A
CONTRIBUIÇÃO DA REFORMA:
Lutero disse, em relação ao seu ensinamento da presença física de
Cristo na mesa do Senhor, da comunicação de propriedades das duas naturezas de
Cristo, sem que cada uma deixe de ser o que é. Tal doutrina é questionável e
tem recebido distintas apresentações dentro dos luteranos. Segundo os outros
reformadores é possível falar de comunicação de propriedades unicamente no fato
de que depois da encarnação as propriedades de cada natureza podem ser
adstritas à mesma pessoa.
Os calvinistas, por sua vez, afirmaram de forma especial que o Logos não se despojou de qualquer
atributo divino durante o tempo de Seu ministério na terra, nem depois de
ascendido quando ainda retém a natureza humana. Esta ênfase tem sido chamada de
exagero calvinista. Inclusive durante o seu tempo na terra, o Senhor continuou
sustentando todas as coisas (Hebreus 1.3). Se esta ênfase é exagerada pode
resultar na divisão nestoriana da pessoa de Cristo.
Outra contribuição da reforma foi à ênfase na cristologia dos dois
estados: o estado de humilhação e o estado de exaltação de Cristo. A partir do Século XVIII se começou a falar
do Jesus histórico e do ‘Cristo teológico’. O primeiro é aquele apresentado
basicamente nos evangelhos e o segundo é criado pelos pensadores da igreja.
Esta ideia deu lugar às diferentes teorias kenóticas (as que têm a
ver com o esvaziamento de Cristo que se menciona em Filipenses 2.7), que chegam
a afirmar que no momento da encarnação, o Filho deixou de ser Deus e se
converteu totalmente em homem. O pano de fundo filosófico para tal reflexão é o
panteísmo e serve de base para as modernas cristologias liberais que reduzem
Jesus a um mero homem aprovado por Deus e falam do mito da encarnação. Mas isso
não passa de um retorno ao ebionismo dos primeiros tempos do cristianismo.
RESUMO DAS PRINCIPAIS HERESIAS CRISTOLÓGICAS:
Todas as principais heresias concernentes à pessoa de Cristo foram
manifestadas em forma embrionária durante o tempo da Igreja Primitiva e foram
tratadas nos Evangelhos e Epístolas dos escritores apostólicos. Não há
realmente novas heresias nos dias de hoje, mas apenas reavivamento ou
ressurgimento das antigas.
Devido a estas heresias, os Pais da Igreja realizaram diversos
Concílios para formular declarações doutrinárias e credos para defender a
Cristologia bíblica. A seguir, apresentamos simples definições das mais
proeminentes heresias concernentes à pessoa de Cristo, que já foram citadas
anteriormente nesta lição, e nas quais os diversos falsos cultos da cristandade
baseiam seus ensinamentos:
EBIONISMO: Os Ebionitas eram judeus crentes que surgiram no
segundo século. Eles negavam a divindade de Cristo. GNOSTICISMO: Os Gnósticos
apareceram na mesma época dos Ebionistas, embora eles tenham ido ao outro
extremo, ou seja, eles negaram a plena humanidade de Cristo.
ARIANISMO: Ário foi o presbítero de Alexandria, no Egito. Seus
ensinos se relacionavam mais à doutrina de Deus do que de Cristo. Contudo, não
se pode separar completamente uma da outra. Ário ensinava que Cristo era um ser
criado, o mais alto de todos, mas ainda um ser criado e não eterno. Ele negou a
coexistência e co-igualdade do Filho com o Pai e com o Espírito Santo. É à base
da Cristologia das Testemunhas de Jeová.
NESTORIANISMO: Nestor era bispo de Constantinopla e ensinava que
havia uma personalidade dualística em Cristo. Ele negou a união das duas
naturezas em Cristo, reduzindo-o a um mero homem que foi preenchido com Deus.
EUTIQUIANISMO: Em 451 d.C. surgiram os Eutiquianos, seguidores de
Éutiques ou Éutico (não confundir com aquele que caiu da janela). Ele negou a
união das duas naturezas em Cristo, fazendo assim uma terceira ou híbrida
natureza das outras duas.
AS DUAS NATUREZAS DE CRISTO:
Deles são os patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo
a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!!! - (Romanos
9.5).
INTRODUÇÃO: Como já vimos na lição sobre o desenvolvimento da
cristologia na história da Igreja, a pessoa de Cristo sempre foi alvo de muitas
polêmicas e doutrinas heréticas, especialmente no que diz respeito às Suas duas
naturezas e única personalidade. Nesta lição, nós iremos ver brevemente o que a
Bíblia ensina sobre a união hipostática de Suas duas naturezas. E nas duas
lições seguintes nós estudaremos separadamente as Suas naturezas divina e
humana.
A UNIÃO HIPOSTÁTICA DE SUAS DUAS NATUREZAS: O Senhor Jesus é uma
só pessoa com duas naturezas. Vejamos primeiro quais são as duas naturezas e
depois a Sua personalidade. Hipostática = A união em cristo do humano como o
divino, natural e sobrenatural, terreno e celestial (Deus-homem)...
