MENSAGEM DA CRUZ

MENSAGEM DA CRUZ
ESPAÇO LITERARIO SOBRE A MENSAGEM DA CRUZ :

terça-feira, 10 de setembro de 2019

SEPTUAGÉSIMA TERCEIRA LIÇÃO DO SEMINÁRIO E ENSINAMENTOS PARA OS SERVOS DE DEUS!!! CRISTOLOGIA A DOUTRINA DE CRISTO: POR MAURÍLIO SOUZA ESCRITOR E HISTORIADOR BÍBLICO...


A CRISTOLOGIA E OS CONCÍLIOS:

Antes de 313 d.C., o erro era combatia principalmente por meio de escritos. Depois da chegada de Constantino ao poder, a Igreja unia suas forças para combater o erro num Concílio. Por volta do ano de 318 d.C., Ário, um presbítero de Antioquia, começou a ensinar que cristo era de uma essência distinta da do Pai, e que houve uma época quando Ele não existia, que foi o primeiro ser criado.

Seu erro foi respondido por Atanásio, de Alexandria, afirmando que tanto o Pai quanto o Filho possuem a mesma essência e que o Filho é eterno. Sua objeção principal foi que se Cristo não fosse Deus, Ele estaria incapacitado de salvar. Um sínodo em Alexandria no ano 321 d.C. depôs a Ário. Porém, a influência errônea já havia se estendido pelo oriente. O Imperador Constantino convocou um concílio ecumênico em Nicéia, no noroeste da Ásia Menor.

Participaram dele mais de 300 bispos. Atanásio foi vindicado e se redigiu um credo em 325 d.C. que diz que o Filho é da mesma essência do Pai, o Unigênito do Pai, e verdadeiro Deus de verdadeiro Deus. O Concílio não pôs fim ao conflito, ainda que com o correr dos anos o ponto de vista ortodoxo foi se impondo.

Por fim, se impôs no ocidente, enquanto que no oriente subsistiram três grupos: (1) os ortodoxos, (2) os arianos, que diziam que Cristo é de uma essência diferente do Pai e (3) os semi-arianos, que diziam que Cristo é de uma natureza semelhante ao Pai. Os arianos se estenderam e chegaram aos visigodos e persas. Frequentemente os grupos heréticos são os mais ativos.

Como o propósito do concílio de Nicéia não era descrever a relação entre o Filho e o Pai, mas sim explicar o que não era o ensinamento bíblico sobre a Sua deidade (divindade), alguns teólogos chegaram depois a explicar Cristo pondo em dúvida a Sua humanidade. A controvérsia cristológica teve um substrato nas diferentes ênfases cristológicas que tinham como epicentros Antioquia, por um lado, e Alexandria, por outro.

Em Antioquia se impôs o método de interpretação literal da Bíblia. Como resultado da aplicação deste método de interpretação aos Evangelhos, a Cristologia antioquiana resultou numa ênfase especial à humanidade de Cristo, já que o Senhor é apresentado muito humanamente nos Evangelhos.
Por outro lado, em Alexandria apareceu uma ênfase maior na unidade de Cristo devido à (1) tendências docentistas e (2) o uso de uma interpretação alegórica da Bíblia. 

Atanásio, bispo de Alexandria, havia ensinado que, para a encarnação, o Logos tomou a carne humana. Ainda que não negasse que o Senhor havia tido uma alma humana, não o disse claramente. O sucessor de Atanásio, Apolinário, disse que em Jesus Cristo o Logos divino tomou a parte do espírito humano. Assim, Cristo é completamente divino, porém, não completamente humano. 

A este erro chamado de apolinarianismo, responderam os três capadócios: Basílio, o Grande, Gregório de Niza e Gregório Nacianceno, fazendo uma distinção entre os termos oisia (essência) e hypostasis (pessoa, subsistência) que o credo de Nicéia não havia feito. Várias reuniões sinodais condenaram a ideia da humanidade defectiva de Cristo e, finalmente; O Imperador convocou o Concílio ecumênico de Constantinopla no ano de 381 d.C., que afirmou a verdadeira e plana humanidade de Cristo.

OUTROS DESAFIOS:

Tendo a Igreja resolvido o assunto da deidade e da humanidade de Cristo, teve que enfrentar novos problemas que surgiram conforme a reflexão foi aprofundando-se: (1) De que maneira o Cristo preexistente se relaciona com o Pai? E (2) Como se relacionam o divino e o humano em Jesus?

Os temas da deidade e da humanidade de Cristo foram discutidos no que tem sido chamado de: A Controvérsia Trinitária. O tema das relações das naturezas de Cristo foi discutido no que foi chamado de; A Controvérsia Cristológica. Teodoro de Mopsuéstia, um teólogo relacionado com a Igreja de Antioquia ensinou a perfeita divindade e a perfeita humanidade de Cristo.

Sem dúvida, não estava seguro acerca da relação entre elas. Utilizou os termos natureza e pessoa como sinônimos e deu lugar a uma confusão que foi desenvolvida por Nestório. Este monge antioquino, que chegou a ser bispo de Constantinopla, respondeu a um sermão de Cirilo de Alexandria onde chamou Maria de: A Mãe de Deus, num esforço de sublinhar a união das duas naturezas de Cristo.

