempre será o caboclo sertanejo um homem diferente de gostos diversos da broa de fubá com café de manhã, do frango com quiabo uma misturada de jiló com abobrinha carregada na pimenta da canjiquinha com costelinha. Das comidas sem frescuras do angu ao mugunzá...

Das festas do roceiro, dos forrós e vaquejadas, das festas juninas com suas quadrilhas e do fole dos sanfoneiros. Com suas cantorias nas batidas das latadas, da espingarda do soca-soca dos milhos da broca, das pipocas no caldeirão e do amor no coração.

Despede-se com sorriso faceiro com a vara de bambu para pescar tucunaré na bocada do ribeirão, com a minhoca de isca e o cipó timbupeva para colocar o pescado.

Eita so que dia bunito e florido no roçado com os peixes no caritó voltando para minha Biboca com minha cama e colchão de palha, mas antes vou emendar bigode numa prosa fuxiqueira ate fica meio troncho e dormir no meu terreiro...

COM MEUS PÉS DESCALÇOS:

Nasci em colchão de palha numa casa de pau a pique de chão batido com fogão de lenha ligado a uma chaminé de manilhas que sobressaia no telhado de sapé...

Tomava água de coité guardadas na moringa de barro de argila, águas tiradas do poço com tampas de madeira apodrecidas pela umidade em balde e carretilha, ali no poço era o habitat de uma trairá que fazia a limpeza da cisterna rota...

Nasci na fazenda “Tapera Alta”, próximo à chacrinha que tinha a porteira vermelha onde mais na frente à ponte também chamada vermelha...

Sou filho de uma colhedora de café com as mãos calejadas com um tropeiro que candeava bois pelos montes de Gerais que descansava em paradas nas estalagens, comendo feijão tropeiro com farinha nas estradas de chão e barro de Minas Gerais...

Aos domingos almoço na Grama na reunião familiar com todos da família presente em momentos do passado que hoje estão presentes na memória deste pobre matuto que com saudades dos que se perderam ou se foram sem se despedir deixando um vazio no coração preenchido pelas lembranças de rostos que não vejo mais...

Passeio na arvore da “Baba” próximo a coronel em um lugar chamado prainha, nomes escritos no tronco apagados pelo tempo, brincadeiras singelas com gritos de alegria em um sorriso de felicidade no aconchego dos meus daqueles que foram e hoje não são mais, apenas lembranças deixadas dos “domingos à tarde”...

Churrasco no “Parente” em uma mesa cheia ainda era criança em uma reunião inesquecível que sem dar conta não valorizávamos estes momentos familiar de plena harmonia....

Passeios no centro da cidade em ruas de pedras misturadas aos trilhos dos bondes em uma Cimca chambord sem cinto de segurança onde seus cinco lugares comportavam doze que como coração de mamãe abrigava todos misturados em assentos e colos...

Com meus pés descalços correndo pela rua do meio soltando papagaio e jogando pião que como minha vida rodava para distante do lugar onde nasci e vivi minha infância. Em meio à pobreza e fome na maior riqueza de sentimentos puro e verdadeiro no amor dos meus pais...

Nos pastos buscando lenhas colhendo pimentas silvestres, caçando ninhos de passarinhos... “Com meus pés descalços” correndo pelo tempo na estrada da minha vida, sentindo o carinho da terra onde nasci e morei e quero ser enterrado junto dos meus...

O CAIPIRA SONHADOR:

Um homem do campo acostumado com o arado, bom no carteado, que gosta da roça que por Deus foi presenteado, um matuto de rosto amarrado demonstrando estar meio chateado. Um homem de conversa arrastada de fala abreviada de andar com perna alongada, homem do campo que vive na sutileza no meio da mata que exibe sua beleza...

Um simples e humilde que não se define apenas estica um proseado na venda do Seu Joaquim no meio dos sacos de arroz e de feijão segue sua vida em meio ao bordão, se é pra viver do roçado tem que ter o rosto bronzeado que nem os homens do praiado. O matuto sonhador que não esconde sua dor na perda do seu amor que fugiu com o doutor...

Vive na solidão do amargo coração na palhoça de sapé, no colchão de palha de milho desfiado misturado ao capim com barba de bode e crina de animal, onde dorme o matuto abandonado cheio de esperança e fé. Casa simples de picumã de esteira de bambu e barro misturado com esterco para dar a ligação com roseira que serve de enfeite no portão onde esta a carroça amarrada com seu cavalo alazão...

