MENSAGEM DA CRUZ

MENSAGEM DA CRUZ
ESPAÇO LITERARIO SOBRE A MENSAGEM DA CRUZ :

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

VIDA NA CIDADE CORAÇÃO NO MATO DE UM MATUTO SONHADOR: (CRÔNICA PR MAURÍLIO SOUZA)



Eu sou um caipira, um matuto nascido na cidade, sou um caboclo quieto que tem no coração as maravilhas do sertão. Eu jamais vou negar minha raiz, pois sou filho de uma colhedora de café nascida em botafogo arraial distante próximo a tabuleiro lugar de colonos e escravos fugidos, minha mãe tinha as mãos calejadas de olhos negros tristes na verdade muito triste mulher de cara amarrada seria e sisuda por natureza, trabalhadora que lavava roupa na tina com sabão esfregado naquelas mãos pequenas e firmes, estendendo a roupa no varal que dizia que era para guarár.

Meu pai um homem trabalhador que candeava bois pelos caminhos duros de minas gerais, homem bom quieto de pouca fala que gostava da sua velha e surrada sanfona que tocava as musicas sertanejas de raiz sempre com os olhos marejados pela saudade do matão e dos tempos no estradão. Meu pai tinha um chapéu e sua botina como companheiros que o acompanhava por aonde ele ia....
Tenho a pele morena talvez seja isso a natureza do meu nome queimada de sol e a essência entranhada de um matuto deslocado, com a cútis marcada pela vida escrevendo no rosto enrugado minha historia, tenho a cor da natureza pintada por Deus nosso criador. Não sou de gravata e nem de bravata apenas um simples, arrancado de seu habitat natural e colocado na frieza da cidade de gente soberba e nariz empinado que desprezavam o homem do mato de pés descalço e fala arrastada por sua beleza com som de taquara rachada em tom de batráquios do brejo....

Minha família vem das lutas matutinas dos voos de pardais, dos cantos dos canários nos trigais e milharais, dos coleiros papando seu capim cantando enrolado no tui tui, é isto que me faz feliz lembrar daquilo que não vivi apenas ouvindo historias de tempos remotos e distantes da roça do meu país. Não morávamos em uma casa e sim num rancho de taipa com seus buracos que eram moradas das garrinchas bicho esquisito de poucos pios em seus giros rodopiando como os piões soltos pelas cordas, se me perguntarem o que me fazia feliz diria que era o cheiro do mato, o despertar do canto do galo despertador natural sem corda e nem bateria basta colocar o milho e o bicho canta feliz, tenho saudade das aguas de cachoeira frias e perigosas seguindo caudalosas e perigosas escondendo em suas corredeiras locas sinistras...

La no mato tudo a noite é silencioso apenas o bater das arvores movidos pelos ventos de outono anunciando tempo de chuvas e temporais, neste momento surgem as estrelas no céu sendo mostrada pelo breu que se estende como um véu, os vagalumes começam a piscar coisa não avistada mais na luz forte da selva de pedra.

Vejo o lumiar da lua dos românticos inebriados pelo seu brilho feliz, sou um caboclo rude tirado do mato e hoje guiado pelas luzes do criador que aponta nas lâmpadas de meus pés que caminho devo seguir caminho para o grande rincão no paraíso eterno guardado para o matuto sonhador cheio de saudade do grotão e roçado do interior...

“Deus te abençoe” Pr Maurílio Souza...

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