A resposta de Nestório foi que o Logos veio viver em Jesus (quase adocionismo), no qual as duas naturezas estavam separadas. A natureza divina não teve parte nos sofrimentos da natureza humana de Cristo.

Cirilo respondeu dizendo que os sofrimentos de um mero homem não poderiam salvar. O conflito desembocou no terceiro Concílio de Éfeso no ano 431 d.C., onde os grupos se reuniram separados e se condenaram mutuamente. O Imperador reconheceu o Concílio de Cirilo, e Nestório foi exilado e o nestorianismo condenado. Concluiu-se que Maria foi a mãe do Deus-homem; que quem morreu na cruz foi o Deus-homem. Tudo o que Cristo fazia, o fazia como a unidade do Deus-homem.

Os nestorianos foram bons missionários. Foram os primeiros a chegar à China. O descontentamento que seguiu ao Concílio de Éfeso resultou em que Éutiques, abade de um monastério em Constantinopla, se opôs à cristologia de Antioquia e ensinou que depois da encarnação Cristo só teve uma natureza, uma espécie de fusão da natureza divina e humana. O bispo Leão de Roma se opôs a esta teoria.

Finalmente, foi convocado um novo Concílio geral em Calcedônia no ano 451 d.C., que condenou o eutiquianismo. A declaração oficial dizia em sua cláusula central que, devemos confessar que nosso Senhor Jesus Cristo é um e o mesmo Filho... Perfeito em Deidade... Perfeito em humanidade... De uma substância (homoousios) com o Pai em Deidade... Homoousios conosco em humanidade... Dado a conhecer em duas naturezas (physeis), sem confusão, sem mudança, sem divisão, sem separação...

A propriedade de cada natureza sendo preservada e concorrendo em uma pessoa (prosopon) e em uma subsistência (hypostasis). Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem e Suas duas naturezas estão unidas numa só pessoa sem confundir-se, sem mudar, e sem dividir-se ou separar-se.

Depois do Concílio de Calcedônia, Roma se tornou o centro da ortodoxia. Os que retiveram a doutrina de Éutiques foram chamados de monofisitas, porque sustentavam que Cristo tinha uma natureza composta. Os monofisitas foram condenados no Concílio de Constantinopla do ano 553 d.C. Este Concílio foi seguido por outro conflito com relação à vontade das naturezas em Cristo. Esta foi chamada de: A Controvérsia Monotelista.

Alguns criam que Cristo só teve uma vontade, a do Logos. Seus oponentes diziam que uma natureza humana completa requer uma vontade humana. Esta controvérsia tem um significado especial no assunto da tentação de Cristo.

Os monotelistas diziam que se houvesse tido vontade humana, o Senhor teria sucumbido à tentação. Então, convocou-se o terceiro Concílio de Constantinopla no ano 681 d.C. A decisão ratificou o Credo de Calcedônia, com a adição de que Cristo tinha duas vontades, a humana e a divina, sendo a vontade humana sujeita à divina, de maneira que as duas trabalham em perfeita harmonia.

Os séculos que se seguiram a estas grandes controvérsias cristológicas não ficaram de todo desprovidos do debate sobre a pessoa do Senhor Jesus cristo. Sem dúvida, o Credo de Calcedônia continua sendo o ponto de referência para a ortodoxia bíblica. No século sexto, surgiu a discussão acerca da realidade da consciência própria (eu) da parte humana de Cristo.

Por um lado, se dizia que tal consciência própria humana não existia. Que era o Logos que ocupava seu lugar. Este ponto de vista se aproximava do apolinarianismo e negava a perfeição da humanidade do Senhor.

Por outro lado, diziam que a natureza humana de Cristo tinha uma completa consciência de si mesma independente do Logos. Desta maneira, a realidade da encarnação era ameaçada e se caía no perigo de ensinar a existência de duas pessoas em Cristo.

Leôncio de Bizâncio propôs que a consciência de si mesmo da natureza humana de Cristo não tinha existência própria, mas sim que existia somente na união com o Logos e que está presente e é real somente no eu divino. A natureza humana de Cristo tem subsistência pessoal na pessoa do Filho de Deus.

Posteriormente, existiram alguns desvios mais ou menos importantes da doutrina ortodoxa na comunicação de atributos das duas naturezas na doutrina de João de Damasco, no adocionismo de Félix de Urgel, e nas tendências docéticas de Pedro Lombardo, todas as quais foram condenadas pela igreja.

Tomás de Aquino acrescentou que, com a encarnação, a pessoa do Logos se tornou um composto e a natureza humana foi impedida de chegar a ter uma personalidade própria, porém, que recebeu na união com o Logos, uma graça especial que a converte em objeto de adoração e a sustém em sua relação com Deus.

SEPTUAGÉSIMO TERCEIRO CAPITULO DO SEMINÁRIO PARA PASTORES E LIDERES DA COMUNIDADE CRISTÃ BELA AURORA E UBÁ!!!


Maurílio Souza...



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