De manhã no trilhar dos pássaros no barulho da bicharada sai o capiau babaquara para o dia no roçado, nas lidas da terra avermelhada que um dia guardara em seu seio o sertanejo guasca de olhos tristes e vida em desamor. Na desembocadura do boqueirão em frente à bocarra do covão na terra de Deus seu criador, despede aqui O CAIPIRA SONHADOR...

TERRA VERMELHA:

Sou filho com muita honra de um velho matuto, com seu chapéu surrado voz de taquara rachada um olhar triste de alguém que sabe o que é sofrer e passar lutas em uma vida de necessidades...

Lembro que pela manhã pegava meu velho embornal feito de pano de saco alvejado no anil com meus cadernos cheios de orelhas, meus lápis ainda cotoco apontados com o canivete e saia para estudar na escola.

No antigo casarão do Caputo Mourão, juntos ao material de escola levava a pequena marmita de meu pai, que trabalhava na antiga escola de laticínio Cândido Tostes lugar onde se aposentou depois de trabalhar por muito tempo...

Lá meu pai fazia seus queijinhos, que eram curados no grande freezer onde meu velho trabalhava com muita vontade e disposição, pois naquele serviço foi onde dos doze filhos; Criou e educou seis, pois chegaram a adultos apenas a metade. Tenho o costume de dizer que; dos doze restaram seis filhos...

Mas o meu maior e grande orgulho de meu pai era sua antiga profissão candeeiro de boi. Foi seu primeiro oficio trabalhados desde a tenra idade dos doze anos guiando a grande manada de garrotes pelas estradas empoeiradas dos grandes sertões de Minas Gerais. Ali o jovem menino mineirinho dos pés ligeiros; Candeava seus bois em cima de um cavalo com a velha e surrada sanfona de oito baixas.

Sanfona que fazia a alegria das pionadas nas paragens de noite de lua cheia. Comendo feijão tropeiro entre as modas de viola e os acordes da sanfona tocando e cantando saudade do matão sua musica predileta...

Um dia contava meu pai de muitas chuvas e inundações lá estava o jovem ainda novo candeeiro e seu primo cavalgando no meio das enxurradas. Naquele ano na estação das grandes chuvas ou estação chuvosa na chamada também de estação verde.

Chegando ao velho pontilhão onde estavam acostumados a passar a ponte coberta pelas águas caudalosas ao passar pela ponte não havia mais passagens, pois as madeiras e troncos foram levadas pelas águas do rio. Meu pai e seu primo com grande desespero e vontade de viver venceram este dia de luta saindo nadando.

Neste dia perderam o velho alazão cavalo cevado criado na fazenda de Boa Vista arraial próximo a Tabuleiro do Pomba como era chamada sua cidade...

Nas grandes chuvas, no frio de inverno e nas poeiras da terra vermelha nas estradas da vida levaram meu velho pelo mundo onde hoje meu matuto pai descansa com seu corpo misturado a terra vermelha transformada e junto as poeiradas, poeiras vermelhas do sertão que era sua vida de matuto e candeeiro com sua labuta rural...

OSVALDINHO O MENINO CANDEEIRO DO ROÇADO:

O sol surge no horizonte com seu brilho ainda tímido naquela invernada. O pequeno Osvaldinho acorda sonolento assopra o fogo do velho lampião cuja fumaça preta de querosene deixava marcas pretas em seu rosto juvenil de menino prosa e faceiro com seus doze anos...

Agora ele levanta para suas tarefas e a difícil labuta da família Souza, gente simples e humilde que vivia naquele rincão do pequeno arraial de Boa Vista...

O pequeno retireiro inicia seu duro serviço ajunta as vaquinhas amarra as pernas para não levar um coice da vaca malhada cujas tetas cheias são preparadas para a primeira ordenha do dia. Naquela fria manhã com seus ventos cortantes o menino Osvaldinho grita; Sossega malhada, pois preciso tirar seu leite....

As seis grandes leiteiras com seus vinte litros são colocada por aquele menino Osvaldinho. Catraio magrinho de braços fortes suspende os vasos de leite sobre as soleiras de madeira do carro de boi atrelado com o Mimoso. Do lado direito e o outro boi de chifre comprido com nome de vaca o Estrela do lado direito.