AS SUAS DUAS NATUREZAS:
Ao estudar os evangelhos, esta verdade aparece com toda a clareza.
Algumas vezes vemos o Senhor cansado do caminho ou comendo ou dormindo como
qualquer homem; outras vezes, o vemos repreendendo os ventos e o mar ou
multiplicando os pães e os peixes ou curando aos enfermos como somente Deus
pode fazê-lo. Esse é o resultado da encarnação: Jesus Cristo, o Deus-homem.
A Sua natureza divina se funde com a natureza humana. Jesus Cristo
não somente tem um corpo humano, mas também uma natureza humana com todos os
seus elementos – Ele era um homem perfeito, o homem. Depois de Sua encarnação
Ele não deixou de ser Deus, mas continua sendo Deus e homem.
A BÍBLIA NOS DÁ VÁRIAS PROVAS DE SUA NATUREZA HUMANA: Ele tinha
uma parentela humana (Mateus 1.2-7). Nasceu de uma mulher (Mateus 1.18). Ele
cresceu e se fortaleceu como homem (Lucas 2.40). Ele comia, bebia etc. (Marcos
2.16). Ele chorou (João 11.35). Ele morreu (Lucas 23.46).
A SUA NATUREZA DIVINA TAMBÉM É COMPROVADA BIBLICAMENTE: Ele
recebeu nomes divinos: Deus (1 João 5.20); Senhor (Lucas 2.11; Atos 9.17); Pai
Eterno (Isaías 9.6); Reis dos reis (1 Timóteo 6.15); Senhor da Glória (1
Coríntios 2.8). Ele recebeu adoração: A Bíblia que ensina que só devemos adorar
a Deus. Se Cristo permitiu que as pessoas o adorassem, então, é porque Ele é
Deus (Mateus 14.33; Lucas 24.52).
A Bíblia diz que devemos honrar ao Filho como honramos ao Pai (João
5.23; Hebreus 1.6). Os apóstolos e cristãos primitivos aceitaram a deidade de
nosso Senhor Jesus Cristo (Atos 7.59; 1 Coríntios 1.2). Todo verdadeiro cristão
aceita esta sublime verdade. Cristo possui os atributos divinos: eternidade
(João 1.1), imutabilidade (Hebreus 13.8), onipotência (Mateus 28.18),
onisciência (Colossenses 2.3).
UMA SÓ PERSONALIDADE: Estas duas naturezas se fundem na pessoa de
Jesus Cristo produzindo ou manifestando uma só personalidade. A esta união
perfeita das duas naturezas se chama, na teologia, de: A UNIÃO HIPOSTÁTICA. De
maneira que Jesus Cristo não é um Deus e um homem, mas sim o Deus-Homem.
Quando Ele age, é como uma só pessoa e não como duas. Esta grande
verdade é apresentada por Paulo nas seguintes palavras: Deles são os
patriarcas, e também deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual é sobre
todos, Deus bendito para todo o sempre. Amém!!! - (Romanos 9.5).
GUARDE ESTE PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA CRISTOLOGIA:
Jesus Cristo tem
duas naturezas, porém, apenas uma personalidade. Em Cristo coincide a completa
natureza divina com a completa natureza humana. É chamada de natureza o
conjunto das qualidades que faz com que uma pessoa seja o que ela é. Natureza é
diferente de Pessoa em que pessoa é um sujeito responsável por suas próprias
ações.
Como nós já vimos em Jesus Cristo há uma só pessoa com duas
naturezas. Porém, a natureza humana de Cristo não é impessoal, mas sim que tem
sua subsistência na pessoa do Filho.
Não há duas pessoas em Jesus Cristo, mas sim uma só. Jesus nunca
falou de Si mesmo no plural. Não há evidência de múltipla personalidade Nele.
As duas naturezas são apresentadas como unidas numa só pessoa (Romanos 1.3-4;
Gálatas 4.4-5; Filipenses 2.6-11).
Em harmonia com isto, às vezes se faz referência a alguns
atributos que são próprios da deidade, porém, toda a pessoa é o sujeito (João
8.58); às vezes acontece o contrário (João 19.28); às vezes, Jesus é descrito
de acordo com a Sua natureza divina, porém, o que se diz Dele se refere à
natureza humana (Atos 3.15); às vezes acontece o contrário (João 6.62). Outras
vezes o Senhor é descrito de acordo com uma de Suas naturezas, porém, o que se
diz Dele corresponde às duas naturezas (João 5.25-27; Mateus 27.46). Deus te
abençoe!!!
SEPTUAGÉSIMO QUARTO CAPITULO DO SEMINÁRIO PARA PASTORES E LIDERES
DA COMUNIDADE CRISTÃ BELA AURORA E UBÁ!!!
Maurílio Souza...
Nenhum comentário:
Postar um comentário