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CRISTOLOGIA E OS CONCÍLIOS:
Antes de 313 d.C., o erro era combatia principalmente por meio de
escritos. Depois da chegada de Constantino ao poder, a Igreja unia suas forças
para combater o erro num Concílio. Por volta do ano de 318 d.C., Ário, um
presbítero de Antioquia, começou a ensinar que cristo era de uma essência
distinta da do Pai, e que houve uma época quando Ele não existia, que foi o
primeiro ser criado.
Seu erro foi respondido por Atanásio, de Alexandria, afirmando que
tanto o Pai quanto o Filho possuem a mesma essência e que o Filho é eterno. Sua
objeção principal foi que se Cristo não fosse Deus, Ele estaria incapacitado de
salvar. Um sínodo em Alexandria no ano 321 d.C. depôs a Ário. Porém, a
influência errônea já havia se estendido pelo oriente. O Imperador Constantino
convocou um concílio ecumênico em Nicéia, no noroeste da Ásia Menor.
Participaram dele mais de 300 bispos. Atanásio foi vindicado e se
redigiu um credo em 325 d.C. que diz que o Filho é da mesma essência do Pai, o
Unigênito do Pai, e verdadeiro Deus de verdadeiro Deus. O Concílio não pôs fim
ao conflito, ainda que com o correr dos anos o ponto de vista ortodoxo foi se
impondo.
Por fim, se impôs no ocidente, enquanto que no oriente subsistiram
três grupos: (1) os ortodoxos, (2) os arianos, que diziam que Cristo é de uma
essência diferente do Pai e (3) os semi-arianos, que diziam que Cristo é de uma
natureza semelhante ao Pai. Os arianos se estenderam e chegaram aos visigodos e
persas. Frequentemente os grupos heréticos são os mais ativos.
Como o propósito do concílio de Nicéia não era descrever a relação
entre o Filho e o Pai, mas sim explicar o que não era o ensinamento bíblico
sobre a Sua deidade (divindade), alguns teólogos chegaram depois a explicar
Cristo pondo em dúvida a Sua humanidade. A controvérsia cristológica teve um
substrato nas diferentes ênfases cristológicas que tinham como epicentros
Antioquia, por um lado, e Alexandria, por outro.
Em Antioquia se impôs o método de interpretação literal da Bíblia.
Como resultado da aplicação deste método de interpretação aos Evangelhos, a
Cristologia antioquiana resultou numa ênfase especial à humanidade de Cristo,
já que o Senhor é apresentado muito humanamente nos Evangelhos.
Por outro lado, em Alexandria apareceu uma ênfase maior na unidade
de Cristo devido à (1) tendências docentistas e (2) o uso de uma interpretação
alegórica da Bíblia.
Atanásio, bispo de Alexandria, havia ensinado que, para a
encarnação, o Logos tomou a carne humana. Ainda que não negasse que o Senhor
havia tido uma alma humana, não o disse claramente. O sucessor de Atanásio, Apolinário, disse que em Jesus Cristo o
Logos divino tomou a parte do espírito humano. Assim, Cristo é completamente
divino, porém, não completamente humano.
A este erro chamado de
apolinarianismo, responderam os três capadócios: Basílio, o Grande, Gregório de
Niza e Gregório Nacianceno, fazendo uma distinção entre os termos oisia
(essência) e hypostasis (pessoa, subsistência) que o credo de Nicéia não havia
feito. Várias reuniões sinodais condenaram a ideia da humanidade defectiva de
Cristo e, finalmente; O Imperador convocou o Concílio ecumênico de Constantinopla no ano
de 381 d.C., que afirmou a verdadeira e plana humanidade de Cristo.
OUTROS DESAFIOS:
Tendo a Igreja resolvido o assunto da deidade e da humanidade de
Cristo, teve que enfrentar novos problemas que surgiram conforme a reflexão foi
aprofundando-se: (1) De que maneira o Cristo preexistente se relaciona com o
Pai? E (2) Como se relacionam o divino e o humano em Jesus?
Os temas da deidade e da humanidade de Cristo foram discutidos no
que tem sido chamado de: A Controvérsia Trinitária. O tema das relações das
naturezas de Cristo foi discutido no que foi chamado de; A Controvérsia
Cristológica. Teodoro de Mopsuéstia, um teólogo relacionado com a Igreja de
Antioquia ensinou a perfeita divindade e a perfeita humanidade de Cristo.
Sem dúvida, não estava seguro acerca da relação entre elas.
Utilizou os termos natureza e pessoa como sinônimos e deu lugar a uma confusão
que foi desenvolvida por Nestório. Este monge antioquino, que chegou a ser
bispo de Constantinopla, respondeu a um sermão de Cirilo de Alexandria onde
chamou Maria de: A Mãe de Deus, num esforço de sublinhar a união das duas
naturezas de Cristo.
A resposta de Nestório foi que o Logos veio viver em Jesus (quase
adocionismo), no qual as duas naturezas estavam separadas. A natureza divina
não teve parte nos sofrimentos da natureza humana de Cristo.