Naquela manhã do roçado sai o carro de boi cujas rodas grandes e pesadas com suas vassouras o pequeno arbusto que servia de um lubrificante cuja seiva no atrito liberava um óleo natural exprimido entre os eixos...

Na cálida e silenciosa manhã o barulho da carroça acorda os colonos e caipiras com seu barulho e rangido como se fosse um grito do pequeno menino caminha entre os roçados...

O candeeiro pequeno e frágil grita vamos mimoso, sossega estrela. Os pássaros começam sua alvorada com seus cantos trilhados começando o dia dos bandos em suas revoadas.

O caipira caminha pelas estradas empoeiradas de terra vermelha do sertão. Com seus pés descalços e cascorentos José Osvaldo de Souza nome dado pelo seu velho pai... O menino agora atinge seu alvo chega ao seu destino o armazém do Seu Maurílio: Que nome demais de bonito e diferente soo, pensa o pequeno bacuri...

A vida em sua roda continua sem barulho diferente daquele carro de boi do pequeno Osvaldinho leva o menino quarenta anos depois para uma casa de pau a bique e chão batido de um remoto lugar chamado Fazenda Tapera Alta.

Osvaldo homem feito diferente daquele pequeno caipira candeeiro das juntas de bois Mimoso e Estrela escuta o choro do seu decimo segundo filho. Um choro alto e trilhante que quebra o silencio daquela noite quase natalina.

O senhor Osvaldo pega a pequena criança em seus braços e agora viaja em suas lembranças do velho armazém e grita com satisfação seu nome será chamado Maurílio; que nome mais bonito soo.

Grita em um grito miúdo a velha parteira que sem estudo nenhum colocou no mundo muitas crianças. E ali naqueles braços paterno o menino deixa de chorar agora seguro naqueles braços de amor é colocado em seu berço improvisado de colchão de pano de saco alvejado e palha lugar de muitos grandes sonhos...

O guri cujo nome foi registrado uma semana depois se chamava Maurílio Oswaldo de Souza; Que nome mais bonito soo. Viveu sem ser famoso, mas com um coração orgulhoso do seu velho pai o menino candeeiro do roçado Osvaldinho...

A VELHA SANFONA DE OITO BAIXAS:

Esta vendo aquele homem? Com um olhar triste fixado no horizonte com os lombos encurvados pelo cansaço da vida e lida, andar lento com passos arrastados de quem já sofreu e trabalhou incessantemente pelo pão de cada dia.

Uma voz de taquara rachada, embaçada e rouca que tanto me ensinou o caminho certo a seguir, tantas historias contadas aos longos dos anos onde eu deitava em seu colo com um olhar feliz e deslumbrado com suas estórias de reis e príncipes...

Agora ele pega a velha sanfona e toca divinamente naquele pequeno e surrado instrumento a velha de oito baixas que expressa às tristezas e amarguras do velho Jeca. Sua musica preferida chamava-se saudade do matão e o som com harmonia e graça enchia todo o nosso quarto.

Meu olhar de orgulho e admiração mirava naquele rosto cheio de rugas que escrevia em seu rosto uma vida de lutas e sofrimento, agora o velho sanfoneiro com seus olhos rasos d’água tocava as teclas pequenas do instrumento para contar suas magoas e saudades...

Aquele homem valoroso de mãos calejadas pelo duro trabalho da lida pegava nas horas de folga os velhos guarda chuvas dos vizinhos para consertar e reformar costurando seus panos (tecidos) com aquela calma que lhe era peculiar, trocava as varetas, reformava os cabos, trocava os gatilhos e as ponteiras (quando estouram).

De repente não mais que de repente ajeitava o seu velho chapéu de couro dos tempos que candeava boi pelas estradas empoeiradas da roça, meu pai saia para o velho carteado com os amigos...

Sentado ao entardecer ao lado do portão de madeiras a sombra da grande trepadeira com seu sombreado. Rosto ansioso os olhos de criança voltados para a entrada da rua chamada do meio da fazenda Tapera Alta.

De repente surgia aquele homem cansado de mais um dia de labuta carregando seus baldes cheirando a leite. Corria com aquelas pernas pequenas ao encontro daqueles braços entre sorrisos de alegria estendia minha pequenina mão e na mesma hora recebia uma pequena moeda trocada por doces e balas. O velho homem estava de volta ao lar...

À noite aquele velho homem ligava seu radio antigo que logo soava o seus sons de violas e cânticos sertanejos embalando a harmonia da família o velho lampião de querosene era aceso com seu peculiar isqueiro de pedra e o lampião soltava sua fumaça preta enchendo o cômodo de chão batido com aquele cheiro de óleo.

O silencio enchia a casa começava a radionovela que todos amavam e ao som das ondas sonoras do velho radio contava a estória do Jeronimo o herói do sertão que contava as lutas contra o crime do valente sertanejo e seu amigo o fiel Saci. Quando terminava o dia a luz do velho lampião era soprada e a escuridão tomava conta do velho casebre de pau a pique...

Esta vendo aquele velho homem sanfoneiro com sua velha sanfona de oito baixas na mão? Este homem é meu pai...

LETRA DA MUSICA SAUDADES DE MATÃO: Tonico e Tinoco...

Neste mundo eu choro a dor, Por uma paixão sem fim. Ninguém conhece a razão. Porque eu choro num mundo assim. Quando lá no céu surgir, Uma peregrina flor. Pois todos devem saber, Que a sorte me tirou foi uma grande dor. Lá no céu, junto a Deus. Em silêncio a minha alma descansa.

E na terra, todos cantam, Eu lamento minha desventura desta pobre dor. Ninguém me diz, Que sofreu tanto assim. Esta dor que me consome. Não posso viver, Quero morrer. Vou partir pra bem longe daqui. Já que a sorte não quis, Me fazer feliz. Quando lá no céu surgir, Uma peregrina flor. Pois todos devem saber. Que a sorte me tirou foi uma grande dor...

Quando meu pai tocava e cantava esta musica lembrava-se da perda de minha vó falecida. E suas lagrimas caiam molhando A VELHA SANFONA DE OITO BAIXAS....

MEU CAFEZAL EM FLOR:

Lembro com saudade o lampião de querosene iluminando precariamente a sala de chão batido, momento de ligar o velho rádio chiador colocado estrategicamente na altura do ouvido de meu pai, isto tudo para ouvir melhor os cânticos da roça no programa baú da saudade... E eu sentado no velho banco de madeira maciça olhando para o meu velho pai com os olhos lacrimejados e como dizíamos na época; orvalhados.

Minha mãe descendente indígena por sua natureza, sentada me olhando com aqueles olhos negros, neste momento o caçulinha da família começa a ouvir as historias das colheitas no cafezal, minha mãe contava das feridas deixadas pelos nós e espinhos dos galhos em suas mãos calejadas pela dura vida no campo.

Um fio de lagrima escorre em seu rosto marcado pelas rugas do tempo e dos longos dias trabalhando de sol a sol, marcando no seu rosto uma historia de lutas e sofrimentos em meu aos colonos do arraial de Botafogo.

Um arraial que segundo a historia era um quilombo onde os escravos se refugiavam em busca de sua liberdade. Lágrimas que se perdem no chão de terra batida de nossa pequena sala.

Minha mãe contava suas historias em misto de dor e lembranças de tempos perdidos nos anos de sua precoce vida. A colheita de café em meio as grandes caminhadas nas orvalhadas das madrugadas com seus pés descalços. Passam os anos, mas ainda lembro dos momentos ao seu lado daquela que me deu a vida e que muitas vezes caminhou entre o cafezal em flor...

Neste momento toca no velho rádio com seu chiado peculiar a musica de Cascatinha e Inhana; MEU CAFEZAL EM FLOR. As lágrimas contida agora se tornam em um pranto silencioso das saudades, das lutas e dos sofrimentos de quem teve sua vida marcada pelo cafezais.

Enquanto eu viver, jamais esquecerei as feições de seu rosto e o doce som de sua voz dizendo agora é tarde vai dormir que amanhã tem que sair cedo para a escola. Deito no meu colchão de palha na esperança de um novo dia...