Cirilo respondeu dizendo que os sofrimentos de um mero homem não
poderiam salvar. O conflito desembocou no terceiro Concílio de Éfeso no ano 431
d.C., onde os grupos se reuniram separados e se condenaram mutuamente. O
Imperador reconheceu o Concílio de Cirilo, e Nestório foi exilado e o
nestorianismo condenado. Concluiu-se que Maria foi a mãe do Deus-homem; que
quem morreu na cruz foi o Deus-homem. Tudo o que Cristo fazia, o fazia como a
unidade do Deus-homem.
Os nestorianos foram bons missionários. Foram os primeiros a
chegar à China. O descontentamento que seguiu ao Concílio de Éfeso resultou em
que Éutiques, abade de um monastério em Constantinopla, se opôs à cristologia
de Antioquia e ensinou que depois da encarnação Cristo só teve uma natureza,
uma espécie de fusão da natureza divina e humana. O bispo Leão de Roma se opôs
a esta teoria.
Finalmente, foi convocado um novo Concílio geral em Calcedônia no
ano 451 d.C., que condenou o eutiquianismo. A declaração oficial dizia em sua
cláusula central que, devemos confessar que nosso Senhor Jesus Cristo é um e o
mesmo Filho... Perfeito em Deidade... Perfeito em humanidade... De uma
substância (homoousios) com o Pai em Deidade... Homoousios conosco em
humanidade... Dado a conhecer em duas naturezas (physeis), sem confusão, sem
mudança, sem divisão, sem separação...
A propriedade de cada natureza sendo preservada e concorrendo em
uma pessoa (prosopon) e em uma subsistência (hypostasis). Cristo é verdadeiro
Deus e verdadeiro homem e Suas duas naturezas estão unidas numa só pessoa sem
confundir-se, sem mudar, e sem dividir-se ou separar-se.
Depois do Concílio de Calcedônia, Roma se tornou o centro da
ortodoxia. Os que retiveram a doutrina de Éutiques foram chamados de
monofisitas, porque sustentavam que Cristo tinha uma natureza composta. Os
monofisitas foram condenados no Concílio de Constantinopla do ano 553 d.C. Este
Concílio foi seguido por outro conflito com relação à vontade das naturezas em
Cristo. Esta foi chamada de: A Controvérsia Monotelista.
Alguns criam que Cristo só teve uma vontade, a do Logos. Seus
oponentes diziam que uma natureza humana completa requer uma vontade humana.
Esta controvérsia tem um significado especial no assunto da tentação de Cristo.
Os monotelistas diziam que se houvesse tido vontade humana, o
Senhor teria sucumbido à tentação. Então, convocou-se o terceiro Concílio de
Constantinopla no ano 681 d.C. A decisão ratificou o Credo de Calcedônia, com a
adição de que Cristo tinha duas vontades, a humana e a divina, sendo a vontade
humana sujeita à divina, de maneira que as duas trabalham em perfeita harmonia.
Os séculos que se seguiram a estas grandes controvérsias
cristológicas não ficaram de todo desprovidos do debate sobre a pessoa do
Senhor Jesus cristo. Sem dúvida, o Credo de Calcedônia continua sendo o ponto
de referência para a ortodoxia bíblica. No século sexto, surgiu a discussão
acerca da realidade da consciência própria (eu) da parte humana de Cristo.
Por um lado, se dizia que tal consciência própria humana não
existia. Que era o Logos que ocupava seu lugar. Este ponto de vista se
aproximava do apolinarianismo e negava a perfeição da humanidade do Senhor.
Por outro lado, diziam que a natureza humana de Cristo tinha uma
completa consciência de si mesma independente do Logos. Desta maneira, a
realidade da encarnação era ameaçada e se caía no perigo de ensinar a
existência de duas pessoas em Cristo.
Leôncio de Bizâncio propôs que a consciência de si mesmo da
natureza humana de Cristo não tinha existência própria, mas sim que existia
somente na união com o Logos e que está presente e é real somente no eu divino.
A natureza humana de Cristo tem subsistência pessoal na pessoa do Filho de
Deus.
Posteriormente, existiram alguns desvios mais ou menos importantes
da doutrina ortodoxa na comunicação de atributos das duas naturezas na doutrina
de João de Damasco, no adocionismo de Félix de Urgel, e nas tendências
docéticas de Pedro Lombardo, todas as quais foram condenadas pela igreja.
Tomás de Aquino acrescentou que, com a encarnação, a pessoa do
Logos se tornou um composto e a natureza humana foi impedida de chegar a ter
uma personalidade própria, porém, que recebeu na união com o Logos, uma graça
especial que a converte em objeto de adoração e a sustém em sua relação com
Deus.
SEPTUAGÉSIMO TERCEIRO CAPITULO DO SEMINÁRIO PARA PASTORES E
LIDERES DA COMUNIDADE CRISTÃ BELA AURORA E UBÁ!!!
Maurílio Souza...
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