Levanto de manhã no canto do galo carijó, naquilo que seria para mim uma grande caminhada ate a velha escola, um casarão antigo com a pintura nas paredes descascadas. Saia sem uniforme e sem merenda, um lápis e um caderno orelhado no velho embornal feito de saco alvejado. Descalço com a velha calça de suspensórios, camisa branca encardida pelo uso continuo.

Na volta da escola lembro que no velho portão de madeira a figura de minha mãe e seu avental me esperando para o almoço daquele dia. Estas são as lembranças de minha mãe colhedora de café do CAFEZAL EM FLOR...

FLOR DO CAFEZAL: Cascatinha e Inhana!!!

Meu cafezal em flor, quanta flor meu cafezal. Meu cafezal em flor, quanta flor meu cafezal. Ai menina, meu amor, minha flor do cafezal. Ai menina, meu amor, branca flor do cafezal. Era florada, lindo véu de branca renda...

Se estendeu sobre a fazenda, igual a um manto nupcial. E de mãos dadas fomos juntos pela estrada, Toda branca e perfumada, pela flor do cafezal. Meu cafezal em flor, quanta flor do cafezal. Meu cafezal em flor, quanta flor meu cafezal...

Ai menina, meu amor, minha flor do cafezal. Ai menina, meu amor, branca flor do cafezal. Passa-se a noite vem o sol ardente bruto. Morre a flor e nasce o fruto no lugar de cada flor. Passa-se o tempo em que a vida é todo encanto. Morre o amor e nasce o pranto, fruto amargo de uma dor.

Meu cafezal em flor, quanta flor meu cafezal. Meu cafezal em flor, quanta flor meu cafezal...

LEMBRANÇAS DO MATUTINHO FELIZ: (CRÔNICA SAUDOSA DOS CARROS DE BOI)...

Quem viu, viu quem viu de forma nenhuma vista o carro de boi com suas formas rusticas da roça seguindo pelo estradão. O boi atrelado nos esteios maciços de madeira hostil. O carro de boi lá vai, com seus bois de carreira, também chamado boi de cabeçalho puxando com sua força o carro pesado com suas rodas gemendo pela estrada poeirenta do roçado.

Ladeira que vem ladeira que vai carreiro gritando gerando uma harmonia de som de gritos e gemidos do rodão de Cabreúva, a parte do centro é chamada meião e lateralmente se limita com as duas cambotas, originando as pernas arqueadas dos colonos abestados. O meião, perto das cambotas, tem sempre dois buracos, o bocão, ou oca, que é para o som criar força e ecoar.

Com seus cânticos singelos e saudosos com o carreiro empunhando o varão que com seus estalos apressa o boi velho e cansado que disputa suas forças com o novilho novo e metido em suas pernas de juventude animal.

O boi novo vai o boi velho segura o trote arrastado e nesta disputa de idades mantem a sequencia do carreirão. O chumaço que era feito de canelão mantem a harmonia das cantigas da roça sem distinção.

Sem muitas rimas do contado levo no meu coração as lembranças da minha mente do matuto cansado que não viu o tempo passar nas mudanças anos que apagam nas sutilezas dos matrizes.

Os carros que cantam sem cargas apenas um melodia ouvidas de boas lembranças pedem o óleo de copaíba que servem também para curar com seu teor medicinal cicatrizante por sua ação. O balsamo de copaíba que cessa o grito do carrão e apaga o grito de dor das feridas das cangas e mazelas.

Sou mineiro de nascença e roceiro de coração homem simples da cidade arrancado de sua sina lembrando-se do que não viveu apenas favas contadas perto das fogueiras da fazenda do Taperão.

Olhos lagrimejados da saudade do pai sanfoneiro por sua cultura no doce som dos acordeons que ouviu, ouviu que não ouviu não houve mais o acordes do meu velho progenitor e protetor.

Para terminar esta crônica cruel por sua saudade do capiau, no carro de boi existe a vara de ferrão, de carrapateiro, na frente leva ponteiro de ferro na ponta do ferrão que, antes de ponta dando origem o espeto das abelhas...

Com seu furo com duas argolas de ferro, que chacoalham e, assim, o boi já sabe que lá vem cutucão e desamua no efeito do amuar, ou arranca mais. Carreiro bom não espeta boi de tirar sangue. Só ponteia, nas lagrimas perdidas no poeirão despede o mineiro caladão.

 

Maurílio Oswaldo!!! 


